Meu carro é uma tela
A corrida para transformar automóveis em “smartphones sobre rodas” está resultando em painéis digitais cada vez maiores
Assim que um novo automóvel chega às lojas, uma das principais novidades costuma ser o tamanho da tela, que, pouco a pouco, vai crescendo e ganhando novas funções. Parece ser um caminho sem volta. Se, na metade da década passada, uma central multimídia de 7” tinha um bom apelo, hoje ela não causaria o menor interesse. Atualmente, para atrair alguns minutos de atenção, o painel precisa ostentar um visor na casa de 10”.
Ainda não se sabe até onde vai essa corrida. Mas a Mercedes-Benz deu uma pista. O mais recente automóvel elétrico de luxo da marca alemã, o EQS, chegou exibindo o que a montadora chama (não por acaso) de “hipertela”, um painel de vidro, com 1,41 metro de comprimento, que se estende de uma porta a outra, e engloba três mostradores. Aparentemente, enquanto houver espaço no painel, a tendência é de expansão. O limite é o próprio carro.
A superfície de vidro curvo, com comandos sensíveis ao toque, traz informações ao motorista (numa tela de 12,3”), um amplo monitor central de 17,7” e um terceiro mostrador de 12,3” na frente do passageiro.
A tecnologia Oled, de LEDs orgânicos, possibilitou a construção da tela curva. De acordo com a fabricante, o equipamento é produzido com padrão semelhante ao de telas de celular.
Além de serem sensíveis ao toque, as telas central e direita têm atuadores (oito unidades na primeira e quatro na segunda) que vibram ao toque do usuário. O objetivo é transmitir a sensação de acionamento semelhante à do botão mecânico. Diferentes níveis de pressão alternam entre vários menus.
O passageiro pode assistir a um filme no dispositivo de streaming enquanto o motorista tem à disposição as informações referentes ao veículo e à condução em sua própria tela. E não adianta querer dar uma espiadinha no filme. Uma câmera detecta quando o condutor olha para a tela do lado direito e, nesse caso, ela escurece para impedir a distração. Caso o banco direito não esteja sendo ocupado, o visor apresenta uma imagem decorativa.
O brilho da tela é automaticamente controlado de acordo com a iluminação ambiente para evitar ofuscamento. A Mercedes informa que a superfície curva do vidro é resistente a riscos, e acrescenta que marcas de dedos são facilmente removíveis com um tecido de microfibra.
Tela flutuante
O Lucid Air, primeiro automóvel da startup norte-americana Lucid Motors, está previsto para chegar aos clientes nos EUA ainda este ano. Entre os vários destaques do sedã luxuoso elétrico (que pode ter até 1.080 cv) está a tela curva de vidro, com tecnologia de resolução 5K e 34” (86 cm). Ela situada instalada logo à frente do motorista e “flutua” sobre o elegante painel. Além dela, o modelo tem uma tela vertical retrátil, no centro do painel, que concentra os diversos comandos do automóvel.
O Lucid Air chega para concorrer com o Tesla Model S. E não dá para falar de carro elétrico e monitores digitais sem mencionar a marca pioneira entre os automóveis elétricos de alto volume.
O Tesla Model S estreou, em 2012, quebrando diversos paradigmas. Além de sacudir a indústria automotiva com a propulsão elétrica, o modelo exibia uma grande tela vertical, no centro do painel, que dava acesso a praticamente todos os comandos do veículo, incluindo abertura do teto solar, por exemplo. Pois a nova versão S Plaid (capaz de gerar 1.020 cv) deu um passo adiante, ao apresentar tela horizontal de 17”. O novo monitor, maior do que a maioria dos laptops, cria um ambiente ainda mais vanguardista na companhia do volante, em formato de semicírculo, além da absoluta ausência de comandos no painel.
Se a Tesla abandonou a disposição vertical do monitor, por sua vez o Mustang Mach E apostou na receita.
No novo SUV elétrico da Ford (que nada tem a ver com o mítico pony car da marca), uma grande tela vertical de 15,5” incorpora a última geração do Sync, sistema de conectividade desenvolvido em parceria com a Microsoft. Da mesma forma como em celulares, pode-se personalizar a tela, movendo e ampliando ou reduzindo ícones, por meio de movimento de pinça com os dedos.
Além disso, o dispositivo incorpora inteligência artificial e é capaz de “aprender” com os hábitos do motorista. Assim, numa segunda-feira, ele pode lembrar o motorista de ir à academia se entender que isso faz parte da rotina semanal do usuário, além de sugerir algo como “ligar para casa” se aprender com o dono que a ligação é o costume diário, ao sair do trabalho.
Quer uma navegação personalizada?
Cadastre-se aqui
0 Comentários