Caminhos da mobilidade em 2022
“A maior parte das pessoas, em todas as cidades em que a pesquisa foi realizada, é favorável ou muito favorável à implementação de novas ciclovias e ciclofaixas.”
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02/02/2022
A mobilidade urbana, assim como muitos outros aspectos do nosso cotidiano, vem se transformando, desde o início de 2020, em razão da chegada da covid-19, no Brasil, e das limitações impostas pelo distanciamento social. As empresas que oferecem serviços relacionados à mobilidade precisaram reagir rapidamente e buscar alternativas para seguir oferecendo soluções mais adequadas à população e aos clientes, nesse período de incertezas.
Em 2021, com a melhora dos números da pandemia, no País, a reabertura do comércio e a volta às aulas e ao trabalho presenciais, a iniciativa privada buscou subsidiar estudos e pesquisas sobre o tema, a fim de identificar mudanças percebidas no deslocamento diário dos brasileiros e o surgimento de novos hábitos e tendências para o futuro.
Uma pesquisa do Itaú Unibanco feita em parceria com o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) em cinco capitas brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Porto Alegre) mostrou que, nessas cidades, as pessoas passaram a usar menos o transporte público para evitar aglomerações e, como alternativa, fizeram mais trajetos a pé e de bicicleta. O principal critério para escolher os meios de transporte no dia a dia passou de tempo de viagem para segurança.
Os entrevistados ainda responderam, com uma porcentagem superior a 50% em todas as cidades, que têm vontade de adotar a bicicleta como meio de transporte após a pandemia. Menos gastos com saúde A maior parte das pessoas, em todas as cidades em que a pesquisa foi realizada, é favorável ou muito favorável à implementação de novas ciclovias e ciclofaixas. Só em São Paulo, 77% dos entrevistados se declararam favoráveis ou muito favoráveis às que já existem na cidade e 85% disseram ser a favor da implementação de novas vias.
Outro levantamento, feito pela Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) com apoio do banco, apontou que, entre janeiro e junho de 2021, os recursos envolvidos nas transações relativas à importação e à exportação de bicicletas e componentes cresceram 122%, em comparação ao mesmo período de 2020, alcançando quase US$ 200 milhões, no primeiro semestre de 2021, o que demonstra interesse crescente das pessoas pela mobilidade ativa. Mesmo estudos anteriores à pandemia já indicavam a tendência da maior adoção do modal.
Pesquisas do Cebrap realizadas em 2018 e 2019 demonstraram outros benefícios da utilização da bicicleta, como as reduções de gastos em saúde pública, uma vez que as pessoas que adotam o modal no dia a dia previnem o desenvolvimento grave de doenças cardiovasculares, diabetes, entre outras.
Além disso, a bicicleta é uma opção de transporte que colabora com a redução de emissões de carbono, alternativa mais acessível em comparação aos carros. Segundo a Tembici, empresa líder da América Latina de tecnologia para micromobilidade e operadora do sistema Bike Itaú, nos anos de 2020 e 2021, as viagens feitas pelo sistema Bike Itaú pouparam a emissão do equivalente a 11 mil toneladas de CO2 na atmosfera, correspondente ao plantio de cerca de 77 mil árvores.
Sustentável e saudável
Talvez não seja possível, ainda, determinar os caminhos exatos para a mobilidade urbana em 2022 e além. No entanto, com base nesses e em diversos outros estudos e observações, podemos esperar que seja um ano de evolução, reencontros e novos caminhos, guiados pelo desejo de um futuro mais sustentável e saudável ao se pensar a mobilidade urbana.
É necessário seguir monitorando os hábitos de deslocamento do brasileiro e incentivando as pesquisas acadêmicas sobre o tema para podermos compreender, de forma mais efetiva, as melhores soluções para as pessoas, no que diz respeito à mobilidade urbana. Somente assim a iniciativa privada será capaz de investir corretamente recursos e os governos criar políticas públicas efetivas e que melhorem a vida das pessoas, especialmente nos grandes centros urbanos.
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
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