Carros compactos também podem (e devem) ser seguros
Entre os modelos de entrada, normalmente não se esperam muitos itens de segurança. No entanto, algumas marcas têm oferecido além do que a lei exige
Conteúdo produzido em parceria com o Observatório Nacional de Segurança Viária
Mobilidade Estadão, uma marca laço amarelo
Os quatro air bags de série foram o grande trunfo do pequeno Renault Kwid, quando estreou no Brasil, em 2017. Enquanto todos os carros do segmento de entrada chegavam apenas com as duas bolsas infláveis frontais, obrigatórias por lei desde 2014, o menor e mais barato modelo da marca francesa (e um dos mais baratos do País) veio com o quarteto protetor: além da dupla na frente, o Kwid trouxe também dois laterais para os ocupantes dos bancos dianteiros. Entre os carros mais baratos, normalmente, não se esperam muitos itens de segurança, e as marcas acabam apenas cumprindo o que a lei determina. Por isso, iniciativas como a da Renault chamaram atenção.
Embora não seja muito comum, há outras iniciativas similares, que ganham pontos no quesito segurança e se transformam em trunfo comercial. É o caso, por exemplo, do Chevrolet Onix de segunda geração, que veio, no final de 2019, com seis air bags de série em todas as versões. E também do novo Hyundai HB20, que chegou, na mesma época, com sistema de leitura de faixa de rolamento e frenagem automática, primazias na categoria.
No caso do Renault Kwid, a decisão de instalar os quatro air bags foi tomada para tentar amortecer reações negativas que o pequeno hatch poderia ter logo no lançamento. Isso porque o modelo surgiu antes, na Índia, e, em um crash-test realizado em 2016, o resultado foi decepcionante. Naquela prova, o Kwid utilizado no teste de impacto não tinha air bag (que não era obrigatório no país oriental), mas notícias ruins se espalham rapidamente. Assim, para evitar problemas no Brasil, a fabricante optou pelo reforço na segurança. Além disso, o Kwid veio com sistema para fixação de duas cadeirinhas infantis, do tipo Isofix.
Segurança ativa
A Chevrolet também não economizou nos air bags da segunda geração do campeão de vendas Onix. Uma das surpresas do hatch e do sedã foi a presença de seis air bags (frontais, laterais e de cabeça) em todas as versões. Além de garantir a segurança passiva (air bags não evitam colisão, mas atenuam danos), o Onix também trouxe trunfos à segurança ativa (a que evita impactos). Hatch e sedã receberam de série, em todas as versões, controle de tração e estabilidade, e também assistente de rampa. O primeiro evita que as rodas dianteiras patinem e percam contato com o piso sobre pavimentação de baixa aderência (caso de chuva, por exemplo), além de evitar que o motorista perca o controle em curva.
O sistema atua cortando torque do motor e aplicando freios seletivamente. Já o segundo mantém o carro parado durante alguns segundos em subida para dar tempo de o motorista soltar o freio e voltar a acelerar para evitar que o veículo se mova para trás. São dispositivos de certa forma comuns em automóveis mais caros, mas pouco disseminados nos modelos mais acessíveis, e muito menos ainda como itens de série.
O Hyundai HB20 foi completamente modificado também no final de 2019. Não conseguiu igualar o número de air bags do Onix (veio com apenas quatro, e somente nas versões mais caras), mas contra-atacou com frenagem automática e leitor de faixa de rolamento. E, como novidade, o hatch ainda trouxe um leitor de faixa mais inteligente que a média. Leitores, normalmente, detectam a pintura no chão e alertam o motorista se o veículo estiver invadindo outra faixa, sem que o pisca seja acionado – o que pode ser sinal de distração do condutor. Alguns sistemas apenas alertam o motorista, que tem de esterçar o volante. Outros fazem a correção do volante.
O dispositivo do HB20 é capaz de identificar até mesmo faixa inexistente. De acordo com a Hyundai, o equipamento tem memória para “perceber” quando a faixa existia e, de repente, desapareceu. Nesse caso, o carro alerta o motorista, mesmo que a pintura não esteja lá.
Teste de impacto
A segurança de um automóvel leva em conta ainda aspectos como a estrutura da carroceria. Um bom monobloco deve aliar partes programadas para se deformar (cuja função é amassar progressivamente, e amortecer o impacto) e partes extremamente rígidas (a “célula de sobrevivência” para preservar os ocupantes). Especialistas garantem que air bags sozinhos não resolvem se a estrutura não for boa.
Levando em conta os testes de impacto feitos pelo Latin NCAP a partir de 2016 (quando as regras ficaram mais exigentes, e incluíram impactos laterais), entre os modelos compactos, somente quatro automóveis obtiveram a pontuação máxima (cinco estrelas) para adultos e crianças: Chevrolet Onix e Onix Plus e Volkswagen Polo e Virtus.
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