Transição energética. Upgrade nos carregadores acompanha expansão de carros elétricos

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Transição energética. Upgrade nos carregadores acompanha expansão nas vendas de carros elétricos

Por: Mário Sérgio Venditti . Há 1 dia atras

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Planeta Elétrico

Transição energética. Upgrade nos carregadores acompanha expansão nas vendas de carros elétricos

Transição energética. Com o avanço da eletrificação automotiva no Brasil, projetos dos equipamentos ganham melhorias para reduzir tempo de recarga em vias públicas

5 minutos, 19 segundos de leitura

15/07/2025

Transição energética Gustavo Tannure
Para Gustavo Tannure, CEO da EZ Volt, “os aparelhos passam por mudanças significativas que vão impactar a eficiência e a acessibilidade”. Foto: Divulgação/EZ Volt

Em meio a um cenário em que a transição energética está cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, o grande sonho do usuário do carro elétrico é entrar em um eletroposto e recarregar a bateria de seu automóvel em poucos minutos, assim como acontece na hora de abastecer o tanque com gasolina, etanol ou diesel. Essa possibilidade permitiria que ele programasse melhor o seu tempo, principalmente em viagens longas.

Tamanha agilidade na recarga está atrelada não só ao desenvolvimento dos veículos movidos a bateria, mas também à evolução dos equipamentos que repassam a energia. Os projetos estão avançando, mas ainda exigem um pouco de paciência do consumidor que precisa fazer a operação nas vias públicas.

“A tecnologia dos carregadores vem evoluindo, porque deve acompanhar o crescimento do mercado de veículos elétricos no País”, afirma Gustavo Tannure, CEO da EZ Volt, empresa especializada em infraestrutura de recarga. “Os aparelhos passam por mudanças significativas que vão impactar a eficiência e a acessibilidade.”

Nos primeiros estágios da eletrificação automotiva no Brasil, os carregadores AC (carga alternada), chamados de nível 1, se restringiam a adaptadores de tomadas domésticas, que demoram mais de 12 horas para carregar a bateria. Os wallboxes de 3,6 kW a 7 kW, instalados principalmente nas residências, já são uma evolução e levam de seis a oito horas para completar a carga.

Os sucessivos lançamentos de modelos eletrificados obrigaram os fabricantes de pontos de recarga – em sua maioria, empresas chinesas e europeias – a aperfeiçoarem seus produtos. Os carregadores nível 2, de maior capacidade energética, operam geralmente em 220V e reduzem o tempo de quatro a oito horas.

Leia também: Estudo da Anfavea detalha o potencial do País na transição energética automotiva

Pit boost e transição energética

A indústria da infraestrutura percebeu que para manter o processo de eletrificação em pé era necessário acelerar a recarga. Ela implementou, então, os carregadores rápidos e ultrarrápidos DC (corrente contínua), de nível 3, apropriados para estabelecimento nas estradas e locais de alta demanda. O salto foi grande, pois eles podem realimentar 80% da bateria em cerca de 20 minutos.

O estudo de carregadores megarrápidos encontra nas pistas de corrida um importante aliado. A Fórmula E, disputada por monopostos elétricos, estreou nesta temporada o Pit Boost, recurso que fornece 10% de energia extra (o equivalente a 3,85 kWh) em uma recarga extra de 30 segundos feita em equipamento de 600 kW.

Os carros de passeio, porém, estão bem distantes da realidade dos de competição, como adverte Tannure: “Não adianta um equipamento ter, por exemplo, 180 kW de potência se o automóvel elétrico está preparado para puxar apenas 50 kW dessa energia. A operação será completada na velocidade compatível de 50 kW”, diz. “Isso sem contar que, com a bateria 85% abastecida, a potência da recarga cai drasticamente, de 7 a 10 kW, para refrigerar o componente.”

Mas ele admite que é impossível dissociar a evolução dos carregadores com a das baterias. “Vivemos uma era de rupturas com inovações incrementais, ou seja, o aperfeiçoamento de algo já existente. As TVs eram de tubo e com imagem preta e branca. Depois, vieram as TVs de tubo colorida, de tela plana, de plasma, de LED e por aí vai. O processo com as baterias é similar. A BYD criou a bateria blade e logo teremos a de estado sólido. Passaremos décadas acompanhamento a melhoria das tecnologias”, destaca.

Arquitetura modular

Ayrton Barros, diretor geral da Neocharge: “Há projetos de carregadores de 1 megawatt de potência, embora os veículos tenham limitadores para absorver essa energia”. Foto: Divulgação/Neocharge

Para Ayrton Barros, diretor geral da empresa de eletromobilidade Neocharge, a modernização dos carregadores rápidos – impulsionada especialmente por investimentos da iniciativa privada – tem sido impressionante.

“Existem projetos de equipamentos de um megawatt de potência, embora os veículos tenham limitadores para absorver essa energia”, afirma. “Isso ainda está reservado para o futuro. Hoje, continuaremos mais tempo com os aparelhos na faixa dos 180 kW.”

Ele conta que, nos últimos anos, os carregadores disponíveis no mercado brasileiro seguem trabalhando com a mesma potência, sem grandes revoluções. Mesmo assim, eles ganharam upgrades importantes que têm acelerado a transição energética.

“Os projetos evoluíram na maioria dos aparelhos. Agora, eles contam com uma série de sistemas de proteção dos componentes e softwares, que executam a gestão das peças e previnem possíveis avarias até remotamente”, relata.

Outra inovação foi o desenvolvimento de carregadores com arquitetura modular. São estações de recarga divididas por faixas de potência independentes. Dessa forma, um aparelho de 120 kW, por exemplo, consegue atender separadamente dois projetos de 60 kW ou quatro de 30 kW, dependendo da demanda. “Ele pode suprir um carro elétrico de 60 kW valendo-se de metade de sua potência”, explica.

Barros ressalta que a evolução dos aparelhos traz outro benefício: a queda de preços, principalmente os modelos DC. “Há três anos, um carregador de 60 kW custava cerca de R$ 150 mil, ao passo que hoje sai por R$ 100 mil. Acredito que, em dois anos, o valor estará abaixo dos R$ 80 mil”, finaliza. 

Conheça os modelos de carregadores usados no Brasil

Existem diversos tipos de carregadores para veículos elétricos à venda no Brasil. Veja, abaixo, quais são os mais utilizados e o tempo médio de recarga de cada um:

Carregadores lentos

Com corrente alternada (AC), eles são geralmente usados nas residências durante à noite, quando o motorista não tem pressa em efetuar a recarga.

Potência: de 3,6 kW a 22 kW
Tempo de recarga:
3,6 kW: 8 h
7,4 kW: 6 h
11 kW: 3 h
22 kW: 2 h

Carregadores rápidos

Alguns modelos de corrente contínua (DC) são apropriados para as recargas em viagens longas.

Potência: de 22 kW a 43 kW
Tempo de recarga: 2 h

Potência: de 50 kW a 350 kW
Tempo de recarga: de 20 a 40 minutos (até 80%)

Carregadores ultrarrápidos

Esses aparelhos podem ser considerados um aperfeiçoamento dos rápidos e são destinados aos automóveis que podem receber altas taxas de energia.

Potência: acima de 350 kW
Tempo de recarga: abaixo de 20 minutos

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