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Por que é preciso falar de mobilidade ativa?

Por: . 20/04/2024
Mobilidade para quê?

Por que é preciso falar de mobilidade ativa?

Recebidas com descrença no início, o tempo mostrou que as estruturas cicloviárias dos grandes centros tinham uma demanda que só aumentaria ao longo dos anos

3 minutos, 49 segundos de leitura

20/04/2024

Ciclovia da Faria Lima
Ciclista na ciclovia da Av. Faria Lima, na capital paulista. Foto: Getty Images

Todos os dias, milhares de pessoas passam horas preciosas no trânsito, especialmente em regiões onde há grande concentração de prédios residenciais e comerciais, como a da Faria Lima, em São Paulo. Da janela de seus automóveis, no entanto, é possível observar uma alternativa: os cerca de 3.500 ciclistas que diariamente pedalam pela ciclovia que corta a região.

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Uma saída, por sinal, que não só economiza tempo, mas também traz impactos positivos para a saúde e o meio ambiente. São importantes benefícios que podem ser aproveitados em muitas regiões da maior parte dos centros urbanos do País.

Sendo assim, cabe a pergunta: por que não se constroem mais estruturas para circulação de bicicletas em São Paulo e em outras grandes cidades brasileiras já sufocadas pelo excesso de carros?

Impacto positivo

Quem utiliza mobilidade ativa nem sempre o faz pensando nos benefícios para sua saúde, mas está, sim, colhendo os frutos positivos de pedalar. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, recomenda que adultos entre 18 e 64 anos pratiquem entre 150 e 300 minutos de atividade física moderada por semana, um objetivo facilmente atingido por quem se desloca de bicicleta pelas cidades.

Entre os benefícios apontados pela OMS estão a diminuição da mortalidade por doenças cardiovasculares, diminuição na incidência de hipertensão, de alguns tipos de cânceres e de diabetes tipos 2, além de melhora na saúde mental e cognitiva e no sono.

Entretanto, não é apenas nosso corpo que se beneficia da mobilidade ativa. Pedalar também faz muito bem para o meio ambiente. Vale lembrar que as infraestruturas dos aglomerados urbanos são fundamentais para o objetivo de diminuir a emissão de gases de efeito estufa.

No Brasil, por exemplo, o Observatório do Clima aponta que o setor de energia foi o terceiro maior emissor em 2021, sendo que o transporte correspondia a 50% do total.

Além disso, um estudo promovido pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike) e pela UFRJ estimou que o universo de mais de 8 milhões de ciclistas brasileiros evitam anualmente a emissão de 1,9 milhão de toneladas de gases de efeito estufa.

Freio puxado

Mesmo com todos os benefícios, porém, o que temos visto é que a implementação de novas vias exclusivas para a mobilidade ativa sobre duas rodas tem desacelerado sensivelmente. 

Segundo monitoramento da Aliança Bike, a malha de ciclofaixas e ciclovias cresceu um total de apenas 169 km na soma de todas as capitais brasileiras, ou seja, de 4.196 km em 2022, para 4.365 km em 2023.

Apesar da lentidão para a construção de estruturas cicloviárias, o brasileiro quer, de fato, pedalar. Um relatório produzido pelo Strava, aplicativo de monitoramento de atividades físicas, mostrou que o ciclismo foi o esporte mais praticado no Brasil em 2023.

Da mesma forma, a região da Faria Lima também demonstra isso, já que entre outubro e dezembro de 2023 houve um crescimento de 17% na circulação de bicicletas em relação ao mesmo período do ano anterior.

Estímulo e segurança

E a vontade de pedalar só se fortalece quando as pessoas encontram ciclovias por perto. Um estudo apoiado pela Fapesp mostrou que regiões próximas a estruturas cicloviárias aumentam em até 154% a chance de os moradores usarem bicicleta como meio de transporte.

Em meados da década passada, a implantação de estruturas cicloviárias em São Paulo foi recebida com descrença. O tempo mostrou que não só havia demanda naquele momento, como ela aumentaria ao longo dos anos. Por todas estas razões, a mobilidade ativa sobre duas rodas precisa ocupar cada vez mais um lugar central no planejamento urbano das grandes cidades.

Para que isto ocorra, é preciso tirar do papel os planos já existentes para criação de novas estruturas. E, também, é necessário pensar estrategicamente a integração das vias para ciclistas com os modais de transporte público, como trens e ônibus.

Apostar na mobilidade ativa é um dos caminhos para um futuro com cidades mais sustentáveis e habitantes mais saudáveis. E, tão importante quanto os impactos positivos das bicicletas, está uma questão central e democrática: o brasileiro quer pedalar!

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Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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