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Automação dos carros já contribui para redução de acidentes

Por: Arthur Caldeira . 19/09/2022

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Automação dos carros já contribui para redução de acidentes

Cerca de 25% dos carros vendidos no País em 2021 tinham sistema de frenagem de emergência e 20%, detecção de faixa

3 minutos, 33 segundos de leitura

19/09/2022

Tecnologia atual auxilia sobre situações perigosas, mas o condutor ainda tem que ter as mãos ao volante. Foto: Divulgação/ Bosch

A automação plena de veículos ainda caminha lentamente no Brasil, mas novas tecnologias já contribuem para redução de acidentes. O engenheiro Michel Braghetto, mentor de Mobilidade Autônoma da Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE, na sigla em inglês), informou que 25% dos veículos vendidos no País em 2021 tinham sistema de frenagem de emergência e 20%, detecção de faixa.

De acordo com ele, a disseminação de tecnologias semiautônomas tem crescido ano a ano e colaborado para maiores investimentos das montadoras. Além do desafio da infraestrutura e da tecnologia em si, um impasse no setor ainda é a legislação no caso de acidentes com veículos autônomos. “Principalmente para veículos dos níveis três e quatro, a discussão sobre de quem é a responsabilidade ainda não está clara”, afirma Braghetto.

Segundo o ranking de automação criado pela SAE, que vai de zero a cinco (leia quadro ao lado), os veículos mais modernos à venda hoje em dia ainda se encontram nos níveis um e dois. “Isso significa que as tecnologias que existem atualmente podem auxiliar e alertar o condutor sobre situações perigosas, mas o condutor ainda tem que ter as mãos ao volante”, informa o engenheiro.

Ainda sem data para comercialização, fabricantes automotivas e empresas de tecnologia estão realizando testes com veículos autônomos nível quatro. “São carros que podem dirigir sozinhos, mas ainda em um percurso determinado e sob certas condições, não irrestritamente”, esclarece o especialista da SAE Brasil.

Como exemplo, ele cita os robô-táxis da Uber e da Waymo. “Eles até são capazes de desviar no caso de uma interdição na via, mas ainda vão apenas do ponto A ao ponto B”, acrescenta.

No nível 5, ou seja, na automação plena, os veículos poderão dirigir sozinhos de forma irrestrita. Essa, contudo, ainda é uma realidade distante e cheia de desafios, avalia Braghetto.

Redução de acidentes

Entre os benefícios da condução autônoma está a promessa de reduzir ou acabar com as fatalidades no trânsito. Além dos radares e câmeras, sistemas automatizados e veículos conectados deverão ser capazes de prever situações perigosas e tomar decisões para evitar um acidente. “Essa automação está caminhando mais lentamente do que a indústria previa. Um futuro com veículos autônomos e conectados só deve começar mesmo na próxima década”, prevê Braghetto.

De acordo com ele, ainda é preciso ampliar a conectividade e a Internet das Coisas (IoT), para permitir a comunicação entre veículos e “tudo ao redor”, chamada de V2X. “Quando isso for possível, aí o céu é o limite”, prevê o engenheiro da SAE Brasil.

Nesse cenário, a adoção do 5G é, apenas, o primeiro passo. A maior velocidade de conexão do 5G deve permitir que veículos autônomos troquem informações imediatamente entre si e com o ambiente de forma mais efetiva do que quando atuam apenas com câmeras e sensores, explica o professor do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luiz Bittencourt.

“Em cenários onde veículos precisam passar por cruzamentos que não permitem visibilidade total ou cenários onde pedestres estão encobertos por barreiras, a troca de dados imediata entre veículos permitirá uma identificação mais efetiva de riscos de acidentes”, exemplifica o professor da Unicamp. 

ENTENDA OS NÍVEIS DE AUTOMAÇÃO

Padrão criado pela Sociedade de Engenheiros Automotivos 

0 veículo 100% controlado por uma pessoa
1 sistema automatizado que ajuda o motorista em algumas situações
2 veículo pode dirigir sozinho em algumas situações, mas o motorista precisa monitorar o ambiente e realizar intervenções
3 sistema automatizado pode realizar parte da tarefa de direção, mas motorista
deve estar atento para atender a solicitações pontuais
4 sistema automatizado pode conduzir a tarefa de dirigir e monitorar o ambiente, e o motorista não precisa retomar o controle, mas opera apenas em determinados ambientes e sob certas condições
5 sistema automatizado pode realizar todas as tarefas de direção, sob todas as condições, sem que um motorista precise realizá-las

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