Importância dos dados para mobilidade no pós-pandemia
As soluções em transporte devem ser pensadas para envolver todo o ecossistema de mobilidade
3 minutos, 20 segundos de leitura
18/05/2021
A covid-19 nos afastou das questões cotidianas, como o trânsito, para navegarmos em um mundo de insegurança. Mais de um ano depois, a expectativa sobre os rumos do País paira sobre a gestão pública. Será possível retomar as atividades em 2021?
Nos meses de março e abril deste ano, com a alta de casos de coronavírus no Brasil, os índices de quilômetros percorridos por dia pelos motoristas do Waze caíram, consideravelmente, em relação aos meses anteriores. Em 3 de abril, a navegação no País chegou a ficar até 48% abaixo da média do período pré-pandemia (fevereiro de 2020), efeito direto das medidas de isolamento decretadas nas grandes cidades. Em São Paulo, o tráfego seguiu o mesmo comportamento, com fluxo até 54% abaixo da linha-base. Até o começo de maio, os índices de quilômetros dirigidos se mantiveram abaixo dos patamares pré-pandêmicos. Desde o relaxamento das medidas de restrição da circulação, no entanto, os índices nacionais voltaram a subir e ultrapassaram a média do período pré-pandemia em 3%, no dia 3 de maio.
Diante do que estamos vivendo, é essencial que o processo de tomada de decisões dos governos se baseie em uma extensa base de dados. Pensar a mobilidade é refletir sobre a dinâmica social e também sobre as formas de endereçar carências, o que seria quase como navegar a esmo sem os dados como ‘bússola’.
Precisamos partir do conhecimento da realidade para trazer respostas eficientes às novas demandas sociais. A discussão sobre o trânsito nas grandes cidades é complexa e está em constante evolução. Dados atualizados se tornam uma necessidade para entender com o que estamos lidando. Como a demanda inédita pelo aluguel de veículos particulares, que fez as principais locadoras de carros do País atingirem taxas de ocupação recordes, em 2020, e acima de 84%, no fim do ano. Sem esse reconhecimento, estamos sempre lançando mão das mesmas medidas que parecem só arranhar a superfície da questão. As soluções em transporte devem ser pensadas para envolver todo o ecossistema de mobilidade.
Troca de conhecimento, combinação da infraestrutura e potencial de ação conquistados por meio das parcerias estabelecidas entre os setores público e privado fortalecem essa rede e abrem caminhos para desenvolver a agenda da mobilidade. No Waze, vimos que a pandemia rompeu hábitos de direção, provocando queda dos trajetos rotineiros e impulsionando as viagens de longa distância. Mais uma vez, precisamos entender que os dados só são úteis se contextualizados para orientar a criação de políticas sólidas.
O programa Waze for Cities trabalha com mais de 1.800 parceiros no mundo todo para garantir acesso gratuito a dados de trânsito, em tempo real, à gestão pública. Com isso, gestores conseguem planejar desde o melhor horário para a coleta de lixo até se preparar para eventos extraordinários (como terremotos ou tempestades).
Durante a pandemia, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por exemplo, criou um Painel Coronavírus para rastrear casos em diversos países e nas principais áreas metropolitanas da América Latina e traçar comparação com outras medidas. Os dados do Waze foram usados para estimar o impacto no trânsito. Esse painel permitiu que os legisladores fizessem a relação entre as medidas de restrição de circulação com casos de covid-19 e com a qualidade do ar, comparando esse quadro com o que outros governos da região haviam implementado.
Governos também passaram a usar essas informações como guia para definir medidas mais assertivas para proteger a população. As respostas a muitas dessas questões passam pelo estímulo à micromobilidade e pelo incentivo a meios alternativos de deslocamento para percursos longos, como a carona corporativa. A combinação dessas soluções deve ajudar a enfrentar os desafios de deslocamento durante a pandemia.
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
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