Combustível E30 consolida o protagonismo do Brasil

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Combustível E30 consolida o protagonismo do Brasil

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Mobilidade para quê?

Combustível E30 consolida o protagonismo do Brasil

O Brasil chega com uma arma diferente: a bomba de combustível do posto da esquina, abastecida com 30% de etanol e a promessa de um País mais limpo, soberano e preparado para o futuro

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24/09/2025

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O aumento de 3% pode parecer modesto, mas é um acerto histórico: o Brasil tem um parque industrial pronto para descarbonizar a gasolina sem trocar a bomba, o carro ou o motor. Foto: Adobe Stock

“Nunca desperdice uma boa crise.” A frase atribuída a Winston Churchill (1874-1965) atravessou guerras, recessões e segue atual diante da nova disputa mundial por energia. Enquanto o planeta enfrenta uma corrida por lítio, baterias e dependência externa, o Brasil aposta em algo que sabe produzir com escala, tecnologia e autonomia: o etanol, cujo percentual na gasolina passou de 27% para 30% desde o início de agosto. O E30, novo combustível aprovado pelo Ministério de Minas e Energia, consolida os biocombustíveis na matriz energética brasileira.

O aumento de 3% pode parecer modesto, mas é um acerto histórico: o Brasil tem um parque industrial pronto para descarbonizar a gasolina sem trocar a bomba, o carro ou o motor. Nada muda, exceto o carbono que deixamos de emitir – e muito.  Com essa mudança, reduziremos a emissão de CO₂ em 1,7 milhão de toneladas por ano, o equivalente a cerca de 720 mil carros a gasolina por dia.

E não é só o CO₂ que é evitado. O uso do etanol também diminui em mais de 70% as emissões de material particulado (MP), que é um poluente considerado muito prejudicial para a saúde humana, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). O MP está relacionado com sérios problemas de saúde como câncer de pulmão, doenças cardíacas e respiratórias.

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Combustível do Futuro e transição energética

Por isso, o Brasil restringe, desde 1985, as emissões de poluentes dos veículos por meio da implantação do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), criado em 1986 e aperfeiçoado a cada ciclo. Incluindo a legislação do Combustível do Futuro que obriga o País a harmonizar regras para incentivar uma transição energética eficaz e justa.

Enquanto o mundo discute carros elétricos, aceleramos com o que temos e melhor: os biocombustíveis. Em vez de repetir o roteiro tecnológico imposto de fora para dentro, o País aposta em um modelo próprio, mais realista, imediato e verde. Um estudo feito pelo Instituto Mauá de Tecnologia, que testou 29 modelos de carros e motos com a nova mistura, revelou que o E30 é seguro, viável e eficiente. Não houve perda de performance nem aumento de consumo. Ao contrário: o resultado foi um combustível mais limpo, mais barato e bem brasileiro.

Além do resultado positivo para o meio ambiente, saúde e para o bolso do brasileiro, o etanol também melhora a potência dos motores dos veículos, pois aumenta a octanagem do combustível, essencial para o bom funcionamento dos motores. O efeito é um motor mais ligeiro e, conforme a tecnologia evolui, que pode gerar mais economia.

Não é só um gesto ambiental, é também geopolítico. O Brasil importa, anualmente, 760 milhões de litros de gasolina e a conta é simples: quanto mais etanol, menos combustíveis fósseis importados. Com o avanço do etanol — inclusive de milho — e a ampliação da mistura, o País pode eliminar essa dependência. Quanto menos importação, mais autonomia energética, econômica e política.

Transição energética com sotaque próprio

Não dá para deixar de falar que todos os efeitos positivos acima mencionados podem ser ainda mais potencializados pelo uso do etanol como combustível puro, o “E100”, também chamado de etanol hidratado. A frota brasileira de veículos leves é de 39 milhões de veículos, sendo que quase 80% são veículos flex, que podem rodar com etanol 100%.

Hoje, o mundo gira em torno de litígios e lobbies. A guerra energética é o pano de fundo de muitos conflitos atuais. Nesse cenário, o Brasil chega com uma arma diferente: a bomba de combustível do posto da esquina, abastecida com 30% de etanol e a promessa de um País mais limpo, soberano e preparado para o futuro. Não há transição energética sem soberania.

Às vésperas da COP-30, o Brasil não desperdiça a crise, como diria Churchill. Transforma-a em estratégia. Mostra ao mundo que é possível liderar com o que se tem: solo fértil, ciência e vontade política. E reafirma, com combustível e convicção, que a nossa transição energética tem sotaque próprio, e já está em curso. Brasil, líder da transição energética.

Artigo escrito em parceria com:

Sergio Balaban, chefe de gabinete do senador Fernando Lopes de Marias (MDB-AL)

Ziraldo Santos, assessor legilsativo do deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente da Comissão Especial de Transição Energética

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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