A Carta da Eletromobilidade traz diretrizes para a transição energética no Brasil. O objetivo é reunir propostas para que a economia do país esteja em sintonia com esta tendência global.
O documento é da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em conjunto com o Instituto de Engenharia (IE). Em suma, a carta vai além dos carros elétricos e fala em uma Política Nacional de Eletromobilidade.
De acordo com a carta, esta política é uma condição necessária para que o país tenha um novo ciclo de desenvolvimento social e econômico. O documento é resultado do 1º Debate Conjunto Instituto de Engenharia/ABVE. O evento teve como tema “Eletromobilidade – O Brasil está Preparado para a Grande Mudança?”.
O presidente da ABVE, Antonio Calcagnotto, e do Instituto de Engenharia, Paulo Ferreira, assinaram a carta em 30 de agosto. Além disso, enviaram o documento aos candidatos à presidência do Brasil.
Em primeiro lugar, a carta considera o cenário do mundo, em que a eletromobilidade já é realidade. Em seguida, apresenta a situação do país, apontando os caminhos para a transição energética no Brasil.
Neste contexto, a carta reforça que o Brasil precisa de um Marco Regulatório da Mobilidade. Este documento deve contemplar Planos Nacionais de inserção da Eletromobilidade em todos os modos de transporte.
Além disso, a carta solicita que as medidas sejam em nível de Governo Federal, Estadual, Metropolitano e Municipal. Com isso, seria possível racionalizar e planejar a inserção de veículos elétricos na estratégia nacional de desenvolvimento.
“Esse Plano deve incluir um conjunto de metas para assegurar a inevitável transição dos combustíveis fósseis para os renováveis no transporte, a exemplo de outros países”, cita um trecho da carta.
O documento pontua ainda que “uma política abrangente requer que os órgãos regulatórios dos sistemas de energia elétrica acompanhem esta evolução e criem as condições para que as empresas do setor aumentem sua capacidade de geração e distribuição”.
Outro ponto trazido é a necessidade de promover a produção nacional de baterias. Segundo a carta, o Brasil dispõe de reservas de lítio e outros minerais estratégicos necessários à fabricação do produto.
“É importante, ainda, criar as condições para que empresas de reciclagem de baterias se instalem e consolidem esse mercado no país”, diz trecho da carta.
Por fim, o documento cita que a propulsão elétrica deve ser o foco. Deste modo, se faz necessária a coordenação destas políticas com Estados e Municípios, em um modelo de Governança Metropolitana.
Na prática, a carta tem um papel de organizar e coordenar esforços para impulsionar a transição energética no Brasil. Afinal, reúne elementos que permitem planejar o futuro da mobilidade elétrica e sustentável no país.
Assim, estimula que o governo planeje esses passos junto às empresas e à sociedade. Neste contexto, o objetivo é inserir o país no movimento global de transição energética em termos de tecnologia, produção e infraestrutura.
“A eletrificação do transporte público, de passageiros e de carga é vital para renovar tecnologicamente a indústria brasileira, recuperar a competitividade de sua engenharia automotiva, reinserir o parque produtivo nacional nas cadeias produtivas globais e criar os empregos de qualidade das futuras gerações”, justificam a ABVE e o IE, na carta.
“O Brasil não pode perder seu reconhecido protagonismo internacional no transporte e mobilidade sustentável, conquistado ao longo de 30 anos em razão da produção e uso de biocombustíveis, e deve avançar no desenvolvimento de novas tecnologias vinculadas à eletrificação para poder se inserir nas cadeias globais de valor e liderança pela mobilidade sustentável”, reforçam também.
Segundo o documento, o país possui mais de 80% de sua matriz de geração de eletricidade renovável. Além disso, tem alto potencial de crescimento das fontes de energia eólica e solar.
Outras vantagens do país mencionadas na carta é a tecnologia consolidada em biocombustíveis, além da indústria de veículos e componentes já instalada. O documento cita ainda consumidores e empresas sensíveis e amigáveis às novas tecnologias.
Por fim, outro argumento é o potencial para substituir a frota de ônibus e carga, principais poluidores, por veículos com tração elétrica. Confira a carta, na íntegra, aqui.