Políticas públicas são tímidas, diz cicloativista João Alexandre Binotti
Falta acessibilidade, sobram terrenos irregulares, buracos e vias estreitas
O balconista João Alexandre Binotti, 40 anos, pedala diariamente cerca de 13 quilômetros entre a Vila Jacuí, onde mora, na zona leste de São Paulo, até chegar ao trabalho, na Penha. Para além do uso pessoal da bicicleta, Binotti é uma referência do cicloativismo nas periferias. No YouTube, o canal Ciclista Binotti registra trajetos feitos por ele e escancara diversos problemas, como as dificuldades enfrentadas por pedestres e pessoas que usam cadeira de rodas.
Há mais de 20 anos, as parcerias com coletivos e outros ativistas fortalecem as pautas e permitem organizar protestos e promover reuniões. É desse engajamento que saem demandas e cobranças de medidas concretas frente ao poder público. A seguir, Binotti diz quais os principais pontos de atenção para que as bicicletas sejam meios de transporte seguros para todas e todos.
“A pessoa que não tem conforto e segurança em seus deslocamentos a pé, enfrenta calçada ruim, anda de bike onde não tem estrutura e no transporte público demorado já chega cansado no trabalho, no estudo ou em casa. O ciclo do estresse só aumenta, adoecendo quem precisa diariamente se deslocar por grandes distâncias”
Binotti, cicloativista paulistano
As políticas públicas para ciclistas e pedestres são tímidas
A atual gestão [da prefeitura], por exemplo, usou do artifício de audiências públicas e reuniões para enganar muitos ciclistas. Ao longo dos anos, vi que muitas pautas com sugestões de trajetos, zeladoria e reforço de fiscalização foram ignoradas.
Calçadas ruins prejudicam pedestres e ciclistas
A cidade sempre foi projetada para a fluidez de automóveis. Em muitos bairros, ciclovias e ciclofaixas fazem o papel de calçada ou espaço de atividade física para pedestres.
Falta acessibilidade, sobram terrenos irregulares, buracos e vias estreitas
Um problema muito comum nas periferias é a grande quantidade de vielas com escadas [o que exclui pessoas com deficiência e dificuldade de locomoção]. Algumas vias são estreitas e não comportam, por exemplo, ônibus articulados. Nesses locais, é importante o acesso de vans, calçadas boas e ciclovias. A segurança dos moradores também depende de tráfego melhor e velocidade reduzida dos motorizados. Muitas pessoas não têm garagem para guardar os veículos e param nas ruas, dificultando a locomoção da comunidade e o acesso de caminhões de lixo, veículos de entrega de mercadorias e socorro médico.
A segurança física dos mais vulneráveis tem de ser priorizada. Mobilidade e transporte público não podem ser negligenciados
As sinalizações viárias básicas e a fiscalização no trânsito são sendo deixadas de lado, colocando em risco ciclistas e pedestres. O deslocamento em bairros mais afastados começa primeiro com a gente sendo pedestre e depois vêm os modais de transporte.
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