“Pagamento com cartão de débito e crédito Mastercard no transporte cresceu 76%”, diz executiva
De acordo com Fernanda Caraballo, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Mastercard. uso de cartões bancários no transporte público tem ampliado o acesso ao serviço
Desde 2017, a Mastercard investe em operações de pagamento por aproximação nos serviços de transporte. A empresa foi uma das primeiras a investir na tecnologia e, hoje, oferece o meio de pagamento em operações no transporte público e em pedágios.
Atualmente, 18 cidades oferecem a possibilidade de pagamento da tarifa com cartões bancários por aproximação. Ao todo, são 20 sistemas de transporte incluindo metrô e ônibus.
A cidade de Jundiaí (SP) foi a primeira a habilitar todo o sistema de ônibus para receber pagamento de tarifa com cartão bancário por aproximação. “Nós começamos, como indústria, a fomentar os bancos a emitirem cartões com essa tecnologia”, afirma Fernanda Caraballo, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Mastercard.
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A tecnologia tem se destacado, principalmente, durante grandes eventos. No Carnaval de 2024 no Rio de Janeiro, por exemplo, a utilização dos pagamentos com cartões no metrô cresceu 121%. “E muita gente de fora. Nós vimos muitos cartões de outros países”, afirma Caraballo. Mais recentemente, durante o show da Madonna, também no Rio de Janeiro, o uso deste tipo de pagamento cresceu 108% na cidade.
Confira, a seguir, a entrevista com Fernanda Caraballo, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Mastercard.
Quais os principais benefícios do pagamento por aproximação para os usuários?
[Nós observamos] onde ainda tinha muito dinheiro vivo em circulação e [onde] nós poderíamos contribuir com a digitalização desses fluxos. Levando mais conveniência para esses usuários, para que não tivessem que ter troco ou dinheiro em mãos, [oferecendo] mais segurança. Nós começamos a estudar esse segmento e a trazer experiências de outros países que já estavam permitindo que as pessoas pagassem o transporte público com os cartões que ela já tem na carteira, que é o cartão de débito ou cartão de crédito.
[Com isso,] em vez de ter o dinheiro em mãos, o passageiro pode puxar o cartão com a tecnologia de pagamento por aproximação e encostar lá no validador do ônibus ou na catraca do metrô, e entrar. [O sistema, então,] debita o valor da conta corrente do cartão de débito ou cobra na fatura do cartão de crédito.
Nós já temos mais de 20 sistemas de transporte no Brasil que permitem que seus usuários paguem com cartões que têm na carteira direto na catraca.
Fernanda Caraballo, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da MastercardEntão foi essa rapidez, essa conveniência e essa segurança que nós trouxemos para o Brasil sete anos atrás e que, hoje, está entrando em expansão. Nós já temos mais de 20 sistemas de transporte no Brasil que permitem aos usuários paguarem com cartões que têm na carteira direto na catraca.
E quais as vantagens para as empresas que oferecem essa modalidade de pagamento?
Para as empresas, além de facilitar a vida desse usuário – porque também é uma prestação de serviço que ela melhora -, ela também tem um aumento de segurança. Em Curitiba, por exemplo, um ano depois que eles implantaram esse sistema de [pagamento com] cartões diretamente na catraca do transporte público, houve uma redução de 87% no número de assaltos a ônibus.
É um aumento de segurança e, também, uma redução de custo operacional para esse operador de transporte, porque o dinheiro traz um custo que muitas vezes está escondido. Se pensarmos em segurança, carro forte, transporte de valores, contagem numerário, o tempo que demora para o dinheiro cair na conta… São vários fatores ligados à aceitação de dinheiro vivo que aumenta o custo desta operação. Por isso, para o operador, digitalizar esses pagamentos, além de trazer mais conveniência para o usuário, também ajuda a reduzir o custo operacional.
Qual o motivo pelo qual a empresa decidiu investir nessa modalidade, antes mesmo da popularização do pagamento por aproximação?
