Patrimônio da antiga ferrovia Sorocabana será restaurado
Projeto do TIC Eixo Oeste prevê restauração de três estações da Estrada de Ferro Sorocabana; uma delas foi tombada em 2016 e outra, demolida

Ícone da era ferroviária, a Estrada de Ferro Sorocabana deixou de transportar passageiros em 1999. Desde então, as estações e pátios da antiga ferrovia foram desativadas, abandonadas ou até demolidas. Passados 26 anos, o projeto do Trem Intercidades Eixo Oeste, que vai ligar Sorocaba até a capital, promete restaurar esse patrimônio e dar sobrevida a alguns dos antigos edifícios — por enquanto, somente alguns.
O TIC Eixo Oeste, que está em fase de consulta pública, com leilão previsto para o último trimestre de 2025, prevê a reforma de duas estações tombadas, as de Sorocaba e de São Roque. Em Brigadeiro Tobias, porém, a reconstrução será do zero. A antiga estação ferroviária do século XIX não sobreviveu aos 26 anos de espera, demolida por uma família que a ocupava em 2019.
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Estações da Sorocabana em estado de abandono
“As estações estão no típico o estado de uma infraestrutura deixada de lado por anos e anos a fio”, resume o diretor de assuntos corporativos da Companhia Paulista de Parcerias, Augusto Almudin. “Queremos dar um novo uso ferroviário para essas estações, porque a nossa premissa é que as estações serão tanto mais preservadas, quanto mais utilizadas para o seu intuito original elas forem”, diz.
Assim, segundo Almudin, a reforma e restauração das estações tombadas passarão pela aprovação dos respectivos órgãos de preservação do patrimônio responsáveis. “A Sorocabana é um patrimônio histórico do povo paulista. São Paulo se desenvolveu às margens da ferrovia e a Sorocabana é um desses grandes exemplos”, ressaltou.
Estão previstos investimentos de R$ 223 milhões para as estações do TIC. Serão:
- R$ 49 milhões para reconstrução da Estação Sorocaba, tombada como patrimônio histórico do Estado desde 2016;
- R$ 37 milhões para Brigadeiro Tobias;
R$ 37 milhões para São Roque; - R$ 31 milhões para Amador Bueno;
- R$ 31 milhões para Carapicuíba;
- R$ 3 milhões para Água Branca, cuja obra principal está a cargo da concessionária do TIC Campinas;
- R$ 34 milhões para reconstrução da Estação Antônio João, da Linha 8-Esmeralda.
Reformas vão manter identidade histórica dos edifícios
Segundo a Secretaria de Parcerias em Investimentos, as reformas vão garantir a preservação de identidade histórica dos edifícios. Em São Roque, nesse sentido, há uma atração de 600 mil visitantes por ano pelo Roteiro do Vinho e a nova estação terá seu aspecto turístico destacado.
Mas estações como a de Alumínio e Mairinque, primeiro edifício de concreto armado do País, de 1897, desenhado pelo arquiteto Victor Dubugras, não terão obras previstas até o momento. Elas estiveram presentes nos estudos iniciais, mas a previsão de demanda foi muito baixa para o empreendimento. A criação das duas ainda é possível, como investimentos contingentes previstos em contrato, se houver demanda excessiva.
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Qual é o estado de conservação das estações?
Segundo o laudo técnico, todo o trecho entre Amador Bueno e Sorocaba, que esteve em concessão para a Rumo Logística desde 1999, está em condições precárias. O trecho ferroviário que conecta Mairinque a Sorocaba encontra-se hoje em estado de abandono, diz o relatório, nesse sentido. Além disso, no trecho de Amador Bueno a Mairinque sequer houve inspeção, por não apresentar, segundo o relatório “condições mínimas de segurança para o tráfego com auto de linha ou inspeção a pé (ronda)”. Entre os motivos, a vegetação densa que tomou conta dos trilhos.
A Estação São João Novo, de 1921, está sem uso. Mesmo assim, os estudos afirmam que a estação se encontra preservada como parte do patrimônio cultural da cidade de São Roque. Não há informações atualizadas no relatório sobre a Estação São Roque, de 1875.
A de Mairinque, primeiro edifício de concreto armado do País de 1897, desenhado por Victor Dubugras, continua em uso para transporte de cargas pela Rumo Logística, diz. Assim como a Estação Alumínio, de 1934.
A Estação de Sorocaba é a mais bem conservada, nesse sentido. Um dos prédios do complexo tombado, que abrigava os engenheiros da ferrovia, sedia o Museu Ferroviário de Sorocaba desde 1997. Mesmo assim, o edifício da velha estação está abandonado, com telhas quebradas e tomado pela vegetação.
Em Brigadeiro Tobias, estação de 1899 não sobreviveu
Escolhida como uma das paradas do TIC, a Estação Brigadeiro Tobias será reconstruída sobre os escombros da antiga estação de 1899, fundada com nome Passa-Três, e, posteriormente, rebatizada com o nome do dono da fazenda onde foi construída. Isso porque uma família que lá vivia desde a desativação da linha demoliu o edifício histórico em 2019. Segundo reportagem do Estadão, os ocupantes saquearam tijolos, madeiras, batentes, portas e janelas, além de ferragens que restavam no prédio.
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