Retrovisores que agora são câmeras, centrais multimídia cinematográficas, baterias com maior autonomia… A cada lançamento, os automóveis eletrificados trazem sistemas avançados que os tornam cada vez mais tecnológicos, seguros e interativos.
“O carro elétrico tem um papel de inovação industrial”, afirma Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). “Ele será o centro da tecnologia do futuro e vai substituir o telefone celular. Tudo estará dentro dele.” Maluf destaca que a maior parte do valor do veículo eletrificado é composta por eletrônica embarcada, e não mais por aço e metal. “A indústria automotiva brasileira ainda é baseada em aço, plástico e outros componentes. Lá fora, é diferente. É a tecnologia que dita o ritmo da produção”, revela.
O resultado são automóveis importados para o mercado brasileiro altamente equipados com sistemas que facilitam a vida do motorista. Confira, a seguir, sete tecnologias presentes em alguns modelos, a maioria vendida no País.
Uma das mais avançadas tecnologias de iluminação é a de faróis Full LED Digital Matrix, presentes no Audi e-tron Sportback. O conjunto inova com funções que permitem dividir a luz em pequenos pixels, oferecendo extrema precisão. Ao ligar e desligar o automóvel, os faróis projetam na parede ou no chão uma assinatura animada e personalizada, que contém a palavra “e-tron”.
Na estrada, os faróis destacam e se ajustam à largura da faixa e projetam pequenas setas no piso logo à frente do veículo, melhorando a referência do motorista. Uma das características do Digital Matrix é identificar a presença de pedestres na beira da via, jogando o foco de luz na área onde ele está para melhorar sua visibilidade em ambientes mais escuros.
Mais uma vantagem dos faróis é acompanhar os próximos metros da estrada, a fim de iluminá-los de forma antecipada e dinâmica, aumentando a segurança dos ocupantes do carro.
Outra tecnologia do modelo elétrico da Audi são os retrovisores externos virtuais, que substituem os tradicionais espelhos. O equipamento trabalha com câmeras, nas quais as imagens externas são processadas digitalmente e exibidas nos monitores internos laterais de 7 polegadas, com tecnologia Oled de 1.280 por 800 pixels.
Quando o motorista passa o dedo sobre a tela sensível ao toque, símbolos são ativados para mover a imagem e ajustar o ângulo desejado. Os retrovisores virtuais oferecem qualidade superior em várias situações, como reflexo direto da luz solar, nitidez para visão noturna e não embaçar em dias chuvosos. De quebra, esses dispositivos ajudam na eficiência aerodinâmica do carro, levando ao aumento de autonomia da bateria.
Nova tecnologia de controle de tração integral com dois motores elétricos, chamada de e-4orce, equipa o Nissan Ariya. Ela proporciona torque instantâneo para as quatro rodas, entregando uma potência mais equilibrada. “A tecnologia e-4orce de controle da tração integral com dois motores elétricos dá mais estabilidade e dirigibilidade precisa”, assinala Pedro Bentancourt. “Ela refina a performance nas curvas e em superfícies escorregadias. Como o torque é instantâneo, o carro vai subir até parede.”
O e-4orce nasceu com base no desenvolvimento da distribuição de torque Attesa E-TS, do esportivo Nissan GT-R, e do sistema 4×4 inteligente, do SUV Patrol. Os engenheiros da fabricante japonesa criaram a e-4orce para gerenciar especificamente a potência entregue pelo veículo elétrico e o desempenho nas frenagens.
A tecnologia minimiza a inclinação e a guinada do veículo, graças à frenagem regenerativa dos motores elétricos dianteiro e traseiro. Quando o carro acelera ou anda em pista esburacada, o controle do motor elétrico de altíssima precisão é otimizado para manter o conforto da condução, absorvendo os movimentos irregulares.
A Nissan inovou ao instalar, no Leaf, o conceito do e-Pedal. Na prática, o sistema é bem simples: basta o motorista tirar o pé do acelerador para que o carro comece a perder velocidade aos poucos até parar completamente, sem a necessidade de pisar no pedal do freio. Trata-se de um recurso muito útil quando o condutor observa, lá na frente, a lentidão do trânsito por causa de um semáforo vermelho, por exemplo.
Com o e-Pedal, o motorista consegue fazer até 90% das ações comuns durante uma condução. Ao enfrentar percursos mais longos ou trânsito congestionado, ele reduz consideravelmente a necessidade de acionar mais de um pedal.
“Além disso, a ação de tirar o pé do acelerador ajuda a regenerar a carga da bateria”, afirma Pedro Bentancourt, diretor de assuntos externos e relações governamentais da Nissan. Segundo o executivo, quem dirige o Leaf pela primeira vez não leva mais do que cinco minutos para se familiarizar com o funcionamento do e-Pedal. “Quando se acostuma, o motorista praticamente deixa de usar o freio”, garante.
Se o e-Pedal for insuficiente para uma parada repentina, entra em ação o sistema anticolisão, que opera por meio de radares e câmeras. Se o automóvel da frente diminuir a velocidade, o Leaf também reduzirá sozinho. Se o motorista der a seta e mudar de faixa, o carro da Nissan retomará a velocidade anterior instantaneamente, desde que não haja nenhum obstáculo adiante.
Se a tecnologia MBUX (Mercedes-Benz User Experience) já é uma evolução no tocante às centrais multimídia, o que dizer, então, do MBUX Hyperscreen? Destaque do recém-lançado Mercedes EQS, ele transporta o cinema para dentro do carro. A unidade é formada pela grande tela curvada de 141 centímetros de largura com iluminação Oled, que ocupa toda a extensão do painel, entre as colunas A do modelo.
Além do tamanho impressionante, a alta resolução e o design high-tech não passam despercebidos. Dotado de inteligência artificial com software capaz de guardar informações, o display se adapta completamente ao usuário, oferecendo sugestões personalizadas a funções de entretenimento e conforto e do funcionamento do veículo.
Esqueça dos comandos de voz e pesquisas em menus. No MBUX Hyperscreen, as aplicações mais importantes são feitas de maneira proativa, de acordo com a situação vivida pelo consumidor. O sistema conhece o cliente continuamente e disponibiliza uma oferta personalizada de entretenimento e operações, antes que ele precise clicar ou pesquisar em qualquer lugar. “O MBUX Hyperscreen é, a um só tempo, o cérebro e o sistema nervoso do carro”, define Sajjad Khan, diretor técnico da Mercedes-Benz AG.
O passageiro dianteiro tem seu próprio display, deixando as viagens mais agradáveis e divertidas. Mas as funções de entretenimento só entram em ação se atenderem à legislação de trânsito de cada país. Se o banco do passageiro não estiver ocupado, a tela torna-se uma peça digital meramente decorativa.
As mais de 20 funções – como programa de massagem ativa, alertas de aniversários e lista de sugestões – são entregues automaticamente com a ajuda da inteligência artificial. O usuário pode aceitar ou rejeitar qualquer sugestão com apenas um clique. Quer um exemplo? Se, no inverno, o motorista usa regularmente a função de massagem, o sistema memoriza esse comportamento e sugere automaticamente a função de conforto em baixas temperaturas.
Muito se fala que as futuras baterias dos veículos elétricos serão menores e com maior poder de armazenar energia. A Mercedes-Benz já trilha nesse caminho. O sistema de bateria de íon-lítio do EQS pode ser equipado de forma flexível com células em bolsa ou caixa rígida. Isso permite a execução de diferentes variações de alcance e desempenho, sendo possível obter autonomia de 770 quilômetros com a carga completa.
A nova geração de baterias com maior densidade energética tem 107,8 kWh, ou seja, 26% mais do que o Mercedes EQC 400 4Matic. O pacote de 10 ou 12 módulos é instalado com diferentes tipos de células, um grande passo em termos de sustentabilidade da química celular. O material ativo consiste em níquel, cobalto e manganês, em uma proporção que reduz a utilização de cobalto para menos de 10%.
A Mercedes também criou um sistema de segurança destinado à operação diária. Ele inclui o monitoramento contínuo de temperatura, tensão ou isolamento. Em caso de risco iminente, a bateria é automaticamente desligada.
O Pilot Assist, aliado ao controle de cruzeiro adaptativo (ACC), mantém a velocidade do carro e uma distância predefinida do veículo da frente, corrigindo a direção para deixá-lo sempre na faixa de rodagem. O sistema, que equipa o híbrido Volvo XC60, interage com o motorista, mas não a ponto de realizar manobras. Quando o ícone do volante aparece no painel, é porque o Pilot Assist está prestando assistência de direção. O símbolo cinza significa que a assistência foi interrompida.
O Pilot Assist não é capaz de interpretar todas as situações de trânsito e a função pode alternar entre inativa e ativa, sem aviso prévio. Caso o sistema detecte que o motorista não está com as mãos no volante, uma advertência soará e uma mensagem de texto será exibida no visor.