Reinserção social: uma chance de recomeçar
Instituto Recomeçar atua na recolocação social de egressos do sistema penitenciário
A reinserção social de ex-presidiários é um trabalho que enfrenta forte preconceito da sociedade. O registro da passagem pelo sistema penitenciário inviabiliza o acesso à concorrência legal por vagas de trabalho, situação que os leva à informalidade. Em casos mais extremos de pressão social, a vida ilegal acaba sendo o caminho. Apoiar e gerar mais postos de trabalho para esse público — que decidiu escrever uma nova história de vida — é uma necessidade urgente.
Fui criado no Itaim Paulista, extremo leste de São Paulo. Ainda criança, ingressei no Corinthians e fui jogador profissional. Contudo, o declínio profissional, somado ao descumprimento trabalhista de alguns clubes no início dos anos 2000, me fizeram abandonar a carreira precocemente. Voltei para o meu bairro e me deparei com uma família em delicada situação financeira. Sem oportunidades, fui acolhido pelo crime e me tornei um atuante vendedor de drogas, até que fui preso.
Ainda na cadeia, fui convidado pelo amigo Edu Lyra, CEO e fundador da Gerando Falcões, a mudar de vida. O desafio era abandonar as práticas criminosas e resgatar a minha cidadania assim que ganhasse a liberdade. Não só aceitei a provocação como fui o primeiro egresso ressocializado do projeto, sendo contratado para fazer parte do grupo de colaboradores da GF.
Com o objetivo de reintegrar à sociedade ex-detentos, qualificando e empoderando essas pessoas para trilhar um novo caminho social e profissional, fundei o Recomeçar. Desde então, por meio de uma metodologia que inclui atendimento inicial, encontro com mediadores e dinâmicas com a equipe multidisciplinar, já reinserimos centenas de pessoas no mercado de trabalho.
Segundo o relatório Reentradas e Reiterações Infracionais — Um Olhar sobre os Sistemas Socioeducativo e Prisional Brasileiros, divulgado pelo Departamento de Pesquisas Judiciárias do Conselho Nacional de Justiça e o programa Justiça Presente em março de 2020, 42,5% das pessoas com mais de 18 anos que tinham processos em 2015 voltaram ao sistema prisional até o final do ano de 2019.
Para efeito de comparação, no ano de 2018, o Instituto Recomeçar conseguiu acompanhar 114 egressos atendidos pela nossa equipe através do sistema Semear do Tribunal de Justiça de São Paulo, em parceria com o Instituto Ação pela Paz. Os dados apontam que somente 3% deste público foi reincidente. Nos anos de 2019 e 2020, o acompanhamento dos atendimentos aconteceu em parceria com a doutora Orleide Rosélia Nascimento da Silva, Juíza da 2ª Vara regional de Execução Penal de Recife (PE), e, segundo levantamento, dos 328 egressos monitorados, apenas 5% reincidiram.
INSTITUTO RECOMEÇAR
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