A construção do novo normal na mobilidade das cidades
É tempo de mudar. Por meio de uma política simples, é possível causar impactos diretos e imediatos na vida das pessoas, na produtividade das empresas e na dinâmica das cidades
3 minutos, 4 segundos de leitura
24/08/2020
No meio corporativo, muito se tem falado sobre como vai ser o mundo pós-pandemia. Muitas previsões estão sendo feitas e, enquanto existe esforço enorme sendo dedicado a prever o futuro para reduzir as incertezas e os riscos, temos visto e vivido dinâmicas bastante diferentes daquelas com as quais estávamos acostumados e sentido seus impactos diretos.
Para surpresa de muitos, há também impactos positivos. Destaco alguns: as empresas foram forçadas a acelerar drasticamente sua transformação digital e entraram com tudo no home office, as pessoas – que antes eram obrigadas a ficar horas em deslocamentos (agora inúteis) – têm mais tempo disponível e a produtividade das empresas aumentou a ponto de passarem a considerar o teletrabalho melhor que o trabalho no escritório.
Tudo isso parece se apresentar agora como novidade, mas, na verdade, é uma conversa antiga. Diversos dos resultados das mudanças provocadas pelo isolamento já estavam sendo apontadas como necessárias na Agenda 2030 da ONU – um plano que estabelece 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), chancelado por todos os 193 países signatários da ONU e publicado em 2015.
Até 2030, serão movimentados US$ 12 trilhões
O Pacto Global, frente da ONU que mobiliza o setor privado e conta com 14.802 empresas signatárias, das quais 947 brasileiras, estima que US$ 12 trilhões (6,4 vezes o PIB do Brasil) serão movimentados em oportunidades de negócio relacionadas com os ODS até o ano de 2030, prazo para o atingimento das 169 metas.
Dentro da Agenda 2030, o tema que mais me chama atenção é o da mobilidade. Eu me dedico ao assunto há seis anos e me impressionei com o quanto a mobilidade corporativa foi diretamente impactada pela pandemia.
Segundo a pesquisa mais recente de Origem e Destino do Metrô (de 2017), 76% dos deslocamentos motorizados na região metropolitana de São Paulo aconteciam por causa do trabalho.
Embora as empresas sejam as grandes responsáveis pelo problema, de acordo com o Índice de Mobilidade Corporativa 2019, 50% das companhias da mesma região não ofereciam nenhuma política de teletrabalho, 25% possibilitavam apenas um dia da semana e apenas 6% ofereciam a possibilidade por até três ou mais dias.
A hora é agora
É por isso que se faz cada vez mais necessário trazer essa discussão à tona, uma vez que as empresas têm uma grande oportunidade nas mãos e não perceberam. Falam em sustentabilidade sem se dar conta de que, por meio da mobilidade corporativa, é possível transformar impacto negativo em positivo de maneira imediata, criando uma política eficiente e centrada nas pessoas.
A chegada da covid-19 trouxe a urgência de uma adaptação emergencial para as empresas. Agora, muitas delas trabalham com a perspectiva real de reduzir seus escritórios, mas ainda não planejam construir uma política de mobilidade corporativa eficiente. É tempo de mudar. Por meio de uma política simples, é possível causar impactos diretos e imediatos na vida das pessoas, na produtividade das empresas e na dinâmica das cidades.
Uma companhia que pensa a mobilidade dos colaboradores de forma estratégica produz mais, reduz custos, tem pessoas mais produtivas e felizes, se torna uma marca empregadora, aumenta a retenção e atração de talentos, melhora o clima organizacional, constrói saúde mental e reduz o impacto ambiental negativo.
Nós também estamos fazendo nosso planejamento para a volta pensando na mobilidade de nossos colaboradores. Para isso, desenvolvemos o Guia de Planejamento de Mobilidade para a Retomada para que empresas e parceiros vejam que o momento pede novas medidas quando o tema é mobilidade urbana. Não estamos falando de soluções mirabolantes, mas de ações práticas e simples.
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