‘Ruas seguras também dependem do gestor de frota’, diz fundador de startup
Rodrigo Mourad, que tem solução com câmeras dotadas de inteligência artificial, afirma que a tecnologia reduz comportamentos indesejados ao volante
Se tivesse de dar uma nota para o comportamento do motorista brasileiro ao volante, o presidente e cofundador da Cobli, Rodrigo Mourad, daria nota “5 ou 6”. Levando em consideração a base de dados fornecida pelas câmeras que sua empresa fornece para frotistas, Mourad afirma que, em termos de segurança no trânsito, “vários motoristas são muito bons, mas vários são muito ruins. E uma pessoa consegue atrapalhar várias”.
Com base nas imagens das câmeras, Mourad afirma que 90% dos acidentes são causados por erro humano. E dá um exemplo: na média, o motorista mexe no celular 24 vezes por dia com o carro em movimento, acima de 15 km/h. “Isso nem leva em conta as vezes em que o carro está parado em um semáforo, por exemplo”, ressalta.
Situações como essa, que podem causar acidentes, reforçam a tese de Mourad de que melhorar a qualidade do motorista aumenta não apenas a segurança no trânsito, mas também a eficiência da empresa, porque os condutores não serão afastados do serviço e os veículos não vão ficar parados para manutenção, por exemplo.
Por isso, o empresário diz que a responsabilidade não é apenas de quem está atrás do volante, mas também do gestor de frota. “Ruas seguras dependem do gestor de frota e do investimento.” De acordo com Mourad, o bom gestor é o que tem a segurança como prioridade.
Questão de educação
Segundo Rodrigo Mourad, a câmera, desde o primeiro instante, faz um alerta sobre o comportamento dos motoristas. Assim, ao ter conhecimento desses comportamentos mais recorrentes, o gestor começa a trabalhar com informações mais precisas para treinar cada profissional no que ele realmente necessita se aperfeiçoar.
De acordo com Mourad, no segundo ou terceiro mês já é possível notar uma redução média de 80% nos incidentes de risco. “Aquela situação de 24 eventos por dia de celular cai para cinco”, afirma. Mourad argumenta que os benefícios são claros: “Um motorista ruim que cause acidentes atrapalha os condutores bons, os pedestres, todo mundo. O impacto é muito grande”.
Uma das conclusões reforçadas por Mourad é que dirigir bem é melhor para a empresa e para a própria pessoa. “Claramente está errado mexer tanto no celular, mas ela não percebe. Pega uma vez e não acontece nada. Pega outra e também não acontece nada. Aí acostuma.”
De acordo com ele, uma pesquisa feita pela Amazon, nos Estados Unidos, concluiu que, com o uso de câmeras nos veículos de entrega, a gigante do e-commerce conseguiu reduzir os acidentes em 50%.
A Cobli trabalha com prestadoras de serviço (energia, telecomunicações, saneamento etc.), além de transportadoras e até companhias de entrega que utilizam motocicletas.
Mourad afirma que o retorno do investimento na tecnologia ocorre “a partir do terceiro mês”, mas acrescenta que é difícil precificar segurança. “Posso dizer que reduzi 100 acidentes por ano em uma empresa com 2 mil veículos. Mas se, desses acidentes, cinco pessoas fossem morrer, quanto vale?”
“Na parte tangível, a gente consegue desenhar rotas melhores, digitalizar a operação, melhorar a comunicação com o cliente, utilizar menos papel e reduzir o consumo de combustível e a manutenção”, enumera.
Inteligência artificial
Além de captar imagens internas e externas, a câmera da Cobli traz GPS e acelerômetro (mede a velocidade de deslocamento para frente, para trás e para os lados). Dessa forma, permite análises com base nos algoritmos de inteligência artificial. É por meio dessas ferramentas que o sistema processa dados como reconhecimento facial e é capaz de detectar se a pessoa está distraída, fumando, bocejando ou com outros comportamentos que possam reduzir a atenção.
Além disso, com as imagens externas o sistema detecta e adverte o motorista caso ele esteja trocando muito de faixa ou muito perto do carro da frente, por exemplo. Segundo Mourad, o sistema está em constante aprimoramento, e deve incluir informações e alertas sobre existência de faixa de pedestres e parada de ônibus, por exemplo. Com todas as informações, o executivo afirma que o software ajuda a empresa com a gestão completa da frota, que pode trazer informações sobre a melhor rota, formas de redução de combustível etc.
O executivo diz que as informações obtidas na condução dos veículos podem ser utilizadas para o que ele chama de feedbacks curtos e longos. No primeiro caso, são os alertas ao condutor sobre algo errado. No segundo, são recompensas que podem ser oferecidas pela empresa na forma de benefícios, como a prioridade na escolha do carro, da rota, do dia de folga etc.
De acordo com Mourad, o mercado ainda é “offline”. “As operações são analógicas. Na entrega, você torce para o cliente estar disponível, que o atenda na hora. Ele ainda assina um papel, que é levado para a empresa. A digitalização traz eficiência, faz o serviço ficar mais barato, mais rápido e mais confiável. É possível por exemplo enviar um link para cliente, avisando a rota, com previsão do tempo de chegada. A pessoa não precisa esperar e sabe quando a entrega vai chegar. É melhor para todo mundo.”
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