“Os pilotos da Fórmula E são porta-vozes da causa ambiental”
O brasileiro Sérgio Sette Câmara fala das tecnologias da categoria disputada por carros elétricos e da mensagem que ela passa sobre sustentabilidade
Desde que se tornou piloto profissional, há dez anos, Sérgio Sette Câmara nunca participou de uma corrida no Brasil. Ele terá essa oportunidade pela primeira vez no sábado (25), no São Paulo e-Prix, a sexta das 16 etapas da temporada de Fórmula E, disputada apenas por monopostos com motor elétrico, que despejam 500 cv de potência.
Entretanto, Sette Câmara vai além de dirigir seu carro da equipe NIO 333 Racing. Ele aproveitará o pouco tempo disponível em sua estada no País para se reunir com potenciais patrocinadores e fazer palestras sobre a sustentabilidade apregoada pela Fórmula E.
Quando não está preso aos compromissos impostos pelas pistas, o mineiro de 24 anos aproveita para se aperfeiçoar no simulador que tem na casa onde mora, em Andorra, ou mantém o condicionamento físico em corridas nas montanhas dos Pirineus. Às vésperas da etapa brasileira, Sette Câmara falou ao Mobilidade.
Você chegou a ser cotado para a correr na Fórmula 1. Como foi a entrada na Fórmula E?
Sérgio Sette Câmara: Havia muito preconceito e resistência com a Fórmula E, quando ela começou em 2014. A imprensa especializada dizia que ela não tinha futuro e poucos pilotos queriam participar. Essa imagem mudou, porque as montadoras sempre mostraram interesse em estar na categoria. Como não consegui chegar à F 1, a Fórmula E, sem dúvida, foi minha melhor escolha.
Os pilotos da Fórmula E, em sua maioria, defendem a causa ambientalista ou, para vocês, é apenas mais uma competição?
Sette Câmara: Somos esportistas acima de tudo e estamos na pista para competir. Está no sangue acelerar qualquer carro que tenha quatro rodas e um motor. Mas, é claro, que a Fórmula E permite aos pilotos passarem uma mensagem, somos porta-vozes da tecnologia do carro elétrico. Gosto muito das particularidades da categoria, que tem como principal pilar a energia limpa e sustentável.
Na sua opinião, a Fórmula E ajuda a disseminar a mobilidade elétrica?
Sette Câmara: A Fórmula 1 passa o recado da sustentabilidade com eficiência. Muita gente acha que carro elétrico é chato, não tem emoção. As pessoas não têm a obrigação de se convencer da importância do veículo movido a bateria, mas, com o tempo, vão, sim, se adaptar a ele. Estranho é dirigir um elétrico e depois passar para um com motor a combustão. O contrário é bem mais fácil e prazeroso. A tecnologia elétrica é, na verdade, muito divertida e importante para o meio ambiente.
Quais são exatamente as mensagens transmitidas pela categoria em prol da eletromobilidade?
Sette Câmara: Nas primeiras temporadas, o piloto precisava de dois carros para completar a prova, porque um só não tinha autonomia suficiente. Isso passava uma mensagem negativa. Afinal, além dos preços altos dos automóveis elétricos, a autonomia é determinante na decisão de compra.
Os consumidores ainda sentem medo de ficar na estrada sem carga na bateria. Diante disso, a categoria vem colaborando, pois mostra aos motoristas que os carros têm ótima autonomia, zero-emissão e tecnologias avançadas.
Quais as principais tecnologias da Fórmula E?
Sette Câmara: Quase todas as tecnologias já se encontram nos automóveis convencionais, mas estão um passo à frente na Fórmula E, que tem ótimas soluções para diminuir a pegada de carbono. A regeneração de energia nas frenagens, por exemplo, é de quase 100%. Os carros da categoria não possuem discos de freio na traseira e usam pouco os discos dianteiros. Quando isso acontece, são levados ao extremo por causa das freadas bruscas.
Os pneus são resistentes e não precisam ter composições diferentes, mesmo que a pista esteja molhada ou seca, fria ou abrasiva. Nos fins de semana de corrida, temos à disposição dois jogos de pneus e mais um pneu reserva. Ou seja, em uma temporada inteira, usamos o que a Fórmula 1 gasta em uma ou duas etapas. Com isso, ganha-se em logística.
Contêineres com pneus ocupam muito espaço em navios e aviões. Centenas de pneus de F 1, que não serão usados em uma corrida, viajam o mundo à toa. A questão é que a F 1 é uma categoria de excessos, de fartura e com fortes interesses comerciais.
A evolução da bateria na Fórmula E será aplicada em breve nos carros de rua?
Sette Câmara: A bateria dos carros Geração 3 é menor e mais leve que a da Geração 2. Mas ainda há dificuldades no desenvolvimento em escala industrial. A Fórmula E ajudará nesse sentido. O dois motores elétricos do carro – um em cada eixo – são pequenos, cabem dentro de uma mochila. O que pesa mesmo é a bateria. Além disso, o carro da Fórmula E apresenta 90% de eficiência energética, contra 40% da Fórmula 1. No entanto, ainda não se pode ter tudo: em alguns casos, o tempo de recarga muito rápido superaquece a bateria.
Há novidades previstas para a Fórmula E?
Em 2024, é possível que a categoria implante um pit stop de 30 segundos no meio da corrida, tempo suficiente para alimentar 10% da bateria. Com isso, conseguiremos fazer as provas com mais tranquilidade.
Serviço
São Paulo e-Prix – 6ª etapa da temporada de Fórmla E
Data: 24 e 25 de março
Local: Região do Sambódromo do Anhembi
Endereço: Avenida Olavo Fontoura, 1.209, Santana, São Paulo
Programação
24 de março (sexta-feira)
Treino livre: das 16h25 às 17h15
25 de março (sábado)
Treino livre: das 7h25 às 8h15
Classificação: das 9h40 às 10h55
Largada: 14h03
Venda de ingressos
Estádio do Morumbi, bilheteria 5, Avenida Gkovanni Gronghi, 1.866, das 10 às 17 horas
Sambódromo do Anhembi: a partir das 7 horas (só no dia do evento)
Mais informações: www.fiaformulae.com
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1 Comentário
Botucatu será o corredor e polo de carros elétricos passará a ser a cidade na região com maior volume de pontos de recargas de veículos elétricos e híbridos.
Desde o dia 19 de Setembro a concessionária Tietê instalou um posto de recarga na castelinho em seu centro de apoio agora a empresa Infinite solar vai disponibilizar pontos de recargas gratuito nos principais pontos da cidade de Botucatu no total serão 4 pontos de recarga, estes em postos de combustíveis parceiros que já contam com sistema solar da Infinite, estes próximos à marechal Rondon e saídas da cidade, alem do restaurante Camponesa na castelo branco que terá o ponto de recarga para viajantes e clientes, além disso o Auto Posto Orbi que conta com o sistema de geração de energia solar da Infinite solar contara com o posto de recarga rápido em parceria com a Volvo, a marca sueca pretende instalar 13 carregadores rápidos no estado e Botucatu foi um dos pontos escolhidos.
Botucatu cada vez mais tecnológica e sustentável, com a força dos empresários da cidade.