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Na água, não tem crise

Por: Hairton Ponciano Voz . 21/09/2022
Inovação

Na água, não tem crise

Enquanto a economia mundial parou na pandemia, segmento náutico se consolidou como uma ilha de prosperidade

4 minutos, 8 segundos de leitura

21/09/2022

Com 81 pés (24,8 metros de comprimento), o Intermarine 24M custa a partir de R$ 36 milhões e é o mais caro iate do salão. Foto: Intermarine

No momento mais agudo da pandemia de covid-19, quando a maior parte da população mundial se isolou em casa em busca de proteção contra o vírus, uma pequena parcela buscou isolamento social no mar, em barcos. Com o globo inteiro mergulhado em uma profunda crise econômica, o setor náutico navegou em águas calmas e viu os lucros subirem.

Quem quiser comprar um iate – tipo de embarcação que, dependendo do tamanho e acabamento, pode ultrapassar os R$ 40 milhões – precisa entrar na fila. Os estaleiros estão prevendo prazos de entrega em torno de seis meses, mas a espera pode ser maior. Na Azimut, marca italiana reconhecida como a maior fabricante de iates de luxo do mundo, o prazo pode chegar a 24 meses, dependendo do modelo.

“Mesmo que o cliente chegue com dinheiro, vai receber a partir de março de 2023”, afirma Fernando Assinato, CEO da Armatti. Ele diz que deve fechar o ano com 48 embarcações produzidas, expansão “de 20% a 30%”, em relação ao ano passado. Como a fábrica localizada em São José (SC) opera no limite da capacidade, as instalações estão sendo ampliadas com a finalidade de dobrar de tamanho para poder atender também às exportações.

Mudança de perfil

Além do crescimento em números, o executivo reforça que houve igualmente aumento no tamanho das embarcações. “Antes, vendíamos barcos de 24, 26 pés. Hoje, o cliente começa em uma de 39 pés”, diz. Como 1 pé equivale a 30 centímetros, na média, os compradores estão optando por iates a partir de 12 metros de comprimento.

Segundo a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e Implementos (Acobar), mesmo com a forte crise econômica, a busca por barcos de luxo e experiências náuticas cresceram 36%, em comparação com o período pré-pandêmico. No ano passado, de acordo com a entidade, o setor faturou R$ 2 bilhões, uma alta expressiva diante dos valores referentes a 2020 (R$ 1,6 bilhão) e a 2019 (R$ 1,2 bilhão).

São Paulo Boat Show retorna

É com essa expectativa de mercado aquecido que o São Paulo Boat Show abre as portas, na sexta-feira (23/9). Apesar de estar longe da água, o evento é considerado o maior do setor na América Latina, e não deixou de ser feito nem durante a pandemia. “Em 2020, realizamos um projeto ousado na raia olímpica da USP, criando ali uma marina”, relembra Thalita Vicentini, diretora-geral do evento.

No ano passado, já no formato indoor, a feira ocupou o pavilhão do São Paulo Expo, às margens da Rodovia dos Imigrantes, local que volta a ser ocupado agora. “Em 2021, tivemos um grande boom, com mais de 320 embarcações comercializadas no salão, contra pouco mais de 200 vendas, em 2020”, diz a executiva.

Neste ano, apesar das incertezas típicas de um ano eleitoral, Thalita espera repetir os números. De acordo com ela, esta edição contará com 123 embarcações expostas, ante as 100 apresentadas em 2021. “Os expositores vêm com força nos lançamentos”, garante. Segundo a executiva, haverá “mais de 50” novidades. A expectativa é que o salão movimente cerca de R$ 300 milhões.

De R$ 79 mil a R$ 36 milhões

Entre as principais novidades está o Sea-Doo Switch. A fabricante, reconhecida pelas motos aquáticas, vai apresentar uma embarcação com capacidade para até nove pessoas. O objetivo é avaliar a receptividade do público; por isso, o preço não foi informado. Nos EUA, o modelo custa a partir de US$ 28 mil (cerca de R$ 143 mil).

O Sea-Doo Switch Sport, da fabricante mais conhecida pelas motos aquáticas, fará sua estreia no Brasil, inicialmente, para avaliação de receptividade do público. Foto: Intermarine

A diretora da feira diz que um dos objetivos é mostrar que o mercado aspiracional é “tangível”. Haverá opções para clientes que almejam a primeira embarcação, como a lancha Mestra 160 Fishing, de 16 pés, ideal para pesca, que custa cerca de R$ 79 mil. As motos aquáticas partem de R$ 59 mil.

Na outra ponta, estão os iates de luxo. O mais caro do salão é o 24M, da Intermarine, que tem 24,8 metros de comprimento (81 pés) e custa cerca de R$ 36 milhões (mais detalhes na próxima pág.).

Além das embarcações, a feira irá mostrar o que chama de “brinquedos náuticos”, uma extensa gama de equipamentos de lazer, como tapetes flutuantes, pranchas, entre outros. “Quando o barco vai para o mar, a quantidade de coisas que se pode fazer é muito grande.”

25ª edição do São Paulo Boat Show 2022

Local: São Paulo Expo – Rodovia dos Imigrantes, km 1,5 – Jabaquara, São Paulo
De 23 a 28 de setembro
Ingressos: R$ 85; R$ 40 (acima de 65 anos); R$ 10 (PCDs)
Estacionamento: R$ 60 (carros) e R$ 35 (motos)
23 de setembro: das 15h às 22h
Demais dias de semana: das 13h às 22h
Sábado e domingo: das 12h às 22h
28 de setembro: das 13h às 21h

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