Indústria da mobilidade revela os próximos passos para um futuro mais eficiente

O rumos do transporte e da mobilidade foram debatidos em um encontro realizado em São Paulo. Foto: Getty Images

28/04/2022 - Tempo de leitura: 4 minutos, 57 segundos

O que esperar da mobilidade nos próximos anos? Quais os projetos já estão sendo desenvolvidos para promover uma real revolução no conceito de transporte como conhecemos hoje?

Essas e outras perguntas foram respondidas durante o evento WSN (What´s Next – tecnologia, inovação e tendências para o setor de mobilidade e transporte) que ocorreu na última quarta-feira, 27, em São Paulo.

Realizado por Mobilidade Estadão e Exponor, o encontro reuniu importantes players e conhecedores do ecossistema de mobilidade. Eles pontuaram justamente quais serão os próximos passos que essas empresas planejam dar em direção ao futuro.

De acordo com Leandro Lara, CEO da Exponor, é mais do que necessário mostrar à sociedade como a indústria da mobilidade está se organizando para incorporar em sua produção e em seus serviços as principais tendências. “As tecnologias para uma nova mobilidade estão mudando o jogo e as montadoras também têm papel importante nisso”, diz.

Consumidor dá o tom

Seja como for, a corrida por novos desenvolvimentos visa atender aos anseios de um novo consumidor que espera sempre por inovação.

Neste sentido, o grupo Stellantis, que reúne a Fiat Chrysler e o PSA Group, vem buscando soluções para uma nova realidade sustentável em curto, médio e longo prazo. Nas palavras do presidente da Stellantis para a América do Sul, Antonio Filosa, ditas durante o evento, “o Brasil e o mundo vivem o período mais rico em transformação da história e a sociedade traz uma demanda em digitalização e responsabilidade ambiental.”

Neste sentido, a empresa vai investir 30 bilhões de euros até 2025 em eletrificação e em soluções digitais. De acordo com Filosa, os planos para o Brasil estão voltados para o modo híbrido e a combinação com o etanol – uma riqueza do nosso país – que é renovável e limpo.

Com relação às novidades em produtos, a empresa deverá lançar 16 veículos no Brasil, sendo sete deles elétricos e híbridos. Também está no programa, o avanço da eletrificação em sinergia com o etanol, além de investimentos em direção autônoma, em conectividade e novos serviços.

Tecnologias para a mobilidade

Para Ricardo Bacellar, membro do Conselho Consultivo da SAE Brasil, Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade, o grande gatilho para a transformação nos próximos anos será a voz do consumidor.

“Qualquer passo dado sem ouvir o consumidor será um erro gigantesco”, diz. Em outras palavras, a conectividade e o conteúdo tornaram-se um grande valor para quem consome e a questão é: como aplicar isso na linha de negócio para servir melhor?

Breno Kamey, diretor da Ram, Doge e Chrysler na FCA Chrysler Automobiles, contou que começar um processo de transformação e entender o que o consumidor deseja faz total diferença. “Traz agilidade no desenvolvimento e isso surte efeitos no produto”, comenta

“Por causa disso, na nova fase de lançamento da Stellantis, começando com a Strada, fizemos a renovação de produtos com tecnologia embarcada sem precedentes. São mais de 100 mil carros conectados no Brasil com serviços inovadores e uma experiência mais inteligente”, conta.

O papel das locadoras

A Localiza, uma das maiores locadoras do Brasil, também entendeu que o avanço da mobilidade urbana consiste em ouvir o que o cliente precisa e acompanhar a mudança de comportamento das pessoas. O CEO da empresa, Bruno Lansky, conta que hoje o aluguel de veículos é feito de forma totalmente digital e que a empresa oferece carro por assinatura e possui um dos maiores programas de aluguel de veículos para motoristas de aplicativos, que contempla serviços sob medida para esse público.

“Por trás da criação dessas soluções há um time da Localiza observando as necessidades dos clientes para criar os melhores serviços de mobilidade e que realmente são capazes de inovar”, diz.

Os desafios da distribuição

A distribuição de produtos também é parte importante na nova mobilidade urbana e os desafios estão atrelados em como atender o cliente dentro do prazo e com qualidade. No caso da indústria automobilística, a corrida por uma gestão eficiente da cadeia de suprimentos tem sido desafiadora.

O vice-presidente de compras e cadeia de suprimentos da Stellantis, Juliano Almeida, conta que nestes dois últimos anos com a falta de matérias-primas, como o aço, e mais recentemente de semicondutores são fatores complicadores. Mesmo assim, o que tem amenizado é a gestão baseada em uma maior conexão com o cliente.

Contudo, não é apenas a indústria automobilística que enfrenta desafios para ganhar agilidade. Por causa do boom das compras online, a logística de entrega ganhou os holofotes. Neste sentido, o Mercado Livre, um dos maiores market places de compras online do País, tem investido muito no aprimoramento da sua logística.

Novos veículos

Segundo Michel Grooener, gerente de Cross Docking, para atender melhor e adquirir ainda mais velocidade em suas entregas em regiões mais afastadas, o Mercado Livre fechou parceria com a Gol com o objetivo de acelerar a distribuição.

Atualmente, em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, o Mercado Livre consegue fazer entregas com prazo de 24 horas. Mas, no Norte e no Nordeste, o prazo é mais longo.

Na visão de Rüdiger Leutz, gerente geral da Porsche Consulting, os próximos passos da logística no novo contexto de mobilidade consistem em adotar novas formas de entregas muito mais rápidas e eficientes. “A Amazon e a Uber, por exemplo, já estão pedindo para que as montadoras desenvolvam novos tipos de veículos”, diz. Assim, no futuro, os drones também deverão ser muito úteis na logística de entrega.