Segurança viária necessita da união entre poder público e iniciativa privada
Com tema “Segurança em primeiro lugar”, Meet Point do projeto Maio Amarelo discute como novas tecnologias e iniciativas conjuntas podem ajudar a reduzir mortes no trânsito
“Desafios que são coletivos necessitam ser lidados de forma coletiva. A gente precisa se unir para promover essa cultura de segurança viária”, concluiu Pedro Telles, gerente de sustentabilidade da Movida, ao final do Meet Point do projeto Maio Amarelo, promovido pelo Mobilidade Estadão e transmitido pelas redes sociais do Estadão, na quarta-feira, 24 de maio.
Com o tema “Segurança em primeiro lugar”, o debate também contou com a participação do CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Paulo Guimarães.
Durante uma hora, os participantes, mediados pelo jornalista Tião Oliveira, editor do Jornal do Carro, discutiram como novas tecnologias e iniciativas do poder público e da privada podem reduzir o número e a gravidade dos acidentes de trânsito.
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Epidemia de mortes
Afinal, o Brasil vive uma verdadeira epidemia de mortes no trânsito. “Todo os anos, 45 mil brasileiros perdem a vida em acidentes de trânsito”, destacou o mediador na abertura da live, citando dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Além das perdas irreparáveis, os acidentes têm custo estimado em R$ 50 bilhões por ano, ainda de acordo com levantamento do Ipea.
O País, infelizmente, tem enfrentado o problema com certa lentidão, pois os números de acidentes e mortes no trânsito não têm diminuído de forma a atender os objetivos definidos pela Organização das Nações Unidas para a década de Segurança Viária, entre 2011 e 2020. “Já estamos, na verdade, na segunda década da segurança viária”, destacou Guimarães, CEO do ONSV.
Embora seja signatário do acordo pela redução de mortes no trânsito, no início da década passada, o Brasil apenas criou, de fato, o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), em 2018. “E só agora esse plano começa a sair do papel”, alerta o CEO do ONSV.
Paulo Guimarães, engenheiro especialista em gestão e normatização de trânsito, enxerga alguns avanços, como a melhoria do asfalto e a padronização nacional da sinalização de trânsito. Contudo, cobra liderança do governo em todas as esferas.
“O poder público tem a função de comandar. Ele precisa dar o exemplo. Não podemos ter um líder que não admite a fiscalização eletrônica como sendo algo benéfico para a sociedade. E a gente passou por isso, recentemente”, diz Guimarães, em referência às críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro aos radares eletrônicos.
Aproveitar o engajamento
Pedro Telles, gerente de sustentabilidade da Movida, destacou que a empresa, uma das maiores locadoras de veículos do País, tem inovado ao oferecer carros e veículos mais modernos e com novas tecnologias para o consumidor.
Além de disponibilizar veículos elétricos, a Movida oferta o aluguel de cadeirinhas de bebê para os clientes e aposta em veículos com sistemas de assistência ao condutor, seja na locação de curto prazo, seja no serviço de assinatura.
“A gente entende que temos que aproveitar esse movimento para tornar essa discussão mais perene”, diz. Com milhares de veículos disponíveis para locação em suas mais de 200 lojas espalhadas pelo País, a empresa consegue engajar a sociedade.
“Desafios que são coletivos necessitam ser lidados de forma coletiva. A gente precisa se juntar para promover essa cultura de segurança viária”
Pedro Telles, gerente de sustentabilidade da Movida
“São mais 200.000 carros que podem funcionar como pontos de comunicação com a sociedade. Associados a tecnologias, novas soluções e engajamento de clientes, temos visto isso como um meio de campo com a sociedade em que temos obtido sucesso”, destaca o executivo.
Outra inovação é a oferta de tags de pedágio, juntamente com a locação do carro. Com o uso dessa tecnologia, o tempo de viagem é reduzido, tornando o trajeto mais curto e seguro. “Todas essas tecnologias que diminuem interações indesejadas, seja uma cadeirinha, seja uma tag, nós entendemos que ajudam a segurança dos clientes”, esclarece Pedro Telles.
Velocidade é principal fator de risco
Questionado se, além da fiscalização e da punição com multas, haveria maneiras mais lúdicas de se educar a população sobre os limites de velocidade, Paulo Guimarães é taxativo. “Se houvesse uma bala de prata para reduzir os acidentes, eu atiraria no excesso de velocidade”, diz o CEO do ONSV.
Segundo Guimarães, a velocidade é o principal fator de risco em todos os sinistros de trânsito, “pois qualquer acidente é evitável”, explica o estudioso.
“O excesso de velocidade possibilita um sinistro, aumenta a gravidade e interfere no estado final das vítimas. As lesões causadas são maiores do que em velocidades mais baixas. A velocidade é o problema”, conclui.
“O poder público tem a função de comandar. Ele precisa dar o exemplo. Não podemos ter um líder que não admite a fiscalização eletrônica como sendo algo benéfico para a sociedade”
Paulo Guimarães, CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV)
Confira, a seguir, o Meet Point na íntegra:
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