“A Caoa Chery vai crescer 50% em 2022”
Marca ficou em décimo lugar em vendas no País em 2021 e estuda plano de expansão internacional. Mauro Correia, CEO da Caoa, grupo que fabrica carros da Chery e da Hyundai, é importador Subaru e tem vários negócios no setor de veículos
Mauro Correia é versátil. Quando trabalhou na Ford, ajudou a criar o projeto Amazon, que incluía a fábrica de Camaçari (BA), e o EcoSport. Depois, passou por Volkswagen, Nokia, Semp Toshiba, Metalfrio e a fabricante de moda íntima Scalina.
Ingressou na Caoa em 2014 e há cinco anos é CEO da empresa que controla as operações da Chery no País. O grupo brasileiro tem fábricas em Jacareí (SP) e Anápolis (GO), faz veículos da marca chinesa e da Hyundai, da qual também é importador oficial, assim como da japonesa Subaru.
No final de dezembro de 2021, o executivo, que está fazendo um MBA em agronegócio, recebeu o Estadão na sede da Caoa, em São Paulo.
Como foi o desempenho do Grupo Caoa em 2021?
Mauro Correia: Foi muito bom. A marca Caoa Chery cresceu quase 100% em vendas e o market share vai fechar em 2%. Sofremos pouco com a falta de componentes. Também crescemos em vendas nas lojas. De janeiro a novembro, foram 95 mil carros. Fizemos do limão a limonada.
No início da pandemia, em 2020, fechamos fábricas e lojas por decreto. Tivemos de aprender a viver nessa nova realidade. Mantemos distanciamento social, usamos óculos de proteção, máscaras e onde quer que você vá tem álcool em gel. Creio que essa é uma cultura que veio para ficar.
Também aceleramos muito os processos digitais. Conseguimos ficar em home office sem percalços. Estávamos muito bem preparados, com uma boa infraestrutura. Evidentemente, o negócio foi afetado. Mas 2021 foi bem melhor que 2020.
Há alguma decisão que o sr. tomou em 2021 e que faria diferente?
Correia: Temos de olhar as decisões que tomamos e aprender com elas para melhorar as próximas. Tomamos decisões corretas em 2020 e 2021, como proteger o caixa e os empregos. Nós tínhamos de manter o País rodando e responsabilidade com nossos funcionários.
Além disso, decidimos em 2020 que não iríamos parar os investimentos e o lançamento de novos produtos. Em 2020, em meio ao pico da pandemia, lançamos o (sedã) Arrizo 6 Pro e (SUV de sete lugares) Tiggo 8, que foi um sucesso. E mantivemos os investimentos em 2021. Lançamos o (SUV) Tiggo 3X Pro e o Tiggo 7 Pro.
O principal é que o grupo se uniu mais. Tomamos decisões em conjunto. Ouvir todo mundo – aí está a beleza e a grandeza para tomar decisões corretas. Vamos errar? Muito! Vamos continuar errando? Normal. Somos seres humanos e vamos aprender com os erros.
O que prevê o plano de investimentos de R$ 1,5 bilhão anunciado no fim de 2020?
Correia: Lançamos novos carros, mexemos nas fábricas e abrimos lojas. Além disso, nossa publicidade é muito forte e faz parte do plano de investimentos. Vamos lançar mais carros em 2022 já no primeiro trimestre. Além disso, teremos novidades em eletrificação.
Infelizmente, sofremos uma grande perda em 2021, que foi a morte do doutor Carlos Alberto, fundador do grupo. Ele havia profissionalizado a empresa e feito todos os ajustes para ela andar sem ele, mas a pessoa dele era um ícone para todos nós. Ele nos motivava todos os dias, estava sempre dando bronca e trabalhava muito. E tem uma questão curiosa.
Em outras empresas em que eu trabalhei, quando eu dizia que iríamos contratar, era comum ouvir “Mais gente para quê?” O dr. Carlos dizia: “Que maravilha!” Estamos gerando riqueza, empregos. Assim, parte desse investimento criou mais 800 e poucos empregos em Anápolis (GO) e quase 200 em Jacareí (SP). Isso gera riqueza para o País e nós crescemos como uma marca nacional, que também era um sonho do dr. Carlos.
Ele queria criar uma indústria automobilística nacional e ela está aí. Continua crescendo e já é uma das dez maiores do País. E um motivo de orgulho para todos os funcionários da Caoa, para a família do dr. Carlos, e para todos nós, brasileiros, ter uma empresa nacional desse porte.
Quais são os planos da Caoa para 2022 e o que será feito para alcançar as metas?
Correia: A nossa indústria é totalmente afetada pelo dólar. Mesmo produtos e componentes locais sofrem um impacto muito forte quando a moeda sobe, porque as matérias-primas são cotadas em dólar. Seja aço, plástico ou alumínio. Assim, até o conteúdo local é afetado.
Há ainda o custo da energia, que subiu muito. Então, todos os preços subiram, e não foi apenas na indústria automobilística. Isso impacta o volume de vendas. Em 2022, o mercado deve fechar com 2,1 milhões, 2,2 milhões de vendas. E será um ano complicado, por causa das eleições e do risco de inflação. E isso não é apenas no Brasil. Quando você imaginaria que os Estados Unidos teriam inflação de 6%? Inflação na China? A Europa toda está sofrendo. E quando os EUA espirram, não é gripe, é pneumonia global.
A pandemia está fazendo países voltarem a aumentar as restrições porque não têm o mesmo nível de vacinação do Brasil. Se o dólar continuar a subir, os preços dos carros vão junto. Temos de oferecer o que é mais adequado para o consumidor. Além da montadora, temos nossa rede de distribuição, locadora, empresa de consórcio, corretora de seguros e uma mesa de financiamento muito grande.
Além disso, existe toda a parte de registro de veículos e um pós-vendas muito forte. Então, podemos oferecer opções de mobilidade com menor custo de propriedade. Não estou falando apenas de comprar um carro.
Quando um consumidor entra em uma de nossas lojas, devemos dar um tratamento que ninguém oferece. Quando ele precisa do pós-vendas, deve encontrar tecnologia e um tratamento que ninguém oferece. Não creio que haja outras lojas que ofereçam transparência tão grande quanto as nossas.
Em todas elas existe, por exemplo, scanner de pneu, que permite mostrar se está ou não na hora de substituir essas peças. Ou seja, não queremos “empurrar” nada. Toda a revisão pode ser acompanhada pelo cliente por meio de uma plataforma de vídeo. Ele pode ver o que está sendo feito e aprovar ou não um serviço. Isso é espetacular. É tudo baseado em aspectos técnicos, avaliados por meio de tecnologia avançada. No mesmo sentido, procuramos oferecer o menor custo de seguro.
Por exemplo, no lançamento do Tiggo 8 o seguro era de R$ 2.600, independentemente do perfil do comprador. Também oferecemos locação, inclusive de curto prazo, que o cliente pode utilizar quando deixa o carro para um serviço, por exemplo.
Ele pode usar o carro por um fim de semana ou apenas algumas horas. Também oferecemos planos de assinatura, que pode ser uma espécie de consórcio com taxa diferenciada. No fim do plano, ele pode comprar o mesmo carro que estava assinando. Ou seja, oferecemos um amplo leque de opções. Também temos vendas de peças no “B to B” e vamos entrar no “B to C”.
Ou seja, além de oferecer produtos de ótima qualidade, estamos levando serviços adicionais para manter o consumidor na marca. Outro ponto positivo é a agilidade das decisões na Caoa. Como a empresa é brasileira e todas as operações estão no País, conseguimos fazer ajustes de rota muito rapidamente. Essa é a nossa estratégia. Oferecer produtos tops, preços e serviços competitivos.
Tem uma gama de opções para facilitar a mobilidade do consumidor.
A demanda por carros por assinatura continuará crescendo?
Correia: Os mais jovens têm esse conceito de não precisar ter a propriedade. Eles preferem investir o dinheiro que seria usado na compra do carro em outros tipos de serviço e produtos. Muitos querem viajar, ir a um bar, tomar cerveja com amigos.
Então ele diz: “Eu não preciso ter um carro, uso carro por app.” Em 2016, quando eu era presidente da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), fui a um congresso em Detroit (EUA) e essa era uma grande discussão. Ou seja, veículos autônomos, aluguel, etc. Um alemão que era executivo da (consultoria) Roland Berger e morava nos EUA, já confirmava essa tendência. Tanto que a idade média de quem compra o primeiro carro está subindo.
No Brasil, a gente observa isso também em relação à habilitação. Esse engenheiro disse que a linha de corte é a pessoa formar família, ter o primeiro filho ou mudar de trabalho. Nas grandes cidades, serviços como carro por aplicativo, táxi, etc, funcionam bem. Esse alemão contou que, quando morava em Los Angeles, só usava carro por app. Porém, após se mudar para um local mais afastado, comprou um carro pra ele e outro para a mulher.
O conceito de mobilidade está mudando. Antes, todo mundo queria ter um carro na garagem. Mas isso mudou. Mas há questões a considerar. Um carro por assinatura, por exemplo, é muito mais acessível para quem está mais estabilizado financeiramente, o que não é comum no caso dos jovens.
Quando esse público de maior poder aquisitivo avalia que, ao assinar ele não vai ter de se preocupar com a burocracia, como recolher IPVA e cuidar do seguro, não vai arcar com a desvalorização do produto e vai ter o carro sempre disponível, é muito mais interessante. Mas há mercado para todo mundo. Tem quem prefira ser dono do carro e compra novo e tem o que prefere o seminovo. Tem gente que prefere andar de seminovo maior, mais confortável e de um nível acima do que com um zero-km mais simples.
É lógico que haverá uma mudança nos volumes. O tamanho da fatia de pizza da assinatura vai crescer, mas isso não quer dizer que os outros modelos de distribuição que existem hoje vão acabar.
O que o governo precisa fazer para fomentar o setor e desenvolver a economia?
Correia: A primeira coisa é que temos de acabar com a polarização. Não critico nenhum governo. As empresas têm de trabalhar e se adequar, independentemente do tipo de governo. Não existe governo sem povo e para que haja desenvolvimento é preciso haver emprego.
Outro ponto importante é que existe muita interferência do governo na indústria. As empresas sabem o que deve ser feito. O governo deveria legislar sobre resultados e não tecnologias. Não faz sentido o governo dizer que o carro tem de ser elétrico, híbrido ou a combustão. O papel do governo deveria ser legislar sobre as emissões.
Cada empresa deveria ser livre para criar sua tecnologia para atender aquele objetivo. O Brasil é rico em conhecimento sobre carros flex. Podemos ter híbridos flex, por exemplo, porque o flexível é o que menos gera carbono quando a gente considera toda a cadeia de produção.
A Bosch estava trabalhando em um motor a combustão que, considerando toda a cadeia de produção, seria menos poluente que um equivalente elétrico. Também precisamos trabalhar fortemente para melhorar o equilíbrio entre exportação e importação, trazer mais dólares e estabilizar a inflação.
Se isso for feito, o resto a indústria toca. No Brasil, a maioria das pessoas não tem capacidade financeira para comprar um à vista. E não estou falando só de veículos. É assim com a geladeira, o fogão, o liquidificador. E com os juros nas alturas isso fica cada vez mais complicado. Outro ponto muito importante é que não podemos ser apenas produtores e vendedores. Temos de ser detentores do conhecimento e das tecnologias.
Sobre eletrificação veicular, qual será a tecnologia que deve prevalecer no Brasil?
Correia: A eletrificação veio para ficar. A grande questão é: como é gerada a energia que vai ser usada nesses veículos? No Brasil, temos as mais variadas e limpas formas de geração de eletricidade do mundo. Então, porque estamos queimando combustível se temos fontes eólicas e fotovoltaicas?
Eu vi outro dia uma ilustração que mostrava um carro elétrico sendo recarregado em um gerador a diesel. Eu concordo totalmente com o Botelho (Besaliel Botelho, que acaba de deixar a presidência da Bosch). É preciso descarbonizar e não, necessariamente, eletrificar. O Márcio Afonso (ex-CEO da fábrica da Caoa Chery, em Jacareí, e novo vice-presidente do Grupo) está desenvolvendo pesquisas com as universidades Estadual e Federal de Goiás na área de biocombustíveis.
Estamos indo muito bem e já temos algumas patentes. Já publicamos artigos na imprensa especializada e logo devemos apresentar novidades. Foi o Brasil que desenvolveu a tecnologia flex. Quando a gente compara com eletrificação, seja um carro híbrido comum, plug-in, de autonomia estendida ou elétrico puro, o flexível produz muito menos carbono. Isso considerando toda a cadeira de produção.
Entendo que essa é a avaliação que temos de fazer. O Pablo (Pablo Di Si, chairman executivo da VW América Latina, que disse ao Estadão que era tratado com desdém por defender a tecnologia flexível na matriz da empresa) não é um dinossauro. Ele está no caminho certo e eu o admiro muito.
Ele defende a descarbonização, e não uma tecnologia específica. Nós não controlamos a natureza, mas podemos controlar a plantação de cana. O agronegócio do Brasil é muito produtivo e eficiente.
A energia fotovoltaica também é uma boa opção no Brasil…
Correia: A fábrica da Caoa em Anápolis (GO) tem o maior painel de energia fotovoltaica vertical do mundo. Ele está instalado no laboratório de desenvolvimento de motores. O Márcio Afonso está muito envolvido nesse projeto, juntamente com uma empresa de Minas Gerais e um laboratório na Alemanha.
Trata-se de um acetato que capta energia solar em qualquer ângulo. Então, no futuro, poderemos ter painéis no teto do carro para captar energia solar. Precisamos aprimorar e desenvolver novas tecnologias no Brasil.
O conhecimento tem muito mais valor do que o nível de produção. Por isso, não podemos tomar decisões pressionados por quem detém o conhecimento das tecnologias.
A Caoa tem planos de expansão, de avançar para outros mercados?
Correia: Sim, e nós já fizemos uma experiência. O Márcio liderou isso, exportamos para o Paraguai. Estávamos estudando o Uruguai, mas primeiro precisamos consolidar o mercado brasileiro. Há novos produtos e grandes oportunidades em vista. Só depois disso vamos dar passos para fora do País.
Somos uma empresa familiar, de capital fechado. Eu brinco que, quando tenho reunião com fornecedor, às vezes preciso consultar o headquarters na Suécia, que é o nome da rua onde mora a família do doutor Carlos. Não precisamos bater na porta de nenhum outro país.
Temos de fazer as coisas com os pés no chão. Portanto, vamos continuar crescendo no mercado brasileiro. A marca Caoa Chery cresceu 100% em 2021 e, em 2022, o objetivo é crescer 50%. Quando compramos 50% da fábrica da Chery, em Jacareí, e criamos a Caoa Chery, as vendas eram de 3 mil carros e saltamos para 10 mil no primeiro ano.
O único período em que não crescemos foi de 2020 para 2021. Depois de consolidar o Brasil, vamos começar a buscar países vizinhos. E até mesmo o México, um dos países com os quais o Brasil têm tem acordos bilaterais.
Sua carreira inclui passagens por várias empresas de veículos, mas também pela Nokia e pela Scalina, do setor de roupas íntimas. Como foi esse período?
Correia: Tudo é aprendizado. E o consumidor é o mesmo. Quem compra celular compra TV, carro e roupa íntima. Saí de automóveis e fui para a Nokia, que era um mundo totalmente diferente, tanto na velocidade quanto nas tecnologias. Em veículos, a estratégia eram ciclos de cinco anos, com orçamento anual.
Na Nokia, o orçamento era semestral em todo mês de janeiro fazíamos uma revisão com a Finlândia. Juntei os processos de gestão da indústria de veículos com a velocidade da de celulares e ficou espetacular. Um ano depois, a operação do Brasil exportava até para a China.
Depois fui para a Semp Toshiba, que também tinha uma velocidade muito grande e contava com desenvolvimento de chineses e japoneses. Mudamos bastante o processo de desenvolvimento de TVs. Aprendi a tratar os clientes de forma individual e como deve ser o serviço de pós-vendas.
Daí fui para a Scalina, que faz roupa íntima feminina. Foi um choque imenso, sobretudo por causa dos volumes de produção e dos números de pontos de venda. Uma vez, durante o lançamento de uma coleção, o Eduardo (Eduardo Costa, CEO da Loungerie) fez uma apresentação que me marcou muito. Ele disse que iríamos vender uma roupa assim, uma roupa assada, mas não só isso. Iríamos vender conforto, sensualidade, poder e autoconfiança. Era isso que as pesquisas mostravam que a mulher buscava quando comprava uma roupa íntima. Então, hoje eu entendo que não devemos vender apenas um carro.
Nós oferecemos mobilidade, segurança, conforto, desempenho, status e prazer. Antes, o consumidor queria saber a potência do motor. Agora, ele pergunta se tem Android Auto ou Apple CarPlay.
Então, para esse cliente nós temos de oferecer mobilidade conectada. Precisamos continuar oferecendo o melhor motor, câmbio e suspensão, mas não é só isso. Tenho de oferecer formas de ele tomar o melhor percurso, chegar mais rápido e gastando menos. Bem como ouvir as mensagens do e-mail do WhatsApp, espelhar a tela do celular.
Certa vez, uma senhora entrou na loja e perguntou várias vezes ao vendedor se o carro tinha ABS. Ele quis saber o motivo da insistência e ela respondeu que não sabia o que era ABS, mas que seu vizinho havia dito que se tratava de um item muito importante para segurança.
Como ela estava comprando o carro para o filho, queria o modelo mais seguro possível. Ou seja, temos de entender o que o consumidor quer e oferecer a melhor opção possível. Não podemos ser arrogantes e criar produtos para engenheiros, mas para o cliente. Então, também é preciso saber ouvir e explicar bem como a tecnologia funciona, porque muitas vezes o cliente não sabe verbalizar o que ele busca.
A indústria tem soluções que o consumidor muitas vezes nem sabe que existem, mas que atendem alguma necessidade dele. Uma boa dica é a gente não ficar olhando apenas para o nosso tipo de negócio. Depois de velho, estou fazendo um MBA em agrobusiness.
O Márcio e a minha filha também estão. Eu vejo algumas soluções e penso que podemos utilizá-las na indústria da mobilidade. É preciso sair do casulo, ver o que os outros estão fazendo. Há tecnologia e inovação em tudo o que é canto. Só precisamos estar abertos para ver isso.
Houve alguma decisão que você tomou e que, se pudesse, mudaria?
Correia: Estou há oito anos na Caoa, sendo cinco como CEO. Quem está nessa posição não é muito melhor nem pior do que qualquer outra pessoa da empresa. Adoro falar com o vendedor da loja, o operador de manufatura. Todos têm ideias maravilhosas e muitos dos insights vêm dessas conversas. São as pessoas que mais conhecem o processo.
Costumo ir à fábrica, fazer reuniões no cafezinho, com o pessoal da linha de produção. É um troço espetacular e eu aprendo muito. Eu digo que estou CEO, não sou CEO. Um ponto importante é que as decisões não são tomadas por uma pessoa só. Temos uma equipe maravilhosa de diretores e gerentes, com muita experiência. Eles vieram de outras marcas e outras empresas. Eu procuro me aconselhar muito com esses caras.
O Márcio, da manufatura, o Gonzaga, do pós-vendas, o Jack, da locadora, o Marcelo, o Pedrosa, que cuida de importações. Isso para citar apenas alguns. Mas, às vezes, dá errado e a gente fica sem dormir. No outro dia, tem de chamar todo mundo e decidir em conjunto.
No inicio da pandemia, criamos um comitê de crise. Todo dia, tomávamos decisões em conjunto. Brigamos, discutimos e ficamos tristes, mas unidos como um time deve ser. Aí, você volta a dormir bem, porque faz parte de uma equipe que ajuda na tomada de decisões. É claro que, às vezes, você tem de dar o voto de minerva, mas isso também é fruto de um consenso.
Se pudesse mandar hoje uma mensagem pro Mauro que se formou em 1985 em engenharia industrial, que seria?
Correia: Confie, você vai conseguir! Digo isso para todos os jovens. Precisamos ter mais esperança, confiar mais no Brasil. Vejo o exemplo do dr. Carlos, veja o que ele construiu.
É uma grande empresa que foi construída a partir de algo quase falido. E há outras, como Randon, Iochpe e Neo Rodas, apenas no setor de veículos. É preciso se inspirar nos grandes exemplos e fazer com tenacidade, com vontade, não sair da linha e correr para os objetivos.
Graças a Deus, tive grandes mestres que fizeram por mim e me empurraram. Faça com paixão, seja focado, persistente e acredite. Temos muita esperança de poder construir um grande país.
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