São Caetano é a única cidade da região metropolitana de São Paulo a adotar a tarifa zero. Para o prefeito, Tite Campanella (PL), os números são “expressivos e revelam que a decisão da Prefeitura em instituir a Tarifa zero foi acertada”, afirma.

Adesão à Tarifa zero SP

Luciana Moreira, 42 anos, moradora de São Caetano do Sul e coordenadora financeira em um escritório de advocacia, demorou um pouco até descobrir a novidade. Mas desde o ano passado ela trocou a viagem de Uber até a estação mais próxima da sua casa pelo ônibus com tarifa zero. Agora, ela economiza R$ 20 por dia que vai ao trabalho no bairro do Itaim Bibi, na zona Oeste da capital paulista.

A única reclamação é a superlotação. “Os ônibus estão um pouco mais lotados. De manhã, às vezes até fica gente para fora. Sentar é muito raro, mesmo à noite”, relata Luciana. Ela vê essa situação em todas as linhas, e chega a se questionar se não seria melhor restringir o benefício da tarifa zero somente a quem tem domicílio em São Caetano.

Apesar disso, Luciana percebe que o intervalo entre os ônibus diminuiu muito. A linha que usa, Barcelona, vai até a estação São Caetano. “Passa toda hora. Às vezes quando um ônibus está saindo, o outro já encostou. Você pode esperar o próximo se estiver muito lotado”, comenta. De acordo com ela, a tarifa zero foi boa para a cidade.

Custo para os cofres públicos

A operação custou, desde o início (18 meses) R$ 55,7 milhões para os cofres de São Caetano. Marcelo Pante, urbanista e diretor da Secretaria de Mobilidade Urbana, explica que o gasto anual é de R$ 42 milhões, mais do que previsto no início do projeto.

O valor representa 1,7% do orçamento total da Prefeitura, pois todos os recursos são provenientes do município. “É um valor relativamente baixo na nossa realidade, mas estamos estudando formas alternativas de financiamento para implementar melhorias”. Entre elas, novos veículos, eletrificação, entre outros exemplos.

O diretor chama atenção para um número, o custo de operação por passageiro, também chamado de tarifa operacional. Antes, ela custava R$ 9,16, sendo que R$ 5 eram cobrados do passageiro e o restante era subsidiado pela Prefeitura.

Agora esse custo passou para menos de R$ 2. Isso é o que Pante chama de “milagre da tarifa zero”. A explicação é o aumento da demanda. “Eu sou obrigado a manter o sistema funcionando independente de ter passageiro ou não. Tem uma frequência mínima. E esse custo já está pago”.

Assim, são nesses horários entre os picos de uso do transporte que o número de passageiros aumentou de forma mais expressiva, segundo Pante. Antes, o passageiro que queria se locomover dentro da cidade deixava de usar o ônibus. Mas agora é o contrário.

Eram 42 veículos em circulação. Agora são 57, um aumento de 35%. O número de viagens que cada ônibus faz também cresceu. O uso mais intensivo dos ônibus é um ponto que pesa positivamente nos custos operacionais, e estimulou a renovação da frota. Assim, foram 16 ônibus renovados desde o início da tarifa zero.

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