Exato, não era tão popular ainda quando começamos, mas nós já víamos uma necessidade de levar outras opções em termos de meios de pagamento para esse usuário de transporte público. Porque ele ou tinha que ter dinheiro vivo, trocado, ou ele tinha que ter um cartão específico que precisava ser carregado antes. Se a pessoa não é um usuário muito frequente, às vezes ela não tem esse cartão, ela não sabe onde conseguir, ela não sabe como carregar, às vezes [o crédito] não cai na hora…
Então eu brinco que era muito difícil a pessoa, espontaneamente, ver o ônibus e pegar, exigia um planejamento. E não é essa a ideia do serviço público, [ele é] essencial nas grandes cidades, então nós precisamos do transporte coletivo sendo eficiente. E a experiência do pagamento pode ser uma parte dessa modernização e dessa melhoria de experiência para o usuário. [Por isso] nós começamos com essa motivação de como levar nossos meios de pagamento para o transporte público, com base no que já tinha outros países, principalmente na Europa.
Quais motivos podem justificar o crescimento deste tipo de pagamento no segmento de transportes nos últimos anos?
Durante a pandemia [o crescimento do uso] se acelerou muito também. Porque [naquela época] todo mundo ficava preocupado com o contágio e em pegar em dinheiro. Isso acelerou bastante o uso de pagamento por aproximação. “Hoje em dia, 57,7% das compras presenciais com cartões são feitas por aproximação. Então, em mais da metade das compras, as pessoas já adotaram essa nova forma de pagamento, que realmente é bem conveniente.
Tem um outro ponto que contribuiu para adesão que é a inclusão financeira. Quando começamos a falar sobre [pagamento por aproximação] lá atrás, muitos operadores falavam que seus usuários não eram bancarizados.
Olhando os dados do Banco Central em 2017, era mais ou menos 57% da população. Mas com a pandemia e o pagamento dos auxílios emergenciais pelo Governo Federal, através de contas digitais, acelerou a adesão. Em 2022, que é o último dado que temos do Banco Central, já era 82% da população bancarizada.
E qual o futuro possível para essa modalidade de pagamento?
Toda operação quando ela põe a aceitação de cartões de débito e crédito, é a mesma tecnologia [por trás]. Então, quando ela habilita cartão físico, também passa a oferecer o pagamento com as carteiras digitais. Então eu acho que a democratização do acesso em termos de pagamento tende a continuar. Sempre falo que tem que se dar todas as opções possíveis para o usuário pagar, conforme o que é mais conveniente para ele.
Hoje em dia não tem mais uma solução que funciona para todo mundo, nós temos diferentes perfis de usuários, de pessoas, de gerações, e cada um vai ter a sua preferência, a sua conveniência, em termos de meio de pagamento.
Fernanda Caraballo
Então, quanto mais democratizar, melhor será para atrair os usuários e facilitar a experiência. Tem um dado recente de crescimento do número de transações Mastercard do transporte público nesse uso direto na catraca. Em comparação com o primeiro trimestre deste ano e com o primeiro trimestre do ano passado, o uso cresceu 76% no número de pagamentos com cartão de débito e crédito Mastercard no transporte.
Quais os planos da empresa para o futuro do setor?
Além do transporte público, nós também estamos trabalhando muito no setor de pedágio. Para levar, também, essa facilidade para as pessoas pagarem nas cabines de pedágio. Até cinco ou seis anos atrás, antes de começarmos a trabalhar com isso [pagamento por aproximação], o usuário tinha que ter a tag para ir na pista que não precisa parar, ou tinha que ter dinheiro trocado para parar na cabine e pagar com dinheiro. Hoje, pelos nossos dados, mais de 80% das concessionárias de rodovias já estão aceitando o cartão nas cabines de pedágio.
O crescimento vem sendo bastante expressivo. Durante o primeiro trimestre deste ano, nós vimos um crescimento de 92% nos pagamentos com cartões Mastercard nas cabines de pedágio.
Fernanda Caraballo
Falando do transporte público, nós prevemos continuar essa expansão, com mais cidades aderindo a tecnologia e a Mastercard trabalhando muito forte a comunicação para esses clientes do transporte público. Nós sempre falamos que não adianta habilitar a tecnologia se você não comunicar isso para as pessoas. Elas não podem adivinhar que agora dá para pagar de outras formas. Então, nós temos investido bastante a comunicação desse nosso meio de pagamento nas cidades que vão vão habilitando essa tecnologia.
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