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Eduardo Kobra: a visão do artista sobre as grandes cidades e a mobilidade

Por: Daniela Saragiotto . 23/03/2024
Mobilidade para quê?

Eduardo Kobra: a visão do artista sobre as grandes cidades e a mobilidade

“Enquanto as pessoas passam duas, três ou até mais horas no trânsito, a arte traz um momento de contemplação e alívio. Ela transforma a cidade em um lugar mais humano”, diz Kobra, em entrevista exclusiva ao Mobilidade Estadão

3 minutos, 38 segundos de leitura

23/03/2024

Por: Daniela Saragiotto

Artista urbano Eduardo Kobra é palestrante no Smart City Expo Curitiba 2024
"A arte também pode incentivar as pessoas a escolherem outras formas de transporte", diz Kobra. Foto: Divulgação

Seus murais são encontrados em grandes cidades do mundo todo e são verdadeiros oásis nas áridas paisagens de prédios e veículos motorizados. Com uma trajetória inspiradora, autodidata, o artista urbano Eduardo Kobra, que foi palestrante no Smart City Expo Curitiba 2024, evento de cidades inteligentes realizado na capital paranaense entre 21 e 22 de março, falou com o Mobilidade sobre a relação entre arte urbana e mobilidade.

“A arte de rua tem um benefício enorme não só para os artistas, mas também para as cidades em geral. A arte traz harmonia, beleza, sensibilidade e, muitas vezes, mensagens de pacificação, fazendo das ruas um espaço democrático, com um alívio das tensões do dia a dia”, afirma Kobra.

Para quem é fã do artista, com 37 anos de carreira, vale visitar seu ateliê, que é aberto ao público, no FAMA Museu. O espaço é totalmente gratuito e está disponível para visitação de quarta a domingo, das 11h às 17h. Confira na entrevista a seguir.

Na sua opinião, como arte urbana impacta a mobilidade das cidades?

Eduardo Kobra: Acredito que a arte não é um elemento só. Não dá para falar de uma única ação, são várias iniciativas que estão interconectadas, como a mobilidade, que fazem das cidades um local mais inteligente.

Quando trazemos a arte para a cidade e usamos as ruas como galeria, com todo tipo de intervenção e instalações, temos um diálogo muito forte no sentido de incentivar as pessoas a escolherem outras formas de transporte. Por exemplo, como a bicicleta ou até mesmo transeuntes caminharem por locais para apreciação de painéis e obras de arte.

Quanto mais arte nas ruas, mais temos essa transformação e o sentimento de pertencimento. Ou seja, as pessoas querem estar presentes, desejam participar e percebem a cidade de uma forma diferente. Elas também começam a entender a importância que cada um tem e o significado de que a cidade não é de apenas uma pessoa ou somente uma ideia, mas que todos compartilham do mesmo espaço.

A arte de rua tem esse papel, porque vivemos em lugares com muita poluição, trânsito caótico e violência. Então, traz um alívio, sendo um dos alicerces para melhorar a estrutura da cidade.

Seus murais têm como função apenas entreter enquanto as pessoas estão paradas no trânsito?

Kobra: A arte de rua não é diferente da arte em galerias e museus. Cada artista tem uma filosofia, uma ideia, um conceito e um porquê faz o que faz. Alguns interagem com a cidade apenas por uma questão estética; outros, por uma questão de desenho, perspectiva, luz e sombra.

Artistas como eu gostam de pensar as cidades e os murais como uma oportunidade não só relacionada à pintura, que se transforma em algo secundário. O mais importante é o significado, a mensagem e o motivo daquela obra ser realizada.

Por meio dos meus murais, trago mensagens de paz, tolerância, união dos povos, respeito, coexistência e questões de solidariedade. Enquanto as pessoas passam duas, três ou até mais horas no trânsito, a arte traz um momento de contemplação e alívio. Ela transforma a cidade em um lugar mais humano e, por meio das mensagens, trazemos uma certa conscientização também.

O que é uma cidade inteligente?

Kobra: Eu nasci e vivi por 45 anos na cidade de São Paulo, então sou uma pessoa que está acostumada com as dificuldades que os grandes centros oferecem em relação ao bem-estar. Acredito que uma cidade inteligente proporciona bem-estar ao cidadão, conciliando arborização, sustentabilidade e acessibilidade.

Também considero que a tecnologia e a comunicação podem ser usadas para essas finalidades. Melhorar o espaço como um todo é uma responsabilidade governamental, mas também individual, uma missão de cada cidadão.

Manter as cidades limpas e organizadas não é só uma questão de estética. Quanto mais organizamos a cidade, temos um local mais agradável para que possamos pensar em tudo, inclusive em novas formas de organização. Essa é uma maneira de preparar as cidades para as próximas gerações. É uma responsabilidade de todos nós.

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