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Mobilidade elétrica e revisão das cidades

Por: Glaucia Savin, advogada ambiental e associada da Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Inovadores (Abravei) . 01/09/2021

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Inovação

Mobilidade elétrica e revisão das cidades

Em São Paulo, o Plano Diretor deve se integrar ao Plano de Mobilidade Urbana

As cidades precisam se adaptar às mudanças trazidas pelas novas formas de mobilidade. Foto: Pexels

“Como proprietária de carros elétricos desde 2017, venho acompanhando de perto a tímida evolução da infraestrutura nas nossas cidades e nas rodovias. Todas as iniciativas partem de associações organizadas pelos proprietários de veículos elétricos, entre as quais se destaca a Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Inovadores (Abravei), entre outras empresas que integram o ecossistema.

Dessa maneira, os pontos de recarga vão sendo instalados de forma casual, dependendo, sempre, da boa vontade de proprietários e gestores de estabelecimentos comerciais e condomínios. Os pontos são divulgados por aplicativos, mas, obviamente, sua distribuição passa longe de qualquer planejamento estruturado.

O Poder Público, alheio à transformação que, silenciosamente, se espalha pela cidade, não tem qualquer diretriz em relação à rede de recargas.

As maiores montadoras do mundo estão assumindo compromissos em relação à paralisação ou, ao menos, redução drástica de produção de modelos a combustão. Isso implica uma mudança significativa na dinâmica de mobilidade nos grandes centros urbanos e as cidades precisam se preparar para atender a esse novo modal, reorganizando a sua infraestrutura.

Outro ponto fundamental, considerando a dinâmica dos deslocamentos urbanos, é a adoção de modelos elétricos para o transporte público. Os veículos elétricos não devem ser vistos como um luxo, apenas para entusiastas que podem arcar com seus custos, sempre mais elevados.

Na cidade de São Paulo, os ônibus correspondem a, aproximadamente, 5% da frota, mas são responsáveis por cerca de 50% do material particulado emitido na atmosfera. Não há dúvida de que o transporte coletivo é, hoje, um dos maiores ofensores em relação à qualidade do ar nas cidades.

Quando falamos em material particulado, as partículas inaláveis finas (PM 2,5) e as nanopartículas são capazes de complicar os quadros de hipertensão, doenças cardíacas, problemas respiratórios e diabetes, além de enfraquecerem o sistema imunológico e aumentarem a inflamação nos pulmões e no trato respiratório, ampliando, inclusive, o risco de contrair covid-19.

Organismo vivo

No cenário pós-pandemia, não podemos esquecer as dificuldades enfrentadas por todos aqueles que dependem do transporte coletivo para seu deslocamento e que, muitas vezes, passam mais de duas horas no trânsito.

Recente estudo internacional, desenvolvido no âmbito do Projeto Clean Air Engineering for Cities, analisou as emissões atmosféricas em dez cidades, incluindo São Paulo, e concluiu que, em locais de alta concentração de poluição, apenas oito minutos de exposição são suficientes para submeter motoristas e passageiros de carros a doses significativas de partículas inaláveis finas.

Neste momento, a cidade de São Paulo está promovendo a revisão do Plano Diretor e é fundamental a sua integração com o Plano de Mobilidade Urbana. A cidade é um organismo vivo e não faz sentido planejar os próximos cinco anos alheios à compreensão de que outros modais menos poluentes deverão se impor no cenário pós-pandemia.

O Plano Diretor, como instrumento fundamental de ordenação urbana, deve promover a todo cidadão o direito de moradia, saneamento básico, infraestrutura urbana e transporte. A discussão sobre a mudança no modal do transporte urbano deve ser priorizada para que as cidades sejam capazes de reduzir a poluição do ar e, consequentemente, proporcionar melhor qualidade de vida para a população.”

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