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Fórmula E investe em novas tecnologias para economizar energia

Por: Mário Sérgio Venditti . 18/03/2024

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Mobilidade para quê?

Fórmula E investe em novas tecnologias para economizar energia

São Paulo E-Grand Prix reforça compromisso das equipes para desenvolver dispositivos que serão aplicados nos carros elétricos

5 minutos, 33 segundos de leitura

18/03/2024

A prova foi realizada no último sábado, dia 15 de março, no Sambódromo, zona norte de São Paulo. Na foto, o carro pilotado por Nico Mueller, da equipe ABT Cupra. Foto: Fórmula E/Divulgação

Não há palavra mais dita nos bastidores e nos boxes da Fórmula E do que tecnologia. A busca por novas soluções para tornar os carros mais eficientes é quase uma obsessão da categoria, que realizou a quarta etapa da temporada no complexo do Sambódromo do Anhembi, na zona norte de São Paulo, nos dias 15 e 16 de março.

“Sempre aprendemos algo novo toda vez que o carro vai para a pista”, afirma Tommaso Volpe, chefe da equipe Nissan, que celebrou a terceira posição no São Paulo E-Grand Prix, conquistado por Oliver Rowland, que chegou atrás somente do vencedor Sam Bird (McLaren) e de Mitch Evans (Jaguar). “E esse aprendizado segue direto para o desenvolvimento de automóveis elétricos”, revela.

De 2023, quando aconteceu a estreia da prova no Brasil, até hoje, não houve mudanças expressivas do Gen3, o monoposto de terceira geração que representa as 11 escuderias da categoria. Afinal, o ciclo dos carros – praticamente igual para todos os times – acontece a cada quatro anos. 

Carregador da ABB usado por todas as equipes que disputam a categoria. Foto: ABB/Divulgação

Para Volpe, uma das vantagens da Fórmula E é a prioridade nos investimentos. “Gastamos nossos recursos onde realmente interessa e não em acessórios secundários. Não desembolsamos, por exemplo, US$ 10 milhões para fazer um novo parafuso. Nosso foco é investir no powertrain”, anuncia.

No entanto, nada supera o talento do piloto. Na parte frontal dos carros, há três pequenas luzes: a verde indica que o nível de bateria está alto, a azul significa regeneração da bateria em curso e a vermelha alerta o fim da energia. “Apesar de tanta sofisticação, é o piloto que tem o controle na mão para administrar a energia elétrica do carro”, acentua. 

Com bateria de 41 kWh, os carros deram a largada com energia suficiente para completar 60% das 34 voltas da etapa brasileira. Os outros 40% são obtidos por meio das frenagens. De toda forma, algumas inovações servem para tornar as provas mais imprevisíveis. Todas as equipes usam carregadores da ABB.

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“Attack Charge”

Um exemplo é o “modo de ataque”, que é um capítulo à parte nas corridas. Funciona assim: todos os circuitos têm uma zona de ativação, geralmente instalada na parte externa de uma curva. Cada piloto deve passar, obrigatoriamente, duas vezes por essa área, com o objetivo de ganhar mais potência durante dois ou quatro minutos, dependendo da estratégia da equipe.

Antes de entrar na zona de ativação, o piloto aperta um botão no volante. Com isso, o carro ativa sensores que servem para liberar a potência extra. 

Enquanto os carros não mudam para receber mais aparatos tecnológicos, os dirigentes da categoria não param de pensar em ideias novas e, muitas vezes, polêmicas até mesmo entre os pilotos. Uma delas chama-se “Attack Charge”, que se encontra em fase de testes. 

O procedimento é uma injeção de energia em questão de segundos, que levará a bateria de 300 kWh para 350 kWh. É um estudo que se abre para aumentar a eficiência da recarga dos carros elétricos. “Precisamos refletir a respeito do impacto dessa carga extra na bateria, porque pode causar situação de superaquecimento”, diz Alberto Longo, fundador da Fórmula E.

Box da equipe Nissan no Sambódromo. Foto: Nissan/Divulgação

Tração total

Se Longo é cauteloso, Jeff Dodds, CEO da categoria, mostra-se mais incisivo. “Sempre iremos introduzir inovações que deixem a categoria mais atraente. É uma questão de sobrevivência, mas tudo tem o momento certo para ser aplicado. O ‘Attack Chage’ será mais um atrativo da Formula E e poderá ser útil para a indústria automotiva”, destaca o dirigente.

A ideia de testar o dispositivo durante a temporada divide os pilotos. O brasileiro Sergio Sette Câmara, da ERT. “Não concordo em experimentar o ‘Attack Chage’ com o campeonato iniciado”, salienta. “O correto seria fazer isso na pré-temporada e ter a certeza de que a tecnologia está totalmente pronta para ser aplicada a partir do zero.”

O piloto da ABT, Lucas Di Grassi, tem outras críticas. Em uma categoria tão tecnológica, ele diz não entender porque os carros não possuem tração nas quatro rodas e não podem usar toda a potência disponível. “Os pilotos não são autorizados a dirigir com o motor cheio para acelerar. Basta mexer no software”, apregoa.

Segundo Di Grassi, a Fórmula E tem condições de apresentar mais performance, sem elevar os custos da organização. “Isso geraria mais credibilidade, interesse e emoção para as corridas. É uma decisão que deveria ser analisada”, completa. Confira mais detalhes na entrevista a seguir.

“A Fórmula E já é vista de um jeito diferente”

Campeão da Fórmula E na temporada 2016/2017, o piloto brasileiro Lucas Di Grassi falou sobre a evolução do São Paulo E-Grand Prix ao Mobilidade:

O piloto brasileiro Lucas Di Grassi. Foto: Divulgação

Que balanço você faz das duas etapas disputadas em São Paulo?
O balanço é positivo, porque é importante ter uma prova dessas no Brasil, ainda mais em São Paulo, o principal mercado de carros elétricos do País. A estrutura melhorou de um ano para outro e os pilotos já me disseram que gostam da pista, porque proporciona muitas ultrapassagens. Para o público, é garantia de emoção.

A categoria segue como laboratório para novas tecnologias. O carro elétrico dará conta de absorver tantas novidades?
As coisas estão interligadas. As novas tecnologias exigem investimentos no campo da competição, mas, na indústria automotiva, ajudarão a reduzir custos na implantação de algumas soluções. O objetivo é que os preços dos automóveis sejam mais acessíveis no futuro.

Na prática, isso é possível?
Por que não? Precisamos entender que o carro elétrico não é uma onda passageira. Há uma década, tratava-se de algo distante da realidade. Hoje, porém, modelos movidos a bateria estão surgindo com valores mais baixos. É uma questão de desenvolvimento e de tempo.

O consumidor já faz essa relação de carros da Fórmula E como desenvolvedores de dispositivos para os automóveis de passeio?
Certamente, e boa parte da classe média tem o desejo de comprar um modelo elétrico. Com esse pensamento, ela assiste às provas de Fórmula E de um jeito diferente.

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