Qual é o tempo máximo que alguém deve esperar no ponto de ônibus?
Estudos mostram a importância de aprimorar a experiência de espera de quem utiliza o transporte coletivo
3 minutos, 56 segundos de leitura
16/10/2020
Com a pandemia de covid-19, o transporte coletivo tem perdido adeptos em todo o mundo. No Brasil, representantes do setor chegaram a defender a criação de um Sistema Único de Mobilidade e, mais recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base de um projeto que prevê socorro a empresas de ônibus e metrô de todo o País.
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Mas é importante lembrar que, pouco antes da atual crise sanitária, o segmento já passava por um declínio, ainda que mais lento. Isso demonstrava uma necessidade de se reinventar o transporte coletivo, aprimorando ferramentas e estruturas capazes de torná-lo atrativo a ponto de concorrer com modais em ascensão, como serviços de carona compartilhada ou mesmo os veículos particulares. Melhorar os pontos de ônibus está certamente entre as demandas principais.
Segundo um estudo do Transportation Research Board (TRB), consultoria da área de transportes, um minuto passado no ponto de ônibus pode ser sentido como três minutos parado em um veículo individual. Não é difícil entender, portanto, a importância de aprimorar a experiência de espera do usuário.
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Outro levantamento corrobora com essa perspectiva: de acordo com a Pesquisa de Satisfação QualiÔnibus, que avalia a qualidade do transporte coletivo por ônibus a partir da percepção dos passageiros, os pontos são o primeiro contato das pessoas com esse sistema. Portanto, devem ser impecáveis. Afinal, a primeira impressão é a que fica, como bem menciona um artigo publicado pelo Instituto WRI Brasil.
O ponto de ônibus ideal
E por onde começar essa mudança? Como seria o ponto de ônibus perfeito? Segundo um documento elaborado pela Associação Nacional de Transporte dos Estados Unidos, em parceria com o movimento Global Designing Cities Initiative, lições aprendidas no mundo inteiro sobre o assunto podem apontar o caminho para o aprimoramento dessas estruturas.
O chamado Guia de Design Urbano, que leva em conta soluções implantadas em 72 cidades de 42 países, orienta que cinco minutos deve ser o tempo máximo que um passageiro deve esperar em um ponto de ônibus.
Dessa forma, a quantidade de veículos e os itinerários precisam ser pensados com extremo cuidado a fim de assegurar esse limite temporal. Além disso, é fundamental tornar essa experiência de espera a mais agradável possível.
Um dos fatores a serem levados em conta na hora de pensar um bom espaço de espera é a dimensão do lugar, que deve ser calculada com base no fluxo e na frequência de passageiros que circulam no local.
Outra orientação apontada no documento diz respeito à instalação de pontos de ônibus em calçadas. Quando a principal função delas é servir de abrigo a quem espera o coletivo, é interessante que não sejam focos de outros fluxos de pessoas.
A portaria central de um hospital, por exemplo, não deveria dividir espaço com um ponto de ônibus, pois dela sairiam grandes fluxos de pessoas, podendo, inclusive, gerar aglomerações — nada bem-vindas no período atual.
A boa sinalização também importa muito quando se fala em pontos de ônibus agradáveis e eficientes. Ainda segundo o Guia de Design Urbano, usar placas em cores fortes faz com que motoristas passem a estacionar menos nas proximidades da zona de espera dos passageiros.
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Orientações voltadas para o usuário também são fundamentais. É preciso que as pessoas possam se informar por meio de placas inseridas no espaço sobre quais são as linhas que passam ali e tenham acesso à maior quantidade possível de dados sobre os itinerários.
Além disso, a tarefa de aprimorar a experiência do usuário deve considerar os padrões climáticos de cada região. Em Dubai, nos Emirados Árabes, por exemplo, os pontos de ônibus são cabines fechadas e com ar-condicionado. Nada mais adequado para um local onde as temperaturas podem chegar a 40 graus Celsius e os moradores estão sujeitos a enfrentar tempestades de areia com bastante frequência.
Fonte: TRB, Agência Câmara de Notícias, NACTO, WRI Brasil.
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