Rodovias brasileiras recebem inteligência artificial para ganhar agilidade na fiscalização
Equipamento de monitoramento com IA é resultado de parceria entre Arteris e Programmers
O monitoramento das estradas e rodovias do Brasil sempre foi um trabalho em conjunto entre humanos e máquinas. Com o passar dos anos, o número de câmeras e radares a serem acompanhados pelos fiscais cresceu exponencialmente, tornando a atividade cada vez mais precisa, mas também difícil.
A Arteris, empresa especializada em gestão de rodovias, tem desenvolvido uma tecnologia com inteligência artificial para tornar esse processo mais ágil e eficiente. Em parceria com a Programmers, companhia de inovação e tecnologia, a empresa responsável pela gestão de 3,2 mil km de rodovias pelo Brasil, começou a implementar a IA em suas câmeras, inicialmente para a contagem de veículos nas estradas.
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“Ninguém tem a capacidade de olhar um número muito grande de câmeras o tempo todo, [então] podemos usar algum mecanismo tecnológico para que possa agilizar esse processo […] um simulador de olho humano”, comenta Luiz Ritzmann, CTO da Arteris, sobre o início do projeto.
Segundo Ritzmann, a ideia inicial era a de utilizar uma ferramenta tecnológica que pudesse monitorar todas essas câmeras por conta própria. Em 2022, então, as empresas se uniram para ‘ensinar’ à inteligência artificial como funciona o processo de fiscalização das rodovias com atividades simples, como identificar e contar o número de veículos.
O primeiro projeto de campo foi testado na Rodovia Régis Bittencourt, no trecho São Paulo – Curitiba. “Com esse primeiro passo, a gente viu a viabilidade de substituir equipamentos antigos das rodovias”, explica Ritzmann. Até então, a função era realizada pelo SAT, o sistema de análise de tráfego que utiliza sensores instalados nas estradas.
Aprendizado da inteligência artificial
Para a IA, diferente da tecnologia utilizada com o SAT, o tempo é seu maior aliado. Como explica Marcelo Mac Fadden, COO da Programmers, ao contrário do equipamento do SAT, “quanto mais se usa essa tecnologia [IA], mais você tem o ganho, […] você tem um algoritmo que com o tempo, vai aprender mais”.
O processo de aprendizado da inteligência artificial, baseado na repetição, se alimenta com a coleta de imagens e cenas em forma de dados. Sendo assim, quanto mais a tecnologia recebe informação de ocasiões de trânsito, mais qualificado fica seu julgamento e resposta aos acontecimentos.
Apesar das câmeras com inteligência artificial terem sido utilizadas inicialmente para a contagem de carros, as empresas pretendem ampliar o escopo de funções da tecnologia. “A IA vai aprendendo conforme o tempo passa, [então vimos a oportunidade de] usar ela pra detectar situações de risco, situações em que eu posso auxiliar o usuário da rodovia”, explica Ritzmann. Para a segunda fase do projeto, o treinamento da IA deverá possibilitar que ela identifique veículos em acostamentos.
De acordo com o contrato no Estado de São Paulo de concessão de rodovia, a empresa tem por obrigação prestar atendimento a qualquer motorista que esteja parado em um acostamento por até 10 minutos. A forma tradicional de fiscalização, utilizada ainda hoje na maioria das rodovias, acontece com veículos de inspeção. Fiscais transitam entre um ponto e outro da rodovia, monitorando o movimento dos motoristas, “o que é um processo ineficiente”, afirma o CTO da Arteris.
Eficiência e economia nas rodovias do Brasil
Segundo as empresas, o investimento em IA na fiscalização das estradas pode economizar até 80% em equipamento e pessoal. “O agente principal será a inteligência artificial”, afirma Ritzmann. Para ele, do ponto de vista de equipamento, o uso de IA barateia o processo de fiscalização porque é possível utilizar câmeras mais baratas, em comparação com todo o equipamento de câmeras, sensores, cabos, etc. do SAT, por exemplo. “O que eu preciso é uma boa imagem, apenas.”
“Então você tem um ganho significativo na redução do custo dos equipamentos da ponta e ainda é possível prescindir de equipamentos como o SAT e aquela inspeção que fica o tempo todo na rodovia, porque agora a IA faz esse papel do olho humano”, complementa.
Do ponto de vista da gestão de pessoas, a inteligência artificial permite uma melhor alocação dos agentes, para além do monitoramento das câmeras. Para Fadden, COO da Programmers, a IA é como um copiloto para o ser humano. “A partir do momento que a gente tem uma IA consumindo essas imagens e alertando para que o humano tome uma decisão sobre aquela ocorrência, você tem uma inteligência artificial assistindo o ser humano para que ele consiga tomar a decisão correta.”
Para os próximos meses, a parceria deve dar continuidade à instalação de IA nas rodovias do Brasil. Atualmente, de acordo com os executivos, as empresas estão identificando os pontos com mais acidentes e demanda pela tecnologia.
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