Quando e como começar a ler pras crianças
Quando e como começar a ler pras crianças
Cassiano Freire Miranda começou a ouvir histórias ainda na barriga da mãe, Isadora Freire. Hoje ele tem quatro meses e a hora da leitura na casa da família, em Brasília, é sagrada. No final do dia, quando todas as rotinas já foram cumpridas e ainda não chegou a hora de dormir, Isadora pega seu bebê no colo ou o coloca no carrinho, estica a mão para alcançar os livros que ela deixou num cesto perto do sofá, e começa a ler para ele. Cassiano não entende as palavras nem as histórias, mas começa a aprender a ler sua mãe e a entrar em contato com as emoções. Dia desses, ao ler um mito grego para o pequeno, ela franziu a testa para fazer cara de espanto e, quando menos percebeu, o bebê estava mexendo a sobrancelha.
Por que, como e quando começar a ler para uma criança
- O primeiro contato com a literatura ainda no colo dos pais é decisivo para que essa criança se torne uma pessoa leitora.
- A Pesquisa Retratos da Leitura revelou, em sua edição mais recente, de 2020, um crescimento no número de crianças leitoras no Brasil, especialmente na faixa dos 5 aos 10 anos. A influência dos pais, sobretudo das mães, e dos professores foi responsável por isso, segundo o levantamento.
- Zoara Failla, coordenadora da pesquisa, disse ao Estadão que a família está percebendo isso. “Quando ela lê para o filho, quando lê na frente das crianças, quando a presenteia com livro, isso faz toda a diferença”, comentou.
Zoara cita Bartolomeu Campos de Queirós (1944-2012), importante nome na questão da formação de leitores. “Ao defender que o conhecimento e a leitura acontecem em quatro dimensões (o afeto, a linguagem, a imaginação e a memória), Bartolomeu nos ajuda a entender como a contação de histórias para bebês pode despertar o prazer pela leitura. A leitura de livros de história pela família ou adulto, desde a primeira infância, possibilita compartilhar emoções. Ao ler ou contar histórias, a voz, a escuta, os gestos possibilitam associar o som das palavras à emoção que a história está transmitindo. Aprimora os sentidos e a atenção tão importantes na leitura.”
- O despertar da imaginação e o desenvolvimento da oralidade, da fala, da escuta e da curiosidade pelas imagens, palavras e o que está escrito tem início nessa fase e depende do contato com materiais, brinquedos e objetos com imagens e palavras e com livros.
- Os clubes de assinatura têm sido uma escolha de muitos pais que querem contar histórias para as filhos e não sabem por onde começar – mas querem bons livros de literatura.
“Assim como o brincar é uma experiência insubstituível para o desenvolvimento cognitivo, linguístico e emocional das crianças, conviver desde cedo com cantigas, parlendas, poemas e pequenas narrativas promove também conquistas importantes por meio das brincadeiras de linguagem e do “faz de conta” das narrativas”, comenta Márcia Leite, idealizadora da Pulo do Gato, uma das mais respeitadas editoras de livros para a infância.
- Livros podem ajudar as crianças a falar sobre si e a nomear quando entram em contato com histórias que as convidem a entender o que estão sentindo, o que não conhecem, o que precisam compreender melhor
Daniela Padilha, editora da Jujuba, que publica livros infantis, tem estudado livros que incluem o bebê na leitura e percebeu que havia poucos títulos nacionais. “A maioria era importada e mais preocupada com a materialidade (plástico, cartonado, pano) em detrimento da história, da estética. Muitos nem sequer têm autoria. Então comecei a provocar autores brasileiros a pensar nesses livros junto comigo”, diz. “A primeira recepção foi uma negativa, afinal, o que seria um livro para bebês?” Em 2019, a Jujuba criou a coleção Literatura de Colo, que tem hoje 11 títulos
Dicas
Obras, clubes e livrarias para incentivar a leitura
Livros para bebês; dez sugestões da mãe e educadora Denise Guilherme
- Aperte Aqui (Ática), de Hervé Tullet
- Um Abraço Passo a Passo (Panda Books), de Tino Freitas e Jana Glat
- Bebês Brasileirinhos (Cia. das Letrinhas), de Lalau e Laurabeatriz
- Bola Vermelha (Pulo do Gato), de Vanina Starkoff
- Céumar Marcéu (Jujuba), de Renato Moriconi
- Era Uma Vez Outra Vez (Barbatana), de Edith Chacon e Priscilla Ballarin
- O Mundo de Isa (Peirópolis), de Maria Cristaldi
- Tchim! (SM), de Virginie Morgand
- Bem Lá no Alto (Cia. das Letrinhas), de Susanne Strasser
- Bia e o Elefante (Jujuba), de Carolina Moreyra e Odilon Moraes
Clubes de assinatura
- A Taba
- Quindim
- Minha Pequena Feminista
- Leiturinha
- Clubinho do Livro do Submarino (não requer assinatura, apenas a compra do livro selecionado)
Livrarias especializadas na infância, em SP
- Miúda e Pé de Livro (Pompeia)
- Casa de Livros (Chácara Santo Antônio)
- NoveSete (V. Mariana)
- PanáPaná (V. Clementino)
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