Embora a eletrificação seja uma tendência, ainda existem milhões de motos e scooters movidos a motores de combustão interna pelas ruas, avenidas e estradas de todo o Brasil. Eles recebem esse nome justamente por produzir energia por meio da queima da mistura de ar e combustível. Nessa queima, a vela de moto e os terminais supressores, conhecidos como “cachimbos”, têm papel fundamental para o bom funcionamento desses motores.
Afinal, eles são responsáveis por levar a centelha, ou faísca, que dará início à queima do combustível dentro dos cilindros das motocicletas. E também de todos os veículos que usam motores de combustão interna.
Quando esses itens apresentam desgaste ou algum problema, podem prejudicar o desempenho da moto e aumentar o consumo do combustível. “Se você pensar que o bom funcionamento do motor depende da queima total do combustível, uma vela em mau estado não proporcionará queima eficiente”, ensina o engenheiro Hiromori Mori, consultor de assistência técnica da NGK, uma das maiores fabricantes de velas e terminais.
Segundo Mori, uma vela desgastada pode até mesmo fazer com que a moto ou scooter polua mais. “Como a queima não é total, parte do combustível sai pelo escapamento e se acumula no catalisador, reduzindo a vida útil do componente”, explica o engenheiro.
Como a grande maioria das motocicletas vendidas no Brasil tem motor de um cilindro, em geral, usam apenas uma vela e um terminal supressor. Isso faz com que seja rápido e fácil inspecionar e trocar a vela, em caso de necessidade.
“Infelizmente, no Brasil, não existe nenhuma cultura de fazer manutenção preventiva, que é bem mais barata e eficaz do que a corretiva”, alerta Mori. Muitos motociclistas só percebem que precisam trocar o cachimbo e a vela quando param de funcionar de vez.
Contudo, esses componentes dão sinais de que precisam de cuidados. Dificuldade na partida e marcha lenta instável indicam a existência de problemas na vela de ignição da moto. “Falhas na aceleração ou aumento repentino no consumo também indicam problemas na vela”, completa o especialista da NGK.
Caso sua motocicleta apresente algum desses problemas, o melhor a fazer é procurar um mecânico de confiança. Apenas com a inspeção visual, é possível analisar se uma vela não está funcionando corretamente. Durante a manutenção, o profissional, inclusive, tem a oportunidade de examinar a vela antiga e identificar outros problemas no motor (veja abaixo).
Além de ficar atento aos sinais de desgaste na vela, o especialista afirma que basta consultar o manual do proprietário para saber quando o item deve ser trocado. “Em geral, uma vela dura entre 10 mil e 12 mil quilômetros”, diz o engenheiro da NGK.
A durabilidade é menor do que nos automóveis, pois os motores de motocicletas alcançam rotações mais altas. Com isso, as velas são muito mais exigidas e duram menos, afirma Mori.
Na hora de trocar o componente, utilize a vela recomendada pelo fabricante da motocicleta. “Assim, você garante melhor funcionamento e maior vida útil do motor da sua moto”, finaliza.
Os terminais supressores, ou cachimbos, levam a corrente elétrica para que a vela possa soltar a faísca dentro do motor. Revestidos de borracha, os cachimbos também isolam o sistema de ignição. Com o passar do tempo, ao ficarem expostos ao sol e à chuva, podem ressecar e rachar, o que prejudica sua função.
Daí, num “belo” dia de chuva, sua moto simplesmente para do nada. Pode ser que o cachimbo esteja rachado e, com a umidade, a corrente escapa.
Os defeitos dos terminais podem ser identificados facilmente, como rachaduras, mau encaixe e ressecamento. Se eles estiverem com essas condições precárias, chegou a hora de trocá-los. A substituição, segundo Mori, deve ser feita a cada dois anos, geralmente, ou se houver sinais de ressecamento ou rachaduras.
Durante a inspeção das velas, também é possível identificar problemas na moto apenas examinando o componente. “A vela é a forma mais fácil de fazer um diagnóstico do motor”, afirma Hiromori Mori, consultor da NGK.
De acordo com o especialista, pode-se perceber a presença de mistura rica, ou seja, excesso de combustível, uso de combustível de má qualidade ou infiltração de água na câmara de combustão proveniente do sistema de arrefecimento.
Aprenda a interpretar os sinais que a vela dá: