Veículos de locadora são opção interessante entre seminovos
Manutenção correta e cuidado com aparência são destaques; quilometragem varia de acordo com modelo
Os critérios adotados pelas locadoras quando tiram um veículo da frota e o colocam no mercado de usados fazem desses modelos uma opção interessante. O cuidado vai além do que se vê por fora e as empresas checam motor, câmbio, sistema de iluminação e a carroceria no momento de colocá-lo à venda.
“Na Localiza, o veículo passa por uma inspeção que inclui mais de 200 itens”, afirma Flávio Mergener Salles, diretor-executivo de Seminovos da empresa, que tem 127 lojas de usados no País. De acordo com o executivo, a verificação é feita em itens mecânicos, elétricos, estruturais e aqueles de desgaste natural (como pastilhas e sapatas de freio, por exemplo).
O procedimento é semelhante dentro da locadora Unidas: “Todos os veículos passam por uma rede de fornecedores credenciados e a checagem inclui ainda suspensão, freios e pneus. E cada uma de nossas lojas [68 unidades] tem um consultor de qualidade”, garante Édson Rocha, diretor de Seminovos da empresa. Vale dizer que o Código de Defesa do Consumidor estabelece 90 dias de garantia para os usados e na Unidas também existe a possibilidade de contratar garantias de um e dois anos.
A Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) recorda que a qualidade desses modelos resulta do cuidado que eles recebem enquanto estão na frota. “Os carros de locação têm um padrão a ser seguido, com as revisões determinadas pela montadora e a aparência sempre em dia”, afirma Marco Aurélio Nazaré, presidente da entidade.
De acordo com o executivo, a quilometragem média dos automóveis de locadora estaria entre 40 mil e 50 mil. “Mas há também frotas com contratos de longa duração [como aquelas de empresas de telefonia e TV por assinatura], em que os carros vão até 70 mil ou 80 mil”, diz o presidente da Abla.
Segundo Rocha, da Unidas, os hatches adquiridos pela locadora são vendidos com 70 mil quilômetros no máximo. “Para carros de luxo são 40 mil a 50 mil quilômetros em média. Se forem utilitários como picapes, o limite está entre 70 mil e 80 mil quilômetros”, afirma.
Boa aparência é essencial
De acordo com a associação das locadoras, existe uma orientação para que as associadas reparem sempre danos na carroceria, nos revestimentos de bancos e das portas. “Na Unidas, todos os carros colocados à venda passam por lavagem e polimento. Chegando à loja são higienizados. E essa higienização se repete a cada test drive como prevenção à covid-19”, garante Édson Rocha. A Localiza informa que também adota lavagem e polimento quando coloca o veículo à venda e mantém os protocolos contra a covid-19 enquanto esse carro estiver no pátio.
A Abla informa que a qualidade atual desses usados reflete a mudança de perfil do cliente de locadora: “Muita gente passou a alugar um veículo pela agilidade que isso traz. E esse usuário quer sempre carros novos e com tecnologias atuais”, afirma Nazaré. Outro ponto destacado pelo presidente da associação das locadoras é a procedência: “Um carro proveniente de locadora tem sua origem conhecida e recebe assistência técnica durante todo o ciclo de vida.”
Carros de entrada ainda são os mais vendidos
De acordo com o presidente da Abla, os hatches ainda dominam as locações e por isso têm maior oferta na hora da revenda. Segundo a associação, o modelo mais comprado pelas locadoras em 2021 foi o Fiat Mobi Like, com 29.571 unidades. “Os carros de entrada respondem por 40% do total. Em seguida vêm os SUVs, com cerca de 15%. As picapes pequenas e médias somam 16%.”
Édson Rocha, da Unidas, ressalta que o mercado está mudando. “Os SUVs já respondem por cerca de 40% dos zero-quilômetro. Para nós eles já têm presença semelhante à dos hatches”, garante o diretor de Seminovos da locadora.
Mercado de usados caiu quase 25% no 1º trimestre
A venda de automóveis e comerciais leves usados somou pouco mais de 2 milhões de unidades de janeiro a março, registrando queda de 24,7% na comparação com iguais meses de 2021, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
“Essa retração é um somatório de diferentes fatores. Os preços dos usados subiram muito por causa do aumento dos novos. E o crédito está mais difícil desde outubro de 2021 pela conjuntura econômica”, afirma Enílson Sales, presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores e Veículos Automotores (Fenauto).
O presidente da Abla afirma: “A alta dos usados, dos juros, a perda do poder aquisitivo e a apreensão pelo cenário político e econômico trazem insegurança e resultam numa retração natural do mercado.”
A queda nas vendas de usados neste primeiro trimestre também decorre de um recuo em igual proporção (-24,7%) no mercado de automóveis e comerciais leves novos, já que a maior parte das transações de um zero-quilômetro envolve um carro de segunda mão como parte do pagamento.
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