Locomotiva guiada com controle remoto: saiba como funciona 

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Locomotiva guiada com controle remoto: saiba como funciona 

Por: Isabel Lima . Há 19h

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Inovação

Locomotiva guiada com controle remoto: saiba como funciona 

Neste Dia do Ferroviário, o Mobilidade Estadão traz um caso de inovação que alterou a rotina dos manobradores de trens da MRS

3 minutos, 15 segundos de leitura

30/04/2025

locomotiva guiada com controle remoto
Aos 30 anos, João enxerga essa tecnologia como um desafio na sua carreira. Foto: MRS/Divulgação

Locomotiva guiada com controle remoto parece um sonho. Quem nunca imaginou conduzir um trem dessa forma? É comum a cena aparecer em filmes de crianças ricas, brincando em uma pista montada no meio da sala de estar. Embora pareça brincadeira, essa realidade já chegou no Brasil, com locomotivas reais guiadas com controle remoto. 

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O que antes era feito com rádios, criando comunicação entre o maquinista e o manobrador, agora é controlado por apenas uma pessoa. Para que isso ocorra, existe um controle remoto, que controla a velocidade, aciona os freios e as comunicações, como as buzinas, sinos e faróis. 

Apesar da inovação ainda surpreender, a MRS, operadora logística, já aplica essa tecnologia em 17 locomotivas de carga desde 2020. Até o fim do ano, outros três trens entram no sistema de controle remoto. De acordo com a operadora, são 11 terminais com a tecnologia, quatro em Minas Grais, quatro em São Paulo e três no Rio de Janeiro.

Como funciona a locomotiva guiada com controle remoto

As locomotivas são guiadas com controle remoto em pátios de manobra e formação de trens, nos terminais onde realiza operações, na entrega de carga, ou na movimentação de produtos. Até 2025, 60 funcionários da empresa passaram por capacitação para realizar a operação.

Entre as transformações possibilitadas pelos controles remotos, os maquinistas conseguem dedicar o tempo que seria de manobra para fazer outras funções. Já o manobrador assume essa responsabilidade, que acaba ficando mais prática. Conforme João Luiz Ferraz, manobrador em Pederneiras (SP) da MRS há sete anos, antes dos controles remotos haviam mais riscos relacionados a falhas de comunicação.

Para o manobrador realizar a atividade, ele precisava usar um rádio para pedir ao maquinista que acelere ou pare. Porém, o tempo perdido e a falta de precisão desse sistema acabaram. 

“Quando você está no controle remoto, nunca tem essa comunicação, é direto, então, você ganha tempo”, explica ele. Há apenas oito meses utilizando o controle remoto, João já entende as dificuldades e vantagens inerentes da nova função. 

No caso do terminal de Pederneiras, onde há recarga de celulose, o sinal permite apenar manobrar 10 vagões por vez. Apesar disso, a tecnologia em si não limite um número de vagões, mas a capacidade da locomotiva e o sinal naquela localização sim. Portanto, em outros locais, é possível fazer a manobra com uma distância de 1,6 km de composição ferroviária. João conta que essa dificuldade não impacta na velocidade do trabalho, já que a recarga de cada vagão leva de 40 min a 1 hora, mas é um aspecto que necessita uma abordagem própria. 

“Para mim foi um desafio. No caso, a minha função de manobrador ainda exerço. A única diferença é que eu acabo fazendo um pouco da parte que o maquinista iria fazer”, conta João. O cargo de operador de controle remoto foi recentemente criado pela empresa e inclui funções de manobrador e algumas atividades de maquinista de pátio.

Além disso, ele explica que existem vantagens de segurança, como, por exemplo, um dispositivo em bastão. “É como fosse uma barra do lado da linha e na locomotiva tem um dispositivo que se bater nele, a máquina para”, diz o manobrador. “Ela então, se de repente eu errar a contagem de vagões, ela pode passar de um lugar e bater em uma composição que está na outra linha”, complementa. 

Aliás, esse dispositivo, que funciona como um disjuntor, só pôde ser implementado após os controles remotos. 

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