Cada vez mais pessoas estão escolhendo as scooters como opção de mobilidade urbana. As vendas desse tipo de moto bateram recorde em julho e já correspondem a quase 10 % das motocicletas comercializadas no Brasil. De olho nesse nicho de mercado, fabricantes de lubrificantes criaram óleo específico para scooter.
A novidade gerou dúvida nos proprietários de scooters que, até então, usavam o óleo de moto com as mesmas especificações. Mas, afinal, qual o óleo usar na hora de trocar o lubrificante da sua scooter?
Uma característica que diferencia as scooters das motos tradicionais é o câmbio CVT. Automático, basta acelerar que o sistema altera a relação de transmissão. Diferentemente do câmbio das motos que tem discos de embreagem e engrenagens que, geralmente, são lubrificados pelo mesmo óleo do motor, o câmbio CVT trabalha a seco. Portanto, o óleo do motor não lubrifica o câmbio nas scooters.
Por esse motivo, o óleo para scooter pode ter propriedades que reduzem o atrito, como nos automóveis. “Na maioria dos scooters, a embreagem não interage com o óleo do motor e o óleo lubrificante pode conter propriedades de baixa fricção”, explica Alexandre Ramos, engenheiro e instrutor técnico da Yamaha.
Em 2020, a fabricante de lubrificantes Mobil lançou o óleo Super Moto Scooter 10W30, embora já tivesse um óleo com a mesma viscosidade para motocicletas. Segundo Marina Faria Teixeira, coordenadora de marketing de carros e motos da empresa, a principal diferença entre os óleos é a classificação JASO, da organização japonesa de padrões automotivos. No caso do óleo para motos, a classificação é a JASO MA2, que tem melhor desempenho em motos com transmissão lubrificada, que é o caso das motocicletas comuns.
“Já o Mobil 10W-30 Scooter a classificação é a JASO MB que tem uma performance melhor em motos com transmissão seca, que é o caso das scooters. Por esse motivo, uma scooter com lubrificante JASO MB terá um rendimento melhor, pois a fórmula foi otimizada para essa categoria”, explica Teixeira.
De acordo com a norma JASO MB, o lubrificante pode conter um pacote maior de aditivos de baixa fricção como, por exemplo, molibdênio, completa o engenheiro da Yamaha.
Vantagens
Ambos os lubrificantes são vendidos pelo mesmo preço no mercado, mas o ideal é usar óleo específico na sua scooter, garante a coordenadora de marketing da Mobil, “Por ser uma fórmula otimizada para scooters o Mobil 10W30 Scooter proporciona economia de combustível, estabilidade de temperatura, aumento da vida útil do motor, proteção contra desgaste e corrosão e proteção dos componentes críticos do motor, mantendo-o limpo com a utilização de um lubrificante específico com baixa fricção”, justifica.
Comparado com o motor da motocicleta, o da scooter trabalha em condições severas, no trânsito das cidades, e também opera em altas temperaturas, por que está sempre coberto pela carenagem, o que dificulta o controle de viscosidade e gera maior oxidação, explica Alexandre Ramos.
“O Yamalube Scooter, que recebe um pacote maior de aditivos e atende à especificação JASO MB, contribui para economia de combustível, maior resistência a oxidação e depósitos e maior controle de viscosidade nas temperaturas mais altas, ou seja, o óleo adequado para scooter traz benefícios ao motor”, completa o engenheiro da Yamaha.
Se você estiver se perguntando se há algum problema em usar óleo de moto na sua scooter, não se preocupe. “Caso o motociclista use um óleo para motocicleta na scooter não há prejuízo, desde que seja um óleo com a viscosidade adequada”, tranquiliza Marina Teixeira. No entanto, afirma a representante da Mobil, o consumidor não terá todos os benefícios de um óleo otimizado e desenvolvido especialmente para a categoria.
Vale ressaltar que o contrário não pode ser feito, quer dizer, o motociclista não deve usar óleo de scooter em motos que tenham câmbio convencional.
“Mesmo sendo superior em vários aspectos, o óleo de scooter não possui característica de alto coeficiente de atrito exigido pelas motocicletas, pois o molibdênio pode prejudicar a embreagem da motocicleta”, alerta o engenheiro da Yamaha.
Pouca gente sabe, mas existe nas scooters uma transmissão final, que são engrenagens que atuam como diferenciais, transmitindo a força gerada pelo câmbio diretamente à roda traseira. Elas são necessárias, pois as polias do CVT rodam muito mais rápido que a roda.
Essas engrenagens ficam em um compartimento separado e precisam de lubrificação. Geralmente, vai uma pequena quantidade de óleo (entre 100 e 150 ml) que deve ser trocada numa quilometragem bem acima da troca do óleo de motor. Nessas engrenagens o recomendado é usar o mesmo óleo do motor da scooter, explica o engenheiro da Yamaha.
“Recomenda-se o mesmo do motor, o Yamalube Scooter. No caso da NMax 160, o intervalo recomendado é de 1.000 km, na primeira troca, e depois a cada 10.000 km”, detalha Ramos. Já o óleo do motor da scooter Yamaha deve ser substituído a cada 5.000 km.