Instituições da sociedade civil lideradas pela Rede Nossa São Paulo compilaram suas visões sobre como deve ser a mobilidade na maior cidade do País. O resultado é o documento “Agenda propositiva para a cidade de São Paulo – Mobilidade e clima”, planejado para fornecer subsídios aos programas de governo nas eleições municipais.
“A ideia central é mostrar que o debate precisa ter qualidade, basear-se em estudos técnicos, dados e planos já existentes e considerar os desafios reais enfrentados pela população”, diz a coordenadora da Rede Nossa São Paulo, Carolina Guimarães.
Assinado por instituições como o Greenpeace e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o manifesto lembra, já no título, a ligação entre a mobilidade e a emergência climática global.
O setor de transportes é responsável por 10,3% da emissão total de gases de efeito estufa no Brasil. Pessoas se deslocando em carros emitem 3,9 vezes mais poluentes por quilômetro do que passageiros de ônibus.
O documento situa o estágio em que São Paulo está em diversos aspectos e propõe metas para avançar nos próximos quatro anos. O tempo de deslocamento é um exemplo.
Hoje, as pessoas gastam, em média, 70 minutos no transporte coletivo para chegar ao trabalho e 41 minutos para chegar ao local de estudos, considerando-se apenas o trajeto de ida. A meta proposta para 2024 é reduzir esses tempos médios para, respectivamente, 54 e 30 minutos.
Outro grande foco de atenção dos gestores públicos deve ser a preservação da vida, pedem as organizações. No ano passado, a cidade registrou 849 mortes no trânsito, das quais quase 90% foram de pessoas que não estavam dentro de carros: pedestres (45%), motociclistas (38%) e ciclistas (4%).
“Caminhar e digitar ou olhar o celular ao mesmo tempo são coisas que não combinam. Fique atento e evite acidentes”, alerta uma das frases disseminadas por cartazes e reproduzidas também por avisos sonoros nas estações de metrô.
A ideia surgiu da constatação de que pelo menos metade das ocorrências de acidentes registradas no ano passado envolveu usuários que estavam ao celular.
Em geral são pequenos contratempos, como esbarrões e tropeções, mas há situações com maior potencial de gravidade, especialmente quando a pessoa está se deslocando pelas escadas rolantes (onde ocorreram 25% dos acidentes em 2019) ou nas escadas fixas (18%).