Por que os carros elétricos são mais caros no Brasil?
Impostos e mercado podem explicar as diferenças no valor

O aumento dos preços dos carros elétricos no Brasil nos últimos anos é incontestável. Um conjunto de fatores do ambiente econômico promoveu essa elevação.
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A alta carga de impostos, já conhecida do consumidor, é um dos fatores. Mas uma evolução tecnológica, com a oferta de sofisticados recursos eletrônicos e motores mais eficientes, também ocorreu. Esse custo, naturalmente, foi repassado ao consumidor.
A chegada dos carros elétricos contribuiu para deixar o ticket médio mais alto no mercado nacional, o que acentua a diferença entre países como Brasil e Estados Unidos (EUA).
Por aqui, o veículo movido a bateria ainda é importado. Com isso, carros elétricos pagam Imposto de Importação, hoje em 18% — alíquota que chegará a 35% em julho de 2026.
O efeito cascata continua com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de 7% a 25%, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), entre 12% e 18% e o Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins), de cerca de 9%.
Há ainda o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), com alíquota entre 2% e 4% sobre o valor do carro, a depender do Estado.
Os EUA trabalham com política fiscal que varia conforme a localidade. No caso do elétrico, o governo federal oferece um crédito de US$ 7.500 para incentivar a compra. No Brasil, apenas alguns Estados contemplam o consumidor com desconto no IPVA ou no ICMS.
Preço do Tesla Model 3
O tamanho do mercado é outro ponto que favorece a redução dos valores. No Brasil, as vendas de veículos eletrificados somaram pouco mais de 61 mil unidades em 2024 — cerca de 2,4% dos emplacamentos de automóveis e comerciais leves (2,48 milhões).
Já nos EUA, as entregas ultrapassaram 1,3 milhão de unidades. Ou seja: cerca de 10% do mercado local.
Com todas as variantes, a diferença de preço entre carros elétricos similares no Brasil e nos EUA fica entre 40% e 100%. Um exemplo de oferta encontrada nos dois países é o Tesla Model 3 na versão básica, que sai por US$ 40 mil no mercado americano (aproximadamente R$ 240 mil na conversão). Aqui, o mesmo modelo pode chegar a R$ 400 mil.
O cenário pode mudar em meio às incertezas provocadas pelo vaivém das tarifas criadas pelo atual governo de Donald Trump. O impacto não afeta somente o elétrico importado – exceto para modelos chineses, que têm regras distintas –, como também os fabricados no país, que dependem de componentes e peças vindas de fora, como baterias e sistemas eletrônicos.
Nos EUA, há uma lei de 1992 que exige informações como origem de peças e localização de montagem. Um levantamento da National Highway Traffic Safety Administration (Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário, em tradução livre) revelou que muitos dos carros elétricos produzidos em solo estadunidense têm menos de 10% de componentes domésticos. Resta saber se as autoridades vão mudar esse jogo.
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