‘Auxílio Reencontro’: o que é e como funciona

Lambe-lambe do artista de rua Luis Bueno, com o retrato do Presidente Jair Bolsonaro num jet ski e a afirmação: 'A fome voltou': 33,1 milhões de brasileiros passam fome no Brasil em 2022 (15,2% da população do País). Foto: VINCENT BOSSON/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

30/06/2022 - Tempo de leitura: 2 minutos, 32 segundos

Foi aprovada na Câmara Municipal de São Paulo uma proposta chamada Auxílio Reencontro, que prevê o pagamento aos moradores da capital que abrigarem pessoas em situação de rua — pessoas com as quais tenham algum vínculo, seja familiar, seja de amizade.

Para valer, só falta o prefeito Ricardo Nunes (MDB) aprovar. A proposta, que teria sido ideia dele, foi estruturada por meio de uma ação conjunta entre as Secretarias de Governo, dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Saúde, e da Assistência e Desenvolvimento Social.

Se aprovado, o benefício — cujo valor ainda não foi definido — funcionará da seguinte forma:

  • um valor será oferecido de forma temporária à família que acolher pessoas em situação de rua.
  • o conceito de laço familiar inclui, além de pais, filhos, cônjuges e primos, amigos próximos, vizinhos ou qualquer pessoa que se sinta confortável para oferecer o lar e tenha vínculo com quem está em situação vulnerável.
  • administração municipal pretende avaliar cuidadosamente o tipo de vínculo que existe entre a pessoa que cede o imóvel e quem está em situação de rua. O objetivo é evitar que surja um modelo clandestino de negócios que possa precarizar a oferta de moradia com o acúmulo de “inquilinos”.
  • além do auxílio financeiro ao dono do imóvel, a prefeitura planeja um acompanhamento socioemocional à pessoa vulnerável, com o objetivo de reinseri-la no convívio familiar e no mercado de trabalho.

REFLEXÃO: O QUE SIGNIFICA VIVER NAS RUAS?

Em março deste ano, a jornalista Lívia Lima, do Nós, Mulheres da Periferia, veículo parceiro do Expresso na Perifa, escreveu sobre pessoas que vivem nas ruas da capital. Em um dos trechos do artigo, Livia escreve: “Para quem não é pobre e periférico é mais fácil o distanciamento, a abstração dessa realidade e, ao mesmo tempo, é mais difícil entender que é necessário que todos nós discutamos e enfrentemos o problema, tentemos, com solidariedade e, sobretudo, posicionamento político, ajudar e defender esta população”. Leia o texto na íntegra: ‘Nós, pobres e periféricos, estamos mais perto de quem vive nas ruas’.

“A ideia é ter mais uma forma de ajudar as pessoas a saírem da situação de rua, promovendo um reencontro delas com as suas famílias, com um conceito mais amplo e no sentido afetivo”, explica Alexis Vargas, secretário executivo de Projetos Estratégicos na Prefeitura, ao Estadão. “Muita gente fica com vergonha de procurar a família pela situação que está, pela dificuldade com higiene e aparência. Esse vínculo é um instrumento forte de reinserção social.”

Segundo o prefeito, o objetivo do Auxílio Reencontro é diminuir a população em situação de rua na capital paulista, que dobrou em 14 distritos. Uma estimativa divulgada em janeiro pela Prefeitura apontou que o número de barracas e “moradias improvisadas” pela população de rua aumentou 3,3 vezes desde 2019.