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Dados gerados por celulares são novos combustíveis da mobilidade

Por: Patrícia Rodrigues . 31/05/2023

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Dados gerados por celulares são novos combustíveis da mobilidade

Registros interpretam comportamento da população e promovem soluções para melhorar deslocamentos

4 minutos, 47 segundos de leitura

31/05/2023

Por: Patrícia Rodrigues

Ao passar pelas antenas de telefonia, usuários deixam registros de seus deslocamentos que, a qualquer tempo, fornecem informações para criar soluções em mobilidade. Foto: Getty Images

Mesmo que você não baixe nenhum aplicativo relacionado à mobilidade, seu smartphone é capaz de entender por onde você anda. Isso porque suas “pegadas” são coletadas passivamente pelas antenas das operadoras de telefonia móvel – ao realizar uma chamada, enviar uma mensagem de texto ou acessar a rede social.

“Isso acontece com base nos dados CDRs, os call detail records, registros gerados pela própria rede para garantir o controle e a qualidade do serviço”, explica Antonio Andrade, gerente de operações da Kido Dynamics, empresa suíça presente, desde 2019, no Brasil.

A plataforma, que utiliza tecnologias de big data e machine learning alavancadas pela ciência da física social, cobre todo o território nacional, com frequência diária, na base da empresa Claro, para ofertar soluções com base nesses comportamentos.

Esse será um dos temas a serem debatidos hoje, durante o Summit Mobilidade, que acontece neste dia 31 de maio das 9h às 18h.

“Estatisticamente, é possível observar a movimentação de uma a cada três pessoas e fazer uma extrapolação dessa amostra para chegar aos resultados instantâneos que representam a mobilidade de todo mundo, não importa o modelo do smartphone”, acrescenta. “São ‘pegadas’ ao passar pelas antenas, algo considerado ‘impossível’ há dez anos, garantindo uma amostra muito uniforme do Brasil inteiro.”

A grande vantagem da plataforma, além da homogeneidade e representatividade do conjunto analisado, é a rapidez com que esses dados podem substituir pesquisas de campo, entrevistas e formulários online para obter informações como origem-destino, por utilizarem uma amostra maior, serem mais baratos e bem mais precisos.

“Os terabytes de dados brutos do CDR devem ser ‘entendidos’, aplicando-se algoritmos para limpar, tratar e filtrar essa informação, gerando métricas específicas para o segmento de mobilidade urbana, de turismo, de transportes, entre outros”, detalha Andrade. “Não significa o fim das pesquisas de campo, que devem ser reduzidas ou mais focadas em questões qualitativas.”

Melhorias nos serviços

De acordo com o gerente, esses registros são úteis às consultorias de engenharia de tráfego que atendem os municípios e as diferentes entidades para compreender os gargalos e fazer reestruturações em seus sistemas.

“Eles ajudam a entender como melhorar os serviços e atender melhor os cidadãos, tornando os elementos mais democráticos e ainda mais escalonáveis para resolver problemas de mobilidade e de planejamento das cidades”, afirma Andrade.

As soluções ofertadas pela Kido já são utilizadas pelos setores rodoviário (por empresas que vão assumir trechos de concessões), aeroportuário (para dar ao governo um amplo panorama dessas movimentações e suas demandas aos possíveis concessionários durante o processo de leilão desses espaços), além de empresas de transporte, e em vários municípios. No âmbito do poder público, destacam-se os estudos de mobilidade urbana em Joinville (SC) e Maceió (AL), em parceria com empresas de consultoria em engenharia de tráfego, para entender quem não estava no ônibus, atrair mais usuários e baratear o transporte coletivo para modificar e melhorar essa oferta.

Os mesmos registros da telefonia também podem promover soluções para polos geradores de tráfego –parques, shoppings, condomínios, empreendimentos imobiliários –, isto é, locais que produzem viagens e geram impactos na mobilidade.

A plataforma pode funcionar por projetos pontuais (únicos, sem recorrência de análise), de acordo com a quantidade de zonas a serem analisadas e a quantidade de dias consultados, ou por assinatura, o que permite a frequência de atualização da informação diária.

Olhando o macro

É importante lembrar que esses relatórios (origem-destino, quilômetros percorridos, tempo de permanência etc.) não mostram o que um indivíduo faz – pois há a anonimização apropriada para cumprir com a mais recente Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) do Brasil. “O objetivo é conhecer a floresta, e não a árvore”, compara o gerente. “Apesar da representatividade e da assertividade estatística, não dá para identificar com exatidão a posição da pessoa, e não importa se ela entrou em uma loja, mas por quais antenas passou.”

Obviamente, as áreas mais urbanizadas possuem mais antenas fornecendo milhões de inputs para traçar diagnósticos se comparadas às áreas de rodovias e rurais, que não necessitam de tantos detalhes, a não ser para planos rodoviários.

Em outros casos, a plataforma pode indicar, por exemplo, quantas pessoas estão utilizando o sistema de saúde do município vizinho – o que demonstra a necessidade de ofertar equipamentos mais próximos delas –, como a população de uma cidade universitária aumenta durante período de aulas e, em outro lugar, dobra durante o verão. “Essa forma disruptiva de gerar conhecimento independentemente do Censo para que as cidades façam seus planejamentos, entendendo de forma mais rápida o comportamento da população e a gestão dos espaços públicos”, observa.

A mobilidade, de acordo com Andrade, é o principal produto da Kido, mas ele explica que é possível fazer a extrapolação dessa base para outras áreas, especialmente porque as operadoras detêm outras informações sobre o usuário, que podem, por exemplo, trazer aplicações para o turismo, propagandas ou diferentes projeções. A tecnologia 5G ainda não trouxe grandes impactos nesses dados, mas a granularidade deve ser cada vez maior, diminuindo os raios de presença e aumentando a resolução dessas “pegadas”.

Antonio Andrade: “Dados coletados ajudam a entender como aprimorar os serviços e atender melhor os cidadãos”. Foto: Divulgação KIDO

Para acompanhar o Summit Mobilidade 2023, acesse aqui.

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