Eleições 2022: o que pensam as eleitoras? Elas podem decidir o resultado da votação
Pesquisa encomendada pelo Centro Feminista de Estudos e Assessoria ouviu mulheres sobre democracia, eleições, direitos e políticas públicas
Após 90 anos da conquista do voto feminino no Brasil, em 1932, as mulheres brasileiras são a maioria da população votante no País. Elas representam, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 52,65% dos votantes, enquanto os homens equivalem a 47,33%. Não à toa, muitos especialistas afirmam que as escolhas do eleitorado feminino podem definir, nas urnas, o rumo do País. Por outro lado, atualmente apenas 15% das cadeiras do Congresso Nacional são ocupadas por mulheres. Na disputa eleitoral deste ano, são delas apenas 33% das candidaturas. Ainda que seja um recorde em relação às eleições de 2018 e 2014, a marca não vai muito além da obrigatoriedade de reserva mínima de 30% de candidaturas para as mulheres nos partidos.
MAS O QUE PENSAM AS ELEITORAS BRASILEIRAS?
A pedido do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFemea), o Instituto Locomotiva fez uma pesquisa qualitativa para saber mais sobre esse público. Veja alguns dados do levantamento
Temas abordados na pesquisa
→ democracia
→ os partidos e os três poderes
→ a relação com a política institucional e as eleições
→ as eleições de 2018
→ direitos e políticas para mulheres
Pontos de vista
- Dentre as principais dificuldades enfrentadas hoje pela população brasileira, as participantes da pesquisa destacaram a crise econômica agravada pela pandemia, que gerou dificuldades em relação ao mercado de trabalho e o aumento no custo de vida da população.
- Para as mulheres ouvidas, a democracia está associada a liberdades em geral, especialmente para expressar opinião, ser ouvidas e se manifestar livremente
- Elas acham, porém, que na maioria das vezes os eleitores são ouvidos apenas na hora do voto.
- Diferentemente dos homens, as mulheres tendem a olhar para a política considerando seu impacto efetivo na vida cotidiana.
- As mulheres dão mais importância a questões sociais, a exemplo de preocupação com a saúde, o desemprego, a inflação e a fome.
Arrependimento e vergonha
- Das eleitoras ouvidas pela pesquisa, a maioria diz que votou em Jair Bolsonaro na eleição de 2018
- Na entrevista, muitas demonstraram arrependimento e vergonha
- Quando perguntadas sobre o que as levou a essa escolha, as principais justificativas foram:
→ os escândalos de corrupção que envolviam o Partido dos Trabalhadores (PT)
→ a aposta em um candidato que tinha “ideias diferentes”
→ os valores compartilhados com o candidato, como a defesa da família - Quando perguntadas sobre as críticas ao atual governo, as principais respostas foram:
→ incapacidade de enfrentar a crise econômica
→ descaso e mau exemplo em relação ao cuidado com a saúde na pandemia
→ a postura em geral do presidente, considerada incompatível com o cargo
→ o cerceamento de liberdades
→ precarização de serviços públicos fundamentais
→ as participantes também reclamaram da ausências de políticas públicas efetivas para as mulheres, especialmente em seus papéis de cuidadoras
→ elas demandam, ainda, maior atenção à saúde da mulher
Metodologia (como foi feita a pesquisa)
- condução: Instituto Locomotiva
- tipo de pesquisa: qualitativa por meio de grupos de discussão online
- perfil das entrevistadas
→ mulheres com título de eleitor que votaram nas últimas eleições e pretendem votar nas próximas
→ mulheres que não estão localizadas nos extremos do espectro ideológico (extrema esquerda ou extrema direita)
→ mulheres que não estejam convictas de seu voto para Presidente em 2022
→ mulheres que não participem de partidos políticos, coletivos, movimentos sociais etc. - faixa etária
→ de 18 a 34 anos
→ acima de 35 anos - classe social: B, C e D
- localização: várias cidades do Brasil
- relatório completo da pesquisa: Engajando Mulheres na Política
A enfermeira Cilene Alves, de 47 anos, foi uma das eleitoras que participaram da pesquisa CFemea/Locomotiva. Maranhense, ela mora no Rio de Janeiro há 26 anos e diz ver nas eleições deste ano uma possibilidade de mudança, já que está desacreditada dos governantes do País e do seu Estado. “Esses políticos que a gente tem são todos corruptos. Meu critério [de voto] é para que venham políticos sinceros, que trabalhem para melhorar a vida das pessoas que moram na periferia. Eu mesma moro em uma favela”, afirma Cilene. “A minha vida toda eu fui petista, mas também chegou uma época em que eu não sabia mais em quem votar. Eu estou desacreditada, mas o governo que está é mil vezes pior. Tem que sair senão pode ficar pior ainda. (…) “Concordo que o voto das mulheres vale muito. Nós somos maioria. Se todas se unissem com o mesmo pensamento iríamos mudar 100% o Brasil”, conclui.
CAMPANHA: MEU VOTO VALE MUITO
- O CFEMEA LANÇOU NO INÍCIO DE AGOSTO A CAMPANHA MEU VOTO VALE MUITO, APOIADA PELA REDE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO E OUTRAS 17 ORGANIZAÇÕES FEMININAS E DA SOCIEDADE CIVIL. O OBJETIVO É VALORIZAR O VOTO FEMININO E CONVERSAR COOM ELAS SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SUAS ESCOLAS
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