Evento debate opções de fontes renováveis para eletromobilidade

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The Smarter E South America discute alternativas de fontes renováveis para a eletromobilidade

Por: Mário Sérgio Venditti . Há 3h

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Mobilidade para quê?

The Smarter E South America discute alternativas de fontes renováveis para a eletromobilidade

Energia solar, hidrogênio verde e armazenamento são opções para garantir o fornecimento do “combustível” para veículos eletrificados

4 minutos, 17 segundos de leitura

02/10/2025

Smarter hidrogenio verde
Desenvolvimento do hidrogênio verde, um combustível limpo, ainda é muito caro, embora o Brasil não possa abrir mão dessa alternativa. Foto: Adobe Stock

Tão natural quanto alguém ligar o interruptor para acender a luz de casa é o dono de carro elétrico conectar o veículo a um ponto de recarga para abastecer a bateria sem pensar qual é a origem da energia — se ela vem de usina hidrelétrica, parque eólico ou instalação fotovoltaica.

O importante é que não falte o “combustível”. O tema da geração de energia movimenta os segmentos envolvidos na descarbonização brasileira e foi amplamente debatido no evento do setor energético The Smarter E South America, realizado em agosto na cidade de São Paulo.

Rodrigo Sauaia, CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), destacou que o Brasil está diante de uma série de oportunidades viáveis. “O Proálcool, iniciado em meados dos anos 1970, foi um programa pioneiro em sustentabilidade e mostrou a capacidade do País na produção de etanol. Mas, passados 50 anos, não podemos ficar ancorados em uma só tecnologia”, defende.

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Na opinião de Sauaia, não faz sentido o Brasil, dono de uma das maiores fontes renováveis do mundo, destinar tantos incentivos aos combustíveis fósseis. Segundo o Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos, R$ 81,7 bilhões foram direcionados a fontes fósseis em 2023, contra R$ 18 bilhões para as renováveis.

Ele garante que a iluminação solar se apresenta como alternativa importante na eletromobilidade. “Desde 2012, foram investidos R$ 270 bilhões em energia fotovoltaica no Brasil e 88 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) deixaram de ser emitidas. Hoje, a capacidade instalada é de 66,7 giga-watt (GW)”.

Há, ainda, imensas possibilidades em armazenamento de energia elétrica e hidrogênio verde. “O Brasil deve avançar em políticas públicas, projetos e incentivos – com boas práticas legais e regulatórias – para aproveitar melhor o potencial da energia nos desenvolvimentos social, econômico e ambiental”, adverte.

Desequilíbrio inexplicável

Para Markus Vlasits, presidente da Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae), o Brasil vive um dilema: “De um lado, temos geração de energia renovável de sobra, que não é aproveitada. Do outro, há falta de energia no período noturno. O armazenamento seria a solução para absorver o excedente de dia e distribui-lo à noite”, acredita.

A própria Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) endossa o descompasso apontado por Vlasits. Para o órgão, o desequilíbrio no sistema é inexplicável, na medida em que o País possui 200 GW de usinas disponíveis e um consumo de 77 a 80 GW.

Vlasits revela que o mercado brasileiro de armazenamento tem condições de movimentar R$ 77 bilhões até 2034, com a instalação de 80 GWh em sistemas de baterias. “Seria uma forma de apoiar e complementar os sistemas energéticos para fazer frente a tantas demandas, como a de frotas de veículos elétricos”.

O executivo da Absae revela que a técnica de armazenamento de energia está consolidada globalmente. “No ano passado, o mundo adicionou quase 179 GW em sistemas de energia. Infelizmente, o Brasil está atrasado por causa de mecanismos legais e regulatórios, que precisam reconhecer a atividade como um dos agentes do setor elétrico nacional”, afirma.

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Hidrogênio verde no centro dos debates

O hidrogênio verde (H2V) também esteve no centro das discussões do The Smarter E South America. É consenso que o desenvolvimento desse combustível limpo ainda é muito caro, embora o Brasil não possa abrir mão dessa alternativa.

“No começo, tudo é difícil e dispendioso”, diz Eduardo Azevedo, da empresa energética Solatio. “Antes de o pré-sal começar a produzir, foram encontrados oito poços. Da mesma forma o etanol, que era mera aposta nos anos 1980 até vingar e alcançar a escala atual.”

A formação do hidrogênio verde contribui para a descarbonização da cadeia automotiva. O produto é alcançado a partir de uma molécula de água, composta por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Pelo processo chamado eletrólise, a molécula é dividida e o hidrogênio se separa do oxigênio, sem emissão de gases. A eletricidade necessária para a eletrólise vem de fontes renováveis, como solar e eólica.

Fernanda Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Hidrogênio Verde, reconhece que o mercado de maturação é longo. Por essa razão, prevê que o hidrogênio verde levará cerca de cinco anos para chegar plenamente à indústria automotiva brasileira.

Atualmente, existem alguns carros movidos a hidrogênio, como o Hyundai Nexo e o Toyota Mirai. A BMW anunciou o lançamento de um modelo com essa tecnologia em 2028. “No Brasil, devemos esperar um pouco mais. Hoje, a prioridade é utilizar o hidrogênio verde na produção de fertilizantes nitrogenados e no combustível de navegação”, completa.

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