BRT TransBrasil é inaugurado no RJ, mas carece de integração metropolitana
Implementação do BRT TransBrasil no RJ precisa garantir que as promessas de conforto, rapidez e integração metropolitana sejam cumpridas
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25/02/2024
Com a inauguração do BRT TransBrasil, a cidade do Rio de Janeiro acaba de ganhar um novo transporte de média e alta capacidade. Após dez anos em obras, a abertura do corredor é um marco, pois, além de oferecer mais uma opção de transporte para quem reside nas Zonas Norte e Oeste da cidade, o sistema tem potencial para facilitar os deslocamentos de quem vive nos municípios vizinhos localizados na Região Metropolitana.
As potencialidades em escala metropolitana do novo corredor, o quarto previsto para finalmente concluir as obras da rede de BRT do Rio, se devem à localização estratégica na Avenida Brasil, uma das vias mais importantes do País e a responsável pelo maior fluxo viário da cidade.
Além da relevância para quem reside nos 26 bairros de seu entorno, a avenida é local de passagem para milhares de pessoas que vem de outros municípios para estudar, trabalhar, ter lazer ou acessar oportunidades na capital carioca.
BRT TransBrasi: falta integração
Apesar de seu potencial metropolitano, a operação do novo corredor iniciada no último sábado ainda não conta com integração completa com outros sistemas de transporte para quem vem de outros municípios, e esse é um dos pontos mais críticos de atenção no momento — principalmente porque o governo do Estado ainda não divulgou um plano de integração com prazos definidos.
Nesse sentido, é fundamental que o Estado assuma a sua responsabilidade e viabilize a operação de veículos articulados para circulação no BRT e a implantação dos terminais Margaridas e Missões. Apenas dessa forma o novo corredor será benéfico para todas as pessoas que tem a Avenida Brasil como local de passagem e moradia.
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Benefícios podem ser maiores
Algumas análises já calculam que somente a integração metropolitana completa garantirá rapidez, conforto e qualidade para a população que acessa a cidade do Rio.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) aponta que a operação metropolitana plena do corredor pode beneficiar até 58% da população carioca, aumentando o acesso a empregos em 23% para as pessoas de mais baixa renda.
Indicadores disponíveis na MobiliDADOS, plataforma do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) estimam que cerca de 95 mil pessoas com renda até 1 salário terão mais oportunidades de deslocamento por estarem próximos às estações do BRT.
Outra mudança prevista é o ganho de tempo. Quem utiliza a Avenida Brasil diariamente enfrenta longos engarrafamentos, e o uso do novo corredor tem potencial para reduzir o tempo de deslocamento.
De acordo com o projeto, as pessoas poderão fazer integração física nos terminais, e ainda poderão usufruir de uma segunda integração gratuita após o uso do BRT. Entretanto, será necessário acompanhar se a integração operacional com outros sistemas de transporte (como ônibus convencionais, trens e VLT) será rápida e segura para os passageiros.
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Comunicação precisa ser clara
Do mesmo modo, vale destacar a necessidade de comunicar as mudanças e benefícios do novo corredor de forma precisa e transparente para a população, dado que qualquer mudança na operação dos serviços de ônibus interfere no dia a dia das pessoas.
Assim, é imprescindível que qualquer alteração nas linhas de ônibus que circulam pela Avenida Brasil seja realizada de maneira progressiva pela prefeitura e o governo do Estado, de modo a não causar grandes transtornos no cotidiano dos passageiros.
A implantação e operação completa do corredor irá tornar o sistema de transporte da cidade do Rio de Janeiro mais democrático e equitativo, cumprindo o seu potencial para reduzir as desigualdades sociais e facilitando os deslocamentos em transporte público, o modo mais utilizado pela população.
Quem reside na capital e nos municípios vizinhos da cidade do Rio espera pela conclusão dessas obras há mais de uma década, e a sua implementação precisa garantir que as promessas de conforto, rapidez e integração metropolitana sejam cumpridas.
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
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