A cidade de São Paulo tem uma meta de descarbonização ambiciosa e, de acordo com a Prefeitura, está mantida para 2024: substituir de 20% da frota de ônibus (equivalente a 2.600 unidades) por modelos movidos a energia limpa.
Dessa forma, até o momento, o processo de descarbonização da cidade contabiliza 285 veículos elétricos em circulação, sendo 201 trólebus e 84 movidos a bateria, nos modelos Básico e Padron.
Nesse sentido, para avançar no processo de eletrificação, o órgão propôs um novo modelo de remuneração aos operadores.
Sendo assim, a possibilidade dessa entrega é baixa, considerando-se os vários desafios — entre eles o alto valor do investimento a ser realizado.
“A aquisição de um ônibus elétrico pode ser duas ou três vezes mais custosa do que a de um veículo a diesel”, explica Carolina Guimarães, coordenadora adjunta do Núcleo Mobilidade Urbana do Laboratório Arq. Futuro de Cidades do Insper.
Dessa forma, a Prefeitura buscou financiamento em bancos de fomento nacionais e internacionais a um custo financeiro mais barato para viabilizar a operação e a transição energética.
“Nesse novo modelo de subvenção, a operadora continua à frente da negociação com as fornecedoras, tanto de chassis como de carroceiras e transfere para a Prefeitura a responsabilidade de suportar a diferença entre o preço de um carro a diesel e um elétrico”, observa Carolina.
No entanto, de acordo com a especialista, entre os principais entraves estão a complexidade natural do processo de liberação de recursos em instituições multilaterais.
Além disso, outros empecilhos são a própria capacidade da indústria nacional em atender a demanda por novos ônibus e a dificuldade em adaptar a rede de fornecimento de energia elétrica à nova demanda de consumo das garagens.
Sobre o último item, a SPTrans informa que “segue trabalhando junto a todos os envolvidos para a conclusão da implantação da infraestrutura necessária para a eletrificação da frota, entre eles a Enel”.
A aquisição de um ônibus elétrico pode ser duas ou três vezes mais custosa do que a de um veículo a diesel
Carolina Guimarães, coordenadora adjunta do Núcleo Mobilidade Urbana do Laboratório Arq. Futuro de Cidades do Insper
Além disso, acelerar o processo de descarbonização engloba fortalecer a qualidade e a acessibilidade do serviço, trazendo mais passageiros para o ônibus.
No entanto, esse é outro fator que envolve ampla adesão da sociedade civil e da política na agenda da mobilidade elétrica com foco no transporte público, com mais benefícios para a sociedade.
“Melhoria da qualidade do ar e redução de ruído, por exemplo, precisam entrar como benefícios e menos custos com problemas respiratórios”, explica Carolina. “São ganhos ainda não contabilizados no modelo econômico-financeiro.”
Adicionalmente, a coordenadora do Insper explica que é preciso oferecer energia mais barata para o recarregamento desses veículos, além de estruturar e incentivar a cadeia de produção.
“Equilibrar o barateamento do ônibus com garantia de geração de empregos e tecnologia no Brasil, treinamento de motoristas, mecânicos e outros profissionais das garagens para se obter o máximo da capacidade das baterias, além da adaptação às características próprias da operação e manutenção dos ônibus elétricos”, acrescenta.
Nesse sentido, em 2021, a SPTrans elaborou, com participação do Corpo de Bombeiros, fabricantes de ônibus e as operadoras concessionárias, um manual de treinamento operacional para atendimento básico em situações emergenciais para a operação dos ônibus elétricos na cidade.
De acordo com a companhia, todos os motoristas que operam ônibus a diesel já passam por treinamento sobre os veículos a tração elétrica antes de começarem a trabalhar com o novo modelo de coletivo.
285 veículos elétricos em circulação, sendo:
Entregas
2019 – 15
2020 – 2
2021 – 1
2023 – 59
2024 – 7
Fonte: PMSP/SPTrans
A Prefeitura de São Paulo planeja obter, via operações de crédito, cerca de R$ 6 bilhões para viabilizar a aquisição de ônibus elétricos e modernização da frota municipal.
Os recursos captados serão utilizados para subvencionar parte do custo do ônibus elétrico, no montante equivalente à diferença dos preços de referência dos ônibus a diesel e dos elétricos.
A parcela do investimento subvencionada não é considerada como investimento das concessionárias, sendo, portanto, descontada para fins de remuneração das mesmas — o que resulta em economia para a Prefeitura com a operação.
De acordo com o órgão, os recursos captados superam os valores necessários para subvencionar a meta estabelecida para 2024, assim divididos:
* R$ 2,5 bilhões via BNDES (já aprovados pela diretoria do banco);
* Cerca de US$ 500 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial (BID) (já aprovados pela COFIEX-MP). A contrapartida da Prefeitura é de cerca de R$ 600 milhões nesse convênio;
* Operações de crédito: R$ 500 milhões em operações de crédito assinadas com o Banco do Brasil (já desembolsados em favor do Município); R$ 250 milhões a serem assinadas com a Caixa (já aprovada pela diretoria do banco) e R$ 250 milhões com o Banco do Brasil (em andamento após seleção em chamada pública).
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1. Captação de recursos para financiar a substituição da frota;
2. Financiamento da ampliação da rede de distribuição de energia;
3. Desenvolvimento modelos regulatórios para ampliação de receitas não tarifárias;
4. Amadurecimento dos sistemas de compras públicas focados para MaaS (Mobility as a Service, conceito no fornecimento de transporte sob demanda)
5. Financiamentos e incentivos para a ampliação da indústria de produção de ônibus elétricos;
6. Reduzir os custos de produção;
7. Aumentar a autonomia operacional do veículo;
8. Reduzir o peso da bateria;
9. Aumento da durabilidade dos componentes para redução de custos de manutenção.
10. Nacionalizar parque fabril de produção de ônibus elétrico (e de seus componentes) em larga escala;
11. Treinamento dos operadores para redução de sinistros (redução dos custos com seguros);
12. Desenvolver mecanismos de indução da demanda;
13. Planejamento operacional da frota e da Rede para potencializar a mobilidade elétrica;
14. Desenvolver mecanismos para calcular redução de emissões e créditos de carbono por viagem;
15. Ampliar a rede de alta tensão, com confiabilidade de atendimento;
16. Implantar sistemas de recarga;
17. Reduzir os custos de produção e transmissão energética;
18. Desenvolver contratos de longo prazo de fornecimento de energia, garantindo previsibilidade nos custos de abastecimento.
Fonte: Insper
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