Veja por que painéis solares ainda são desafios para carros elétricos
Placas fotovoltaicas aumentam o custo do automóvel e não conseguem recarregar totalmente a bateria
A instalação de painéis solares para a captação de energia destinada à recarga das baterias de carros elétricos já é cada vez mais comum em residências ou estabelecimentos. No entanto, será que é possível fazer a “ligação direta” com a adoção das placas nos próprios automóveis?
A solução pode se tornar viável com o tempo. Mas ainda não passa de projeto experimental. “Embora alguns testes tenham sido feitos em protótipos, a disseminação de painéis fotovoltaicos nos carros em escala comercial está distante”, diz Robson Cruz, professor da pós-graduação de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI).
Ele lembra que a tecnologia foi explorada, inicialmente, em competições como o World Solar Challenge, que estimula pesquisas em prol da funcionalidade dos módulos solares e sua integração em veículos projetados para máxima eficiência energética.
“Hoje, os painéis são aplicados de forma restrita, com foco principal em atender sistemas auxiliares, como climatização, iluminação e recarga de pequenos dispositivos. E não para impulsionar diretamente o sistema de tração elétrica”, explica.
Um exemplo é o Toyota Prius Plug-in Hybrid, que apresenta uma versão dotada de painel solar integrado ao teto. O sistema ajuda a completar a carga da bateria, ampliando sua autonomia em apenas seis quilômetros.
O custo adicional estimado em US$ 2 mil para a instalação das placas fotovoltaicas nos automóveis é um dos entraves do projeto. Isso ocorre porque, segundo Cruz, a tecnologia não seria capaz de reduzir significativamente a dependência de recargas em fontes externas.
Área de exposição
“É preciso considerar a relação custo-benefício”, destaca o professor. “Os módulos solares já evoluíram o bastante para a implantação em edificações. Porém, a área limitada dos automóveis restringe a capacidade de acumular muita energia.”
Dessa forma, as fabricantes buscam aprimorar os materiais, como células solares mais finas e flexíveis, além do sistema de armazenamento de energia, com o objetivo de, no futuro, empregar a tecnologia na propulsão elétrica veicular.
Em 2019, a Hyundai apresentou o Sonata Hybrid, equipado com painéis solares no teto para complementar a energia da bateria. De acordo com a companhia, 60% da carga poderia ser fornecida pelo dispositivo se ele fosse usado seis horas por dia.
“Existe uma equação a ser resolvida. Além do preço, o conjunto de placas aumenta o peso dos carros e não se sabe, ao certo, qual é a real eficácia do recurso”, diz Cruz.
Para trabalhar com o máximo de eficiência, as placas solares precisam de grande área de exposição, o que não acontece com a maioria dos automóveis disponíveis no mercado. Mesmo assim, a quantidade de energia gerada poderia contribuir para a autonomia necessária de um carro elétrico ao longo do dia.
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