Homens jovens se arriscam mais no trânsito | Mobilidade Estadão

Buscando sugestões para:


Publicidade

Homens jovens se arriscam mais no trânsito

Por: Daniela Saragiotto . 19/01/2021
Mobilidade com segurança

Homens jovens se arriscam mais no trânsito

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, 94% dos condutores envolvidos em colisão frontal todos os anos são do sexo masculino

3 minutos, 10 segundos de leitura

19/01/2021

Por: Daniela Saragiotto

homens-se-arriscam-no-trânsito
Foto: Getty Images

Um estudo sobre trânsito realizado recentemente pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) revelou que homens de 18 a 25 anos têm probabilidade 42% maior de se arriscarem em ultrapassagens em pista simples do que homens mais velhos e mulheres. A manobra é considerada pelas autoridades de trânsito como a mais perigosa em rodovias.

O trabalho foi desenvolvido pelo Departamento de Engenharia de Transportes (STT) da EESC, sob coordenação da professora Ana Paula Camargo Larocca, e teve o apoio da Fapesp. Foram feitos diversos experimentos pelos mais de 100 voluntários participantes do estudo, pessoas de todas as faixas etárias que utilizaram um simulador de direção que reproduzia virtualmente e de forma realista qualquer tipo de rodovia.

Como funcionou o experimento

De acordo com informações da EESC/USP, o simulador utilizado conta com três telas que projetam as imagens da pista, sistema de som, cockpit de carro equipado com volante, pedais e alavanca de câmbio, além de quatro câmeras com um software que acompanha o olhar dos motoristas e avalia se os condutores estão observando sinalizações e objetos ao longo do percurso. Uma rodovia de pista simples com mão dupla foi projetada especialmente para a pesquisa, propondo aos motoristas voluntários que fizessem as ultrapassagens no momento que julgassem adequado.

Segundo Larocca, a pesquisa comprovou que jovens do sexo masculino tendem a se arriscar mais neste tipo de ultrapassagem perigosa. “Observamos que eles colavam bastante na traseira do veículo da frente e realizavam várias tentativas malsucedidas de ultrapassagem, tendo que retornar à posição de origem. Muitas vezes eles faziam ultrapassagens enquanto um veículo vinha no sentido oposto, ao contrário das mulheres, que esperavam o carro passar. Esse comportamento mais agressivo dos homens dessa faixa etária pode ser explicado por um maior excesso de confiança, que acaba elevando o risco da condução, tanto é que eles fazem parte do grupo que mais se envolve em acidentes”, explica a coordenadora.

De acordo com José Montal, diretor da Associação Brasileira de Medicina no Tráfego (Abramet), além dessas características há, ainda, a pouca vivência no trânsito. “Com poucos anos de direção, esses jovens não possuem um repertório vasto de situações e aprendizados ao conduzir que são fundamentais, o que acaba contribuindo para aumentar as ocorrências nessa faixa etária”, afirma Montal.

A pesquisa também demonstrou que homens de 25 a 35 anos têm 36% mais chances de se arriscarem em ultrapassagens em pista simples do que homens mais velhos e mulheres. De acordo com Ana Paula Camargo Larocca, todos os resultados do estudo devem ser usados como base para campanhas de conscientização, de estímulo ao bom comportamento e de percepção de risco voltadas a esse público.

Homens jovens e acidentes

Segundo o Datatran, banco de dados da Polícia Rodoviária Federal, 94% dos condutores envolvidos anualmente em acidentes de colisão frontal no Brasil são homens. Entre 2008 e 2018, foram 15 mil mortes, sendo que motoristas entre 20 e 50 anos são os que mais aparecem nas tragédias. No mesmo período, ocorreram ao todo no país 1,5 milhão de acidentes em rodovias federais e, embora as colisões frontais representem apenas 3,2% do total, elas são responsáveis por 31% das mortes: em dez anos, foram 25 mil óbitos registrados, além de 17 mil feridos graves e 25 mil feridos leves.

  • 94% dos condutores envolvidos anualmente em acidentes de colisão frontal no País são homens
  • 1,5 milhão é o total de acidentes em rodovias federais entre 2008 e 2018
  • 100 motoristas voluntários participaram do estudo da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP

Fonte: Polícia Rodoviária Federal

De 1 a 5, quanto esse artigo foi útil para você?

Quer uma navegação personalizada?

Cadastre-se aqui

0 Comentários


Faça o login