Água potável desperdiçada atenderia 66 milhões de pessoas, diz especialista
Nos primeiros seis meses de 2022, o Brasil perdeu 40% de toda água potável captada. Na região norte, mais da metade ficou inutilizada por causa das falhas no saneamento básico e na distribuição
Relatório do Instituto Trata Brasil mostra que, nos primeiros seis meses de 2022, 40% de toda água potável captada no País foi perdida. Na região norte, o índice é ainda pior: 51% da água produzida foi desperdiçada por causa de falhas nos sistemas de tratamento e na distribuição.
Luis Arís, gerente de desenvolvimento de negócios da Paessler Latam [empresa especializada em monitoração de redes], afirma que o volume desperdiçado por causa desses problemas daria conta das necessidades hídricas de 66 milhões de pessoas no Brasil durante um ano. Veja alguns dados destacados pelo especialista, a partir de informações da Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
– dos 5.570 municípios brasileiros, somente 2.007 têm, simultaneamente, Estações de Tratamento de Água (ETA) – plantas que tratam a água antes de seu consumo – e Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), unidades dedicadas ao tratamento de efluentes industriais e domésticos.
– em 2020, a média nacional de atendimento da população com sistemas de tratamento de água e de esgoto era de 46,5%, o equivalente a 82,1 milhões de pessoas.
– há um déficit importante nas Estações de Tratamento de Água de Reuso (ETARs), voltadas para o reaproveitamento em aplicações industriais de água produzida por ETEs. A região sudeste só tem 16 ETARs em operação.
– até 2030, o uso de água no Brasil deverá aumentar em 24%, superando a marca de 2,5 milhões de litros por segundo
Na tentativa de evitar o caos, o senado aprovou em junho de 2020 o novo Marco Legal do Saneamento Básico. “A nova norma impõe que, até 2033, mais de 90% da população brasileira terá de contar com fornecimento de água potável e serviços de esgoto”, diz Arís. Para ter uma ideia, em 2020 essa cobertura era de 46,5% (82,1 milhões de pessoas).
“Para reduzir o desperdício de água potável no Brasil e alcançar as metas estabelecidas pelo governo é necessário que as companhias e organizações de tratamento água tenham uma visão preditiva sobre as falhas no saneamento básico”, afirma. “A tecnologia tem um papel fundamental e indispensável na luta contra o altíssimo desperdício de água potável no Brasil.”
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