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Discussão sobre freios ABS obrigatórios em motos volta à tona

Por: Arthur Caldeira . 24/05/2023

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Mobilidade com segurança

Discussão sobre freios ABS obrigatórios em motos volta à tona

Com aumento nas vendas em todo mundo, órgãos internacionais e pesquisas defendem que todas motocicletas deveriam ter freios com sistema antitravamento

5 minutos, 1 segundo de leitura

24/05/2023

Sistema ABS evita que o motociclista perca o controle em frenagens de emergência. Foto: Divulgação Bosch

Diversos estudos mostram que o sistema de freios antitravamento, também conhecido pela sigla ABS (anti-lock braking system), pode evitar acidentes tanto em carros como em motos. Com o crescimento na venda de motos em todo o mundo, a obrigatoriedade dos freios ABS nas motos retorna à pauta de diversos órgãos internacionais de segurança viária.

Uma das pesquisas mais amplas já feitas sobre o tema revelou que as motos equipadas com freios ABS se envolveram em 22% menos colisões fatais do que aquelas sem o sistema. Conduzido pelo Insurance Institute for Highway Safety (Instituto de Seguros para a Segurança Viária), dos Estados Unidos, o levantamento examinou as taxas de colisões fatais de 65 modelos que ofereciam o ABS como opção, entre 2013 e 2019.

Como resultado, o estudo encontrou 5,7 acidentes fatais por 10 mil veículos registrados por ano (número de veículos e número de anos na estrada), para motocicletas com ABS, e 7,4 por 10 mil, para aquelas sem o sistema de freios antitravamento. “Sabemos que esse sistema salva vidas, e dizemos que deveria ser obrigatório há uma década”, afirma Eric R. Teoh, pesquisador que liderou esse e outros dois grandes estudos sobre o tema.

Diferentemente do Brasil e da Europa, onde a legislação exige sistemas de freios mais eficientes em motocicletas, nos Estados Unidos, local da pesquisa de Teoh, essa obrigação não existe. Contudo, até mesmo na União Europeia, onde as motos acima de 125 cc precisam ter freios ABS – e as de menor capacidade, pelo menos, os freios combinados, chamados de CBS –, a discussão sobre a obrigatoriedade do sistema antitravamento em toda e qualquer moto voltou à tona recentemente.

Em março, o Conselho Europeu de Segurança nos Transportes (European Transport Safety Council) faz um apelo para que os países-membros da União Europeia tornem o ABS obrigatório em todas as motos vendidas no continente. Inclusive, nos ciclomotores, com capacidade de até 50 cm³.

Como é no Brasil

Desde 2019, todas as motocicletas à venda no País devem, obrigatoriamente, ter sistema de freios com antitravamento (ABS) e/ou frenagem combinada (CBS).

A Resolução 509/2014, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), determinou que as motos com cilindradas iguais ou superiores a 300 cc, ou com potência igual ou superior a 22 kW, no caso dos elétricos, deverão ter ABS em todas as rodas. Já os modelos de menor cilindrada podem ter ABS ou CBS.

Entretanto, mais de 80% das motocicletas vendidas no Brasil têm até 160 cm³. Ou seja, a grande maioria das motos não sai de fábrica com freios ABS.

O que dizem as fabricantes

Questionada sobre a obrigatoriedade dos freios ABS em motos, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) afirmou, por e-mail, que “tanto o sistema de freios CBS quanto o ABS atendem plenamente aos critérios de segurança previstos na legislação atual. Dessa forma, somos favoráveis à manutenção das tecnologias atualmente disponíveis, conforme prevê a legislação”.

“O objetivo do freio ABS é evitar o travamento da roda e o do unificado é distribuir a força de frenagem aplicada nas duas rodas”, esclarece a Yamaha Motor do Brasil. O principal argumento das fabricantes é que os sistemas têm características distintas, pois os freios combinados (CBS) corrigem falhas na frenagem. “No sistema ABS, se não corretamente utilizado [freio dianteiro somado ao traseiro], também não haverá o efeito desejado”, alega a Abraciclo.

Líder no mercado de motos, a Honda se manifestou por meio de nota. A fabricante japonesa “enfatiza que a segurança de seus clientes é a prioridade da empresa e uma condição indispensável para a mobilidade”.

A marca afirma ser “pioneira no desenvolvimento de tecnologias avançadas e inovadoras que visam proporcionar uma ciclística mais segura, em conformidade aos requisitos definidos em legislação”. Entretanto, a moto de maior volume da Honda e também a mais vendida no Brasil, a CG 160, não tem nenhuma versão com freios ABS – nem como opcional.

A Honda se defende dizendo que “a adoção das diferentes tecnologias em sua ampla linha de produtos leva em consideração o perfil e as preferências dos clientes da marca”.

Um dos principais entraves para a adoção do ABS em motos populares é o custo. No caso da Honda, por exemplo, a scooter PCX 160 com freios CBS tem preço sugerido de R$ 16.230, enquanto a versão com ABS custa a partir de R$ 17.850 – diferença de 9,98%.

Segundo a Yamaha, “em um modelo de 125 cc [a adoção do ABS] teria um impacto maior, proporcional ao seu preço, dificultando a aquisição pelos clientes que necessitam de veículos com boa relação custo-benefício”.

Apesar disso, a associação dos fabricantes alega que “não se trata de estratégia comercial, mas sim da oferta de uma tecnologia de segurança aos novos usuários, geralmente de baixa cilindrada, assegurando frenagens mais seguras e redução de sinistros”.  

ABS em motos e scooters de baixa cilindrada

No Brasil, motos de maior volume ainda têm freios combinados. Foto: Mario Villaescusa/Infomoto

Embora não sejam obrigatórios, os freios antitravamento já estão disponíveis em modelos de baixa cilindrada. Apesar de a Factor 150, sua moto mais vendida, não ter o sistema, a Yamaha já oferece os modelos FZ 15 e Crosser, de 150 cc, e as scooters Fluo 125 e NMax 160 com freios ABS. “Com isso, temos modelos de menor cilindrada tanto com freio unificado quanto com ABS”, se defende a segunda maior fabricante de motos do Brasil.

A Honda também adota estratégia semelhante. Na recém-lançada CB 300F Twister, a fabricante diz que pretende ampliar a participação da versão com ABS. Até a diferença de preço entre os modelos é menor do que em outros modelos da marca, por exemplo: a CB 300F com freios antitravamento é apenas 4,2% mais cara do que a versão com CBS.

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