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Mobilidade se transforma com impactos da pandemia

Por: . 27/04/2021
Mobilidade para quê?

Mobilidade se transforma com impactos da pandemia

Em todo o mundo, deverão se multiplicar ações para ampliar rotas metroferroviárias, aumentar a fluidez e a integração do transporte e criação de modais alternativos

2 minutos, 36 segundos de leitura

27/04/2021

mobilidade
Foto: iStock

A pandemia da covid-19 impôs medidas restritivas em todo o mundo. Nos primeiros meses de circulação do vírus, até então completamente desconhecido, houve grande impacto na mobilidade urbana, tanto por quarentenas e toques de recolher quanto por iniciativa das empresas, que deslocaram os seus funcionários para o home office. Ao final de 2020, o transporte coletivo em todo o Brasil contava com apenas 61% do volume diário usual de passageiros, de acordo com dados divulgados pela Associação Nacional do Transporte Urbano (NTU).
Governos e operadores deverão ter em mente que as preocupações sobre as aglomerações no transporte coletivo, mesmo com a vacina, deverão persistir. Uma pesquisa publicada em outubro pelo Centro de Excelência BRT+, em parceria com o WRI Brasil, mostrou que mais de 50% dos passageiros nas cidades de Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo se sentiam ‘extremamente preocupados’ com a higiene nos ônibus.
Uma alteração sem precedentes como essa levará a mobilidade urbana a ser completamente repensada, incluindo a reconfiguração dos diversos modais – ônibus, metrôs e trens, por exemplo –, rumo a uma nova evolução no sistema de transporte.

Modais alternativos

Novos modelos, pensados para permitir o distanciamento social, deverão ser adotados e associados a cuidados adicionais, com o uso de tecnologias de desinfecção constantes como coberturas antibacterianas e lâmpadas de UV-C. A manutenção desses veículos também ganha importância inédita para que se mantenham limpos os dutos de ar e aparelhos de ventilação, e a circulação de ar seja otimizada.
O principal impacto, porém, deve incidir sobre o planejamento urbano, desde a disponibilização de mais modais em circulação até a organização de vias, frotas, itinerários e intervalos para evitar a superlotação. Até 2020, considerávamos corriqueiro, mesmo que não seja o ideal, o cenário de lotação em horários de pico, estações e paradas lotadas. Em todo o mundo, inclusive no Brasil, deverão se multiplicar ações para ampliar rotas metroferroviárias, aumentar a fluidez e a integração do transporte e criação de modais alternativos.
A agilidade será um ponto central nas discussões, com o crescimento das preocupações em torno da exposição prolongada a agentes ambientais, como a poluição, e, neste momento, a vulnerabilidade às infecções por covid-19. Ainda nesse sentido, o ano que passou mostrou que cidades mais ágeis são mais limpas. Em janeiro de 2021, São Paulo, por exemplo, emitiu 50% menos gases do efeito estufa do que no mesmo mês em 2016, de acordo com dados do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).
Houve uma profunda mudança de paradigmas provocada pela pandemia. Daqui para frente, as administrações serão ainda mais cobradas por melhorias gerais, o que trará efeitos de longo prazo na forma como as pessoas se relacionam com as cidades. O impacto de 2020 na mobilidade urbana já é visível, mas se tornará ainda mais evidente quando as pessoas voltarem a usufruir plenamente dos espaços urbanos.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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