Elas “veem e sentem”
Com a adoção de radares, motos ganham tecnologias como controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão frontal e detecção de ponto cego, antes restrita aos carros
Se, nos automóveis, a direção autônoma é quase uma realidade, nas motocicletas, os sistemas de assistência ao condutor dificilmente criarão um veículo de duas rodas que “ande” sozinho. Afinal, as motos têm uma dinâmica diferente da dos carros e são mais do que meros meios de transporte, pois muitos são motociclistas por hobby ou prazer.
Entretanto, as tecnologias que permitem a condução automatizada em carros servem como base em novos pacotes de segurança para motocicletas, que incluem controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão frontal e detecção de ponto cego. São tecnologias que se utilizam de radares, capazes de fornecer informações sobre o ambiente circundante e podem evitar, assim, colisões com obstáculos ou outros veículos por meio de alertas ao piloto e controles eletrônicos avançados.
“A motocicleta do futuro deve ser capaz de ver e sentir”, diz Geoff Liersch, chefe da unidade de negócios de duas rodas da alemã Bosch, uma das maiores fabricantes desse tipo de tecnologia, em todo o mundo. Segundo pesquisa sobre acidentes da empresa, os sistemas de assistência baseados em radar podem evitar um em cada sete acidentes de motocicleta.
Como funcionam
Primeira moto do mundo equipada com o sistema, a nova Ducati Multistrada V4S, que começou a ser vendida, no Brasil, em março, por R$ 145.990, conta com dois radares e um completo pacote de assistência à condução, desenvolvido em parceria com a Bosch.
Cada radar tem dimensões compactas e pesa só 190 gramas. O frontal controla o funcionamento do ACC (adaptive cruise control, ou controle adaptativo de cruzeiro), que, por meio de frenagem e aceleração controladas eletronicamente, ajusta a distância de outros veículos ao trafegar entre 30 km/h e 160 km/h.
Apesar de ser derivado dos carros, o sistema foi adaptado à dinâmica de uma moto. Uma diferença está na limitação do sistema para acelerar e frear, garantindo, assim, que o piloto tenha o controle da moto em qualquer situação.
Já o radar traseiro é capaz de detectar veículos posicionados na área não visível diretamente pelo piloto ou através do espelho retrovisor. O sistema BSD (blind spot detection, ou detecção de ponto cego) sinaliza a aproximação de veículos em alta velocidade, por trás. De acordo com a Bosch, os assistentes eletrônicos estão sempre vigilantes e, em caso de emergência, respondem mais rapidamente do que as pessoas.
Outro modelo que chega ao mercado, agora, em maio, com a nova tecnologia é a Triumph Tiger 1200. Em suas versões topo de linha a moto aventureira da marca inglesa apresenta o sistema, criado em parceria com a Continental, que oferece dois recursos-chave de segurança.
A assistência de ponto cego usa um radar voltado para trás para avisar ao piloto quando outro veículo está em seu ponto cego. Outro recurso de última geração é a assistência de troca de faixa, que fornece um alerta mais forte caso o piloto indique uma troca de faixa e haja um veículo se aproximando.
“Ao contrário dos ocupantes de automóveis, a proteção passiva, como a oferecida pelos air bags, só é possível de forma muito limitada para os motociclistas. Por essa razão, a prevenção de acidentes é de imensa importância aos veículos de duas rodas”, diz Christian Pfeiffer, gerente de projetos para sistemas avançados de assistentes de condução da área de duas rodas da Continental. “Os sistemas que monitoram a área circundante representam o próximo grande passo para a segurança na estrada; com eles, chegamos mais perto de nossa Visão Zero de acidentes”, conclui o engenheiro.
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