Saiba como funciona a reciclagem das baterias dos carros elétricos
Até 98% dos materiais usados no componente podem ser reaproveitados

Assim como já ocorre nos laptops e smartphones, as baterias de lítio de um veículo elétrico, ao final de sua vida útil – de 15 a 20 anos, contando com a segunda vida –, devem ser encaminhadas para o processo de reciclagem.
No Brasil, já existem empresas especializadas fazendo essa operação, que, hoje, consegue reaproveitar até 98% dos minerais e metais que compõem a bateria. Isso elimina uma preocupação recorrente quando os primeiros carros elétricos chegaram ao País: como seria o descarte do componente, que possui metais de alto valor, como cobre e alumínio?
Passados seis anos do início da venda em escala comercial dos automóveis eletrificados no mercado brasileiro, a destinação das baterias não assusta mais. Ficou para trás a imagem de que elas seriam jogadas em caçambas ou terrenos baldios.
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Depois de equipar os carros ao longo de oito a 10 anos, elas passam por um segundo ciclo de vida em aplicações estacionárias, como o fornecimento de energia para ligar eletrodomésticos, por exemplo.
“As baterias de lítio, presente na maioria dos veículos elétricos disponíveis no País, usam a mesma tecnologia de aparelhos como telefone celular, notebook e bicicleta elétrica”, explica Marcelo Cairolli, vice-presidente de negócios para América Latina da Re-Teck, companhia de logística reversa de eletroeletrônicos. “Por isso, já acumulamos experiência com a reciclagem de baterias.”
Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), as baterias de lítio podem ser 100% recicladas, evitando riscos ou prejuízos ao meio ambiente. “Mas sempre haverá uma perda mínima. Assim, de 95% a 98% dos materiais são reaproveitados”, diz Cairolli.
Fases da reciclagem
A reciclagem completa demora dois dias e acontece em duas fases. A primeira consiste na separação física e mecânica dos materiais e a segunda executa processos químicos, por meio da hidrometalurgia, que envolve a dissolução dos minerais em meio aquoso. O trabalho consegue processar três toneladas de bateria bruta por turno.
Na Europa, as empresas europeias usam dois métodos de reciclagem. No primeiro, os materiais são separados por tratamento térmico, sistema que consome mais energia. No segundo, as baterias são trituradas no vácuo ou no nitrogênio líquido, impedindo a formação de gases tóxicos.
Os minérios usados nas baterias formam a chamada “massa negra”, subproduto extraído com a descaracterização do componente – tecnologia difundida mundialmente e empregada também no Brasil.
A reciclagem das baterias dos veículos elétricos exige equipamentos robustos e potentes, como trituradores, devido ao tamanho e ao peso de aproximadamente 300 quilos. O processo separa plásticos, retalhos de alumínio e cobre e os metais nobres – reintroduzidos na cadeia produtiva, inclusive, na fabricação de novas baterias.
Outra aplicação possível é em produtos de nutrição animal e nutrição foliar. Em um círculo virtuoso, as baterias feitas com material reaproveitado poderão sofrer mais reciclagens no futuro. Isso porque os metais jamais perdem sua capacidade de performance.
Os benefícios da reciclagem vão além. Ela reduz a necessidade de extração dos minérios para a produção de baterias, minimizando a emissão de gases de efeito estufa (GEE) e, consequentemente, o impacto ambiental.
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