Transporte público. 5 tendências que chamaram a atenção no maior evento do mundo, em Hamburgo
Maior fórum sobre o tema do mundo reuniu mais de 10 mil profissionais, representantes de mais de 100 países

Entre os dias 15 a 18 de junho foi realizado em Hamburgo, na Alemanha, o UITP Summit 2025, o encontro sobre transporte público mais importante do mundo. Com participação de mais de 10 mil profissionais do setor, representante de mais de 100 países, o encontro abrange inovações de todos os modais. E, principalmente, apresenta tendências que vão se tornar realidade em diversas cidades do mundo nos próximos anos.
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Para entender o que foi destaque nesse importante fórum — e o que eventualmente poderá ser aplicado no Brasil –, conversamos com Sérgio Avelleda, coordenador do núcleo de mobilidade urbana do Insper. Confira, a seguir, as principais tendências.
1. Mobilidade elétrica no transporte público
De acordo com Avelleda, o ônibus a combustão interna não foi sequer exposto na feira, demonstrando a preponderância dos veículos elétricos. “Todos os ônibus expostos eram movidos a bateria e havia um veículo alimentado por células de hidrogênio”, afirma.
Dessa forma, fica evidente o movimento de eletrificação do sistema. Para Avelleda, essa é uma das diferenças em relação ao Brasil. “Por aqui nós consideramos outras alternativas energéticas. Mas a perspectiva global é da eletrificação”, explica. Um bom exemplo está em Bogotá, na Colômbia, que conta com 1.486 veículos elétricos de acordo com a plataforma E-bus Radar.
2. Prioridade nas vias públicas
Na disputa por espaço nas cidades, o transporte público tem sido priorizado em diversos países. “Nós vimos muitos projetos de novos BRTs (Bus Rapid Transit, na sigla em inglês), que continuam sendo implantados no mundo e que reservam aos ônibus espaços exclusivos fora do trânsito”, diz Avelleda.
Os BRTs são sistemas de transporte público de alta capacidade, que operam em faixas exclusivas. Na opinião de Avelleda, o Brasil não tem avançado nesse sentido, salvo poucas exceções. “Uma delas é o Rio de Janeiro, que implementou os BRTs, que dão aos ônibus uma eficiência muito grande”, completa.
3. Bilhetagem inteligente no transporte público
Cartões de transporte público, pagos mensalmente, que permitem o acesso em todos os sistemas de transporte público de um país inteiro. “Isso já é realidade na Alemanha. Imagine você ter um único cartão e poder sair de São Paulo, pegar o ônibus, pegar o metrô, chegar no Rio de Janeiro, e se deslocar lá como quiser, de ônibus, metrô ou mesmo trens”, exemplifica.
Apenas os trens de alta velocidade não entram no sistema, mas os trens regionais, trens locais, metrôs e ônibus fazem parte dele. “Isso barateia o transporte público para o cidadão e aumenta muito o uso do transporte público nas cidades”, afirma.
4. Infraestrutura para BRTs
Implementação de projetos de infraestrutura para os ônibus, especificamente para BRTs, também foi um tema muito mencionado pelos participantes do encontro realizado em Hamburgo. O atributo principal desse modal é sua capacidade de oferecer velocidade e confiabilidade aos usuários. “Bogotá, na Colômbia, tem o que é considerado hoje o melhor corredor de ônibus da América Latina”, diz Avelleda.
“Várias sessões trataram do tema da implantação de BRTs, seus desafios e tecnologias. E é muito importante o Brasil mirar nisso porque é a oportunidade para a gente dar confiabilidade e atratividade para os ônibus”, acredita o coordenador do núcleo de mobilidade urbana do Insper.
5. Condução autônoma de ônibus
O aumento da autonomia dos ônibus também foi destaque do evento em Hamburgo. “Na Noruega já há uma garagem em que não há mais motoristas. Assim, quando o ônibus chega na garagem, ele é operado completamente de forma autônoma”, conta Avelleda.
De acordo com ele, esse já é um teste que prepara a frota, na garagem, para começar a operar de forma autônomia nas vias. “A vantagem desse modelo de funcionamento nas garagens é que o motorista não precisa fazer esse trabalho no pátio, que é uma quilometragem morta, e é liberado para trabalhar nas vias. Outro ponto é que as manobras autônomas são mais precisas e eficazes”, finaliza.
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