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Mobilidade urbana deveria ser pauta essencial dos planos de governo

Por: . 07/11/2022

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Mobilidade urbana deveria ser pauta essencial dos planos de governo

Novidades no transporte público de grandes cidades mostram que é necessário soluções personalizadas para melhorar o serviço e avançar na descarbonização

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07/11/2022

Em Curitiba, ônibus elétricos começaram a ser testados em se­tembro. Bogotá serviu de exemplo para o modelo de negócio. Foto: Divulgação Prefeitura de Curitiba

“O transporte viabiliza o acesso a outros direitos básicos constitucionais como saúde, educação, cultura e trabalho. Por isso as estratégias de mobilidade urbana deveriam ser priorizadas durante a construção dos planos de governo. Em todo o mundo, já vimos que insatisfações com os transportes podem desencadear expressivas manifestações populares.

Uma série de estudos, acordos e testes precisam ser feitos antes que uma cidade possa lançar uma novidade no seu sistema de transporte. Em Salvador, a prefeitura inaugurou em setembro o serviço de BRT (Bus Rapid Transit), de corredores exclusivos para ônibus, ainda em fase de testes.

A intenção é ter 30% da frota composta por veículos 100% elétricos, visando cumprir as metas municipais progressivas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Nos centros urbanos, o setor de transportes é responsável por quase 70% das emissões. 


Desmistificação da eletromobilidade

Testes ocorridos em 2019 e em 2021 ajudaram a desmistificar boatos, como o de que os ônibus elétricos não seriam capazes de subir as ladeiras da capital baiana. E agora a população pode experimentar na prática as vantagens como ausência de ruídos, fumaça e odor.

Em Curitiba, os testes com ônibus elétricos iniciaram em setembro com o objetivo de gerar o conhecimento entre a população sobre esta tecnologia. Além de atrair diferentes marcas de montadoras para ampliar o poder de escolha na compra de 150 novos ônibus à bateria, em substituição de 10% da frota total até 2024. 

Em paralelo, a prefeitura da capital paranaense construiu uma rede de cooperação técnica, captou investimentos para a realização de estudos, e pesquisa qual modelo de negócio deverá seguir. Um dos exemplos analisados é o de Bogotá, que tem uma das maiores frotas elétricas do mundo.

A capital da Colômbia diluiu em duas licitações diferentes os custos de aquisição dos veículos e os de operação da frota. Assim, o investimento inicial necessário em cada contrato foi menor, ampliando o acesso a linhas de financiamento, e atraindo empresas de diferentes setores, como energia e infraestrutura. 

Boas práticas da vizinhança

Seguindo um modelo semelhante, a prefeitura do Rio de Janeiro está reestruturando o sistema de BRT da cidade, prevendo licitações separadas entre aquisição de frota, operação do sistema e gestão de bilhetagem. E também trabalha para que até 2024, 40 ônibus elétricos passem a circular numa região central que pretende ser transformada em Distrito de Baixa Emissão. Novos modelos de licitação podem ser uma oportunidade para aumentar a transparência sobre a gestão dos negócios em transporte, e assim conferir mais credibilidade ao serviço. 

Em Campinas, a prefeitura organizou 11 audiências públicas em todas as regiões da cidade, pela manhã e à noite, em dias de semana e aos sábados, para ouvir diferentes perfis da população. A minuta da licitação de novos 256 ônibus à bateria está passando também por 90 dias de consulta pública. Por mais que estudos técnicos sejam realizados à exaustão, é quem realmente usa o transporte quem mais sabe o que precisa melhorar. 
Novas regulamentações são talvez a ferramenta mais eficaz para acelerar mudanças. Em São Paulo, a prefeitura anunciou em outubro que as 24 operadoras que detêm as 32 concessões iniciadas há 3 anos não poderão mais adquirir ônibus com motores poluentes. A eletrificação foi a resposta mais apresentada pelos operadores para substituir 20% da frota por veículos não poluentes, de quase 14.000 ônibus circulando na maior cidade da América Latina. 

O desafio agora é atrair investimentos e financiadores para estruturar o ecossistema em torno dos ônibus elétricos. Desenvolver e ampliar a quantidade de fabricantes locais de veículos e seus componentes, como baterias e semicondutores, formar especialistas na manutenção eletrônica, treinar motoristas e construir a infraestrutura de recarga. As evidências mostram que tais investimentos serão recuperados futuramente, com o custo de operação mais baixo dos elétricos. Mas o principal retorno será na saúde pública, com milhões de mortes, doenças e tragédias climáticas evitadas”.

Saiba mais sobre políticas e desenvolvimento de infraestrutura para a mobilidade elétrica no canal Planeta Elétrico.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão

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