A mobilização da sociedade em prol da mobilidade igualitária
Desigualdade no acesso à mobilidade, exposta pela crise, movimentou empresas e pessoas a agirem para mudar essa situação
2 minutos, 47 segundos de leitura
28/07/2020
Em contraste aos impactos negativos da pandemia, vemos um lado bom despertando na sociedade. Motivadas pelo sentimento de solidariedade avivado diante da emergência da covid-19, ondas de doação cresceram e chegaram a movimentar no País mais de R$ 5 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR).
Crises como essas escancaram diferenças sociais e a discrepância de acesso a serviços básicos. Mas, junto com a exposição das fraquezas do sistema, também resgatam o sentimento de compaixão numa comunidade.
No Waze, entendemos de comunidade – um grupo unido pelos mesmos valores e comprometido em desempenhar papel ativo coletivamente. Nossos editores de mapa somam 30 mil voluntários no mundo – mais de mil no Brasil.
Ainda contamos com a comunidade de carpoolers, passageiros e motoristas engajados em se ajudarem mutuamente a chegarem a seus destinos e também em sugerir soluções para que a comunidade seja cada vez mais favorecida.
Mobilidade: direito fundamental
A Declaração Universal dos Direitos Humanos define o direito à locomoção como fundamental. Mas sabemos que muitas pessoas são privadas desse direito, que pode ser encarado como luxo, dado o valor e a dificuldade de acesso.
Áreas distantes cujos cidadãos enfrentam horas de viagens e pagam caro para chegar a escolas, trabalhos e até mesmo hospitais limitam o direito de locomoção assegurado pela ONU.
Segundo Alex Roy, fundador da Human Driving Association, a liberdade de locomoção nunca foi acompanhada de um direito à mobilidade. Os governos constroem infraestruturas, mas o custo do veículo fica para o cidadão.
A mobilidade precisa passar por um processo de reforma estrutural para que seja, como definido pela ONU, um direito igualitário a todos. Mas, assim como acontece com as doações, vemos crescer a colaboração entre as pessoas enquanto não há mudança.
Doação de mobilidade
A quarentena e o isolamento social reforçaram a importância do direito de ir e vir e a falta dessa liberdade talvez não teria sido percebida se não fosse a pandemia.
E, movidas pelo mesmo sentimento de apaziguar os obstáculos daqueles que enfrentam a crise com menos recursos, vemos comunidades se mobilizando em ajudar os outros a chegarem a seus destinos, doando mobilidade.
Um exemplo dessa doação foi o movimento observado em condomínios em que aqueles fora do grupo de risco do coronavírus se ofereciam a realizar as compras de pessoas mais vulneráveis, iniciativa incentivada pela BlaBlaCar com o lançamento do seu aplicativo BlaBlaHelp, que conecta essas pessoas.
Outros exemplos foram promovidos por empresas como o Uber e a 99, com viagens gratuitas ou com descontos a doadores de sangue.
A Tembici também promoveu uma campanha para que as pessoas não usassem suas bicicletas e isentando cobranças recorrentes, com o objetivo de garantir que elas estivessem disponíveis nas estações para aqueles que realmente necessitassem.
No Waze, acreditamos que o ideal de comunidade nos ajuda a levar mobilidade a mais gente. Em uma pesquisa que fizemos no início do ano, descobrimos que a cultura da carona é construída em quatro pilares: compartilhamento, socialização, sustentabilidade e gentileza. Por isso, a carona também é uma maneira eficaz de doar mobilidade e ter um meio de transporte mais econômico e solidário.
Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão
